Caxias-MA 21/08/2025 01:44

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A política de Caxias tem que mudar


Diante de fatos incontestáveis, o cronista que relata a época em que vive sempre tem a obrigação de registrar, em primeiro lugar, a verdade, mesmo que isso signifique contestar posições assumidas por pessoas do seu círculo de amizades ou de trato cordial. Assim, não podemos calar ao assistir pronunciamentos como os que ocorreram segunda-feira passada (06/11) na sessão da Câmara Municipal, quando membros da grande bancada que apoia a Prefeitura de Caxias, rompendo o véu tênue do que pode e do que não pode ser dito em política, escancaram em seus microfones que, estando atualmente no bloco da situação, de forma alguma irão se posicionar ou votar matérias que coloquem em xeque o trabalho da gestão municipal.

Quem tem esse posicionamento poderia até se justificar dizendo que não votaria matéria contrária ao interesse do governo por falta de fundamentação, mas nunca de maneira tão enfática, onde, estando a administração certa ou errada, prejudicando setores da população, deixa a entender que os gestores de plantão podem fazer o que quiserem que não serão fiscalizados, contrariando frontalmente, até ao arrepio da lei orgânica do município, o dever precípuo de todo aquele, aquela, que assume uma das 19 vagas do legislativo municipal caxiense.

Toda a celeuma está fundamentada, no entanto, no fato de a oposição ter entrado com um requerimento pedindo a convocação da secretária de Educação do município ao plenário da Câmara, para dar explicações a respeito de muitas denúncias dando conta de que falta merenda regularmente nas escolas do município, que servidores da pasta tiveram salários reduzidos, que há lista secreta de funcionários contratados em condições especiais, dentre outras. O tal requerimento, colocado em votação na ordem do dia da sessão, foi fragorosamente derrotado por 16 votos a três. 

Contudo, nem por isso os ânimos arrefeceram, porque a maioria entende que o interesse maior é derrotar tudo que parta da incipiente oposição, o que é uma demonstração inequívoca de que se sente ameaçada pela minoria, até pelo fato de ter que defender o grupo político a que está atrelada, ainda que isso possa prejudicar a grande maioria da população que não tem vínculo empregatício com o município. E o que é pior: nas coxias, muita gente admite que as denúncias procedem e se sente também prejudicada porque seus eleitores sofrem, mas segue firme na destemperança, por acreditar que muito pior é chutar a barraca e romper com uma gestão que a atende a conta gotas, e, olhe lá, quando atende. Dá até para imaginar o nível de estresse que esta gente está vivendo.

A bancada situacionista, acossada pelas denúncias que não são inventadas, mas partem do povo, em situações bastante explícitas nas ruas, nos pontos de encontro, feiras livres e nas redes sociais, dá a entender que o foco agora será desacreditar seus opositores, inclusive associando-os a comportamentos pouco republicanos e atentatórios à honra de pessoas. 

O nível da pressão demonstra que até a condição de livre expressão constitucionalmente garantida no parlamento pode ser revista ou interpretada para, não só calar a palavra dos opositores, mas até retirar-lhes o mandato pelo voto da maioria, sob a alegação de um imoral gesto em prol da democracia. 

Por essas e por outras é que se tem a certeza de que o modelo da política de Caxias tem que mudar. Basta dessa política que atende o interesse de poucos em detrimento da grande maioria. Continuando dessa maneira, a cidade não evolui, não concentra novos investimentos capazes de gerar empregos diretos e indiretos ao povo, e só contempla vivaldinos atentos a enriquecer com os recursos públicos da cidade.


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