O ano de 2023 terminou, sob o domínio desse fenômeno atípico el niño, bagunçando o clima no planeta com elevação da temperatura nos mais diferentes lugares. Aqui em Caxias, quando já deveríamos ter o inicio da estação chuvosa, o que sucede é um clima incompreensível, no qual predominam pouquíssimas e rarefeitas chuvas sob a inclemência de sol causticante, com produção de calor sufocante, praticamente todos os dias. Se antes o normal por aqui era temperatura máxima na casa de 37 graus, agora a sensação que se tem é que estamos vivendo sempre acima de 40 graus, o que não deixa de ser um tormento a todos os seres viventes na região, provocando certa indolência nas pessoas e fazendo os animais procurarem poças d’água para se refrescarem, a fim de suportarem mais um dia. Agora, por exemplo, estamos às 8 da manhã, mas já temos 28 graus nos termômetros.
Ninguém sabe ao certo o que essa bagunça climática irá provocar no leste maranhense. Porém, ninguém duvida que tal anormalidade climática trará malefícios para a agricultura, tanto para os setores da agricultura familiar, que produz verduras e grãos para a subsistência, quanto para o agronegócio fundamentado na produção de milho e de soja em larga escala. Então, 2024 começa sob esse monstro ameaçador que, com toda certeza, se refletirá na maneira como as pessoas irão se comportar no período, até porque será ano de eleição municipal e de novas escolhas das representações na administração da cidade e no poder legislativo.
Na bancada da Câmara de Vereadores certamente haverá mudanças, até porque a vereança, com algumas exceções na legislatura, pouco fez em matéria de fiscalizar as ações do executivo. Prova disso é que a cidade continua sem saneamento básico decente e também sem aterro sanitário, para equacionar a problemática do lixo doméstico que é recolhido das ruas e das residências, pelos menos três vezes por semana; isso sem falar na buraqueira que está estabelecida na grande maioria das vias da cidade, coisa que foi sendo empurrada com a barriga ao longo dos último anos, e que agora irá demandar a aplicação de recursos que talvez o município não disponha, muito menos o governo estadual, este também preocupado com o controle de suas contas, ao ponto de os maranhenses já estarem sendo convocados a pagar tributos em cotação mais elevada do que a que se estabeleceu no decorrer de 2023.
A partir desses fatores negativos, é natural que pensemos que 2024 não só será um ano mais quente em matéria de clima, mas também um período repleto de inconformismo com a situação, no qual o eleitorado tem que ser conquistado, mesmo porque todo mundo sabe que bem poucos estão se dando muito bem na economia da cidade, enquanto a grande maioria contempla com os olhos o barco abarrotado de riquezas que passa diante de suas vistas. Sem maiores perspectivas de pleno emprego, porque Caxias não acolheu investimentos de peso nesse sentido, os eleitores certamente passarão a se perguntar porque se tornaram meros expectadores dos circos que são montados somente para agradá-los, numa demonstração inequívoca de ludibriamento.
Sim, na Roma antiga os imperadores se sustentavam distribuindo pão e circo. Aqui, em Caxias, contempla-se somente o picadeiro onde se apresentam atrações cuidadosamente preparadas, inclusive com toques de religiosidade, para domar melhor os ânimos estremecidos dentro dos lares. E, coadjuvando tais apresentações, a entrega de obras de fachada que marcam a presença do governante, mas nada significam para a vida das pessoas comuns, que apenas prefeririam estar melhor aparelhadas economicamente, contar com bom serviço de saúde e dispor de escolas públicas melhor estruturadas para atrair e manter sob regime estreito a evasão escolar que vem destruindo gerações de jovens caxienses.
Outra questão que será também preponderante no período eleitoral do próximo ano é a segurança pública. Alguns vereadores bem que tentaram provocar o assunto, através de audiências públicas no legislativo. Houve até a convocação de autoridades estaduais, para esclarecimento, dado que a situação está afeta ao governo estadual. No entanto, para o cidadão, a cidadã, que visita a cidade, a impressão percebida é a de que o caxiense vive numa terra sem lei, tamanhos os desatinos e crimes de morte que acontecem por todos os lados e, no trânsito, então, é um verdadeiro exercício de incivilidade, a mesclar ignorância e brutalidade entre os condutores de veículos, simplesmente porque ninguém respeita nada. A falta de educação é a carteira de identidade.
A incógnita, portanto, é saber se a cidade já atingiu o seu mais alto grau de ruindade, a despeito de seus zelosos historiadores a apresentarem sempre como um lugar de excepcional destaque no interior maranhense, berço de tradições seculares e de vultos grandiosos nas letras e na política. Nesta semana, por exemplo, a rede Globo de televisão fez adentrar nos lares seguidas edições do programa The Voice Brasil, nas quais cantores e cantoras anônimas fizeram apresentações do mais alto gosto musical, para deleite dos expectadores. Aqui, no entanto, ao sintonizar qualquer uma das emissoras de rádio disponíveis no dial, a audição será de peças musicais de um mal gosto que desmerece a história da cidade. Cultiva-se o vulgar e o ruim, e isso é péssimo hoje para uma comunidade que sempre fez questão de prezar a boa cultura como estilo de vida. Não obstante, estão de volta as serenatas como antigamente. Que seus idealizadores façam escola, disseminando amor, romantismo, cultura e bom gosto às gerações mais jovens.
Diante de tais reflexões, resta aguardar como será descortinado o cenário político local em 2024. Agentes políticos de situação e de oposição já estão escalados para a grande contenda, e aquele que tiver melhor convencimento e demonstre amor pela cidade certamente será bonificado pelos eleitores. Enfim, renovação ou continuísmo são as duas equações que permearão os humores caxienses neste novo ano. Que venha 2024, porque será um ano decisivo! Feliz Ano Novo e mais prosperidade e bençãos à família caxiense!
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