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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Cassino Caxiense


Entramos no último mês do ano com Caxias produzindo, como sempre, fatos novos na sua infértil vida política. Infértil porque na cidade impera um modelo político atrasado pautado no populismo de resultados, no qual a população, como se fosse um grupo de crianças, é enganada por encenações circenses que pretendem esconder os reais problemas da cidade, que são vistos a partir do momento em que o cidadão, a cidadã, abre a porta de casa e olha para o bairro e a rua onde mora. No entanto, no correr da semana uma palavra muito sugestiva tomou conta das redes sociais, colocando em destaque mais uma faceta da atual política caxiense. A expressão, que ocupou espaços em pod casts, smartphones, tablets e computadores, foi a palavra blefe, que no dicionário está ligada à ludologia, isto é, jogo de cartas marcadas nos cantos, visando iludir os parceiros para que desistam, consolidando um ardil sutil previamente preparado por habilidoso jogador.

Isso mesmo, amigo, amiga, Caxias, no momento, mais se parece com uma Las Vegas, Atlantic City, Mônaco, ou Punta del Leste, que são locais afamados pela prática dos jogos de azar, embora aqui os tabuleiros não concentrem cartas de baralho, sobretudo para o jogo de poker, o mais famoso, que se baseia em um jogo de combinação de cinco cartas com valores diferentes. Nesse jogo, as apostas em dinheiro e outros bens deixam as partidas mais emocionantes e vence o jogador com mais sorte, mais estratégia ou que saiba blefar melhor, ou seja, fingir que tem um jogo que não possui. Além de possuir muito cacife à sua disposição, o corajoso jogador precisa ter também muito sangue frio diante de seus adversários.

Assim, no grande cassino político em que Caxias está presentemente transformada, que nada tem a ver com o tradicional clube familiar que foi demolido para dar lugar a um precário estacionamento de veículos em área nobre do centro da cidade, parece que a sua população está sendo convidada a assistir um espetacular jogo de poker realizado à vista de todos, contrariando o que normalmente acontece, uma vez que esse jogo preferencialmente ocorre em locais seletos e com pouca assistência. À mesa, o jogador mais cacifado, o secretário municipal de Infraestrutura Gentil Neto, vem recebendo boas cartas das mãos do croupier do cassino, pessoa que dirige a mesa de jogo, que, no caso, é o seu tio, o prefeito Fábio Gentil (PRB).

À essa altura da contenda, que podemos chamar de preliminares do jogo principal cujo propósito é reunir somente dois adversários, de um lado, preferencialmente Gentil Neto, e do outro, um nome capaz de com ele digladiar, possivelmente um quadro de oposição à atual gestão municipal que ainda não está definido, assiste-se, entretanto, à chegada de outros jogadores se abancando à mesa, tentando também saírem vitoriosos do grande prêmio, o qual, sem dúvidas, é a conquista da maior cadeira da Prefeitura Municipal de Caxias, a ser sacramentada em outubro do próximo ano.

O croupier, obviamente, não esconde a sua preferência para vencer a grande mão do poker. Não obstante, precisa ficar atento à movimentação de certos jogadores que já estão à mesa do baralho, pois é óbvio que tem gente que está ali para ver se sai ganhando alguma coisa, ainda que não seja possível disputar o prêmio maior. 

Assim, já estão sentados a secretária de Gabinete da Prefeitura Lycia Waquim (Agora é Ela - PSDB), que se apresentada cacifada, segundo dizem, pelo governador Carlos Brandão (PSB); o secretário de Limpeza Pública da Prefeitura Fause Simão Júnior, popularíssimo membro de família política tradicional e experiente no mundo das cartas de baralho; o empresário Ironaldo Alencar, assistido por nada menos do que o prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho (PSD), ele mesmo um grande jogador que só entra em jogo muito bem lastreado de fichas; com poucas fichas, mas disposto e contando com a sorte, também o vereador Daniel Barros (Fiscal do Povo – PDT); e agora, surpreendentemente, o presidente da Câmara Municipal de Caxias, Ricardo Rodrigues (PT), que se abancou na intenção de ser o grande vencedor da partida do próximo ano, pois conta com o apoio do vice-governador Felipe Camarão (PT) e, dizem, com a benção da direção do próprio PT, ora encastelado com o presidente Lula no comando do país, em Brasília, o que não deixa de ser um peso para lá de formidável.

Contudo, ao contrário do que normalmente acontece em um jogo de poker, no qual um jogador pode até ganhar com um blefe, a grande mesa de jogo da política caxiense será definida, não pelos litigantes, mas pela plateia que assiste à confrontação pública. É ela que, assistindo ao jogo, escolherá quem terá condições de bem representar uma cidade que, mesmo sendo uma das mais exponenciais urbes do interior maranhense, berço de cultura e história, homens de letras e da política, apresenta-se carente de investimentos que possam oferecer dividendos reais à sua população, notadamente aos jovens que estão saindo da cidade, não para estudar fora, como acontecia antigamente, mas para procurarem emprego, enfim, encontrar meios de subsistência e fugir da tentação dos carteis de drogas e de bandidagem que estão se instalando fortemente na região.


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