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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Frustrações e expectativas


Segunda semana do ano terminou e ainda não se ouviu ou assistiu nenhum evento carnavalesco oficial de peso na cidade. Mas dias atrás, e é justo que se diga, a Secretaria Municipal de Cultura começou a chamar, para cadastro, interessados em participar dos eventos carnavalescos. À essa altura das movimentações momescas que já se acham agendadas em São Luís, por exemplo, e que largam na frente neste fim de semana, é incrível que Caxias, uma comunidade cuja gestão priorizou o interesse de ingressar no portfólio de eventos turísticos do Maranhão, fórmula encontrada para tentar driblar a falta de investimentos capazes de fortalecer a economia do município e gerar empregos diretos e indiretos à sua população, ainda não tenha nada nesse sentido.

O turismo, inegavelmente, é a pérola da vez na área dos investimentos mais seguros da economia. Outros estados nordestinos começaram a trabalhar no setor há décadas e agora ostentam posições de destaque no cenário nacional. Nosso Maranhão só há pouco tempo resolveu entrar no jogo, em que pese possuir um ambiente invejável na área, principalmente patrimônio histórico, gastronomia, litoral espetacular, a Chapadas das Mesas e uma dádiva dos céus, que são os lençóis maranhenses. 

Ninguém entende porque nossas autoridades e empresários demoraram tanto a entrar no vultoso negócio. Aqui em Caxias, mais ainda, dada a riqueza as águas puras e cristalinas que brotam no interior do município e que são ainda muito pouco exploradas. Sem outras opções para gerar emprego e renda à população, a lógica é investir e realçar o que se tem a fim de que sejam carreados mais recursos para a cidade.

Agora que já entramos em período de pré-carnaval, o maior atrativo é valorizar o Balneário Veneza, que emerge como a maior opção para o lazer de nossos comunitários e visitantes. Mas a cidade desfruta também de outros locais aprazíveis, como a Piscina do Ponte, repaginada em moderno complexo de passeios, fisiculturismo e banhos pelo governo estadual, a cerca de três quilômetros do centro, no bairro do mesmo nome, sem falar em inúmeros riachos que cortam povoados de fácil acesso por boas estradas vicinais.

Veneza, em que pese sua estrutura merecer mais cuidados, ainda é o local de maior preferência popular. A Piscina do Ponte, porém, sofre do mesmo estigma que se assenhorou do rio Sena, lá em Paris, na França, onde, pressionada por decreto, a população não se banha nele desde 1923, em razão da forte poluição presente no principal curso que corta a maior cidade dos franceses. Devido à poluição sempre presente nas margens do Sena, o povo de lá simplesmente tem medo de se banhar naquelas águas que agora estão a merecer todo tipo de assistência do poder público, tendo em vista que será palco de provas náuticas nas Olimpíadas de 2024, evento que transcorrerá entre 24 de julho e 11 de agosto. 

Estamos dormindo em não recuperarmos urgentemente o riacho do Ponte, e a maior prova é que a grande piscina está sempre cheia de água, mas não se vê ninguém banhando nela, com medo de adoecer. Representação política no Congresso Nacional serve é para equacionar e resolver essas pendências importantes para a economia da cidade, como também incrementar o Banho do Tintô, que é o local com as águas mais puras que procedem do santuário ecológico do Inhamum, a maior área de preservação ambiental do município. 

Por outro lado, à exceção de um ou outro empresário que teve a coragem de organizar eventos de réveillon na passagem do ano, nossa Caxias não sabe mais que a virada do ano é o momento em que sempre começava o carnaval propriamente dito por aqui. Pelo menos era assim quando os clubes sociais funcionavam a pleno vapor, oferecendo o primeiro grito de carnaval, que era reverberado nos fins de semana seguintes até aos dias da folia de Momo. Hoje a virada do ano é comemorada apenas com fogos de artifício de eventos particulares, aqueles em que familiares e grupos de amigos se reúnem para confraternização no momento.

Assim, o show da virada do ano, na Praça do Phanteon, não conseguiu reunir o contingente de pessoas aguardado pela administração da cidade. Faltou mais badalação, uma atração realmente de peso e até parece que o povo hoje tem medo de estar à noite no centro histórico. Talvez por constatar que falta segurança no local.

A cidade, portanto, precisa urgentemente de um outro local para a realização de grandes eventos. O Parque da Cidade, situado à margem do Itapecuru, que antes concentrava as micaretas que fizeram muito sucesso no Maranhão, hoje é uma área subutilizada por atividades que não contemplam mais o lazer das pessoas. Nem uma praça de esportes, de fato e de direito, é. 

Então, imediatamente, uma boa opção seria explorar o potencial dos mananciais hídricos do município, dotando-os de infraestrutura conveniente e ao gosto de quem aprecia um bom lazer, festas ou quer participar daquele acontecimento inesquecível para contar estória. Afinal, são essas coisas que trazem dinheiro para a comunidade, como fortalecer mais a festa da derrubada do mastro de São Sebastião, que ocorreu nesse domingo (14), uma tradição caxiense de cerca de 142 anos.

Por outro lado, pelo menos do ângulo político, Caxias está vivenciando uma importante mudança, oferecendo a seus comunitários um quadro que não é muito comum nesse contexto de atividade, que é o fato do presidente da Câmara Municipal estar na interinidade dirigindo a gestão do município, em função do prefeito Fábio Gentil (PRB) ter viajado para merecidas férias pelo prazo de 15 dias, a partir da sexta-feira que passou. O fato demonstra que o poder executivo está muito bem afinado com o legislativo e que há inconteste alinhamento entre os dois, coisa que não é muito frequente na seara política local.

Ao longo da semana o vereador Ricardo Rodrigues (PT), prefeito interino, ocupou o noticiário para dar mostras do que estará fazendo nesse espaço de 15 dias à frente do executivo, priorizando a realização de obras infraestruturais, setor que vinha carecendo de maior atenção nos últimos tempos. Enquanto isso, na CMC, o primeiro vice-presidente, vereador Mário Assunção (PRB), está na principal poltrona do legislativo, o que demonstra que os poderes constituídos da cidade estão trabalhando harmoniosamente. Com a renúncia do vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PL), ora na Câmara dos Deputados, os vereadores caxienses estão dominando a política, já que de seus quadros está aí o prefeito Fábio Gentil e, agora, o prefeito interino Ricardo Rodrigues.

Ao sair de férias e deixar Ricardo Rodrigues no comando da prefeitura, Fábio Gentil mostrou também que está confiante no seu grupo político, o qual, por sinal, aglutina a grande maioria dos vereadores e vereadoras caxienses da atualidade. Em vista disso, já há quem vaticine que a grande aliança em torno da próxima sucessão municipal ficará mesmo restrita ao próprio grupo político de Fábio Gentil, a despeito de acordos anteriormente firmados. 

Assim, por hora, sem nada de novo na arregimentação de opositores, a desenvoltura dos agentes envolvidos na interinidade é que determinará o verdadeiro rumo a ser tomado. Até onde se sabe, o presidente da CMC tem dito que não tem interesse em renovar o seu mandato, mas de compor a chapa sucessória a ser indicada pelo grupo de FG, uma vez que acredita que, por pertencer ao PT, partido que comanda a nação, é ele que tem todas as condições de melhor contribuir para o desenvolvimento de Caxias.


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