Segunda-feira passada (16), pouco mais de 19 horas, na rua Libânio Lobo, à altura de uma faculdade, assisti de dentro do veículo que conduzia a uma cena insólita que motivou-me a refletir sobre o que está acontecendo com o comportamento humano. De repente, emergindo do meio de estudantes universitários que adentravam à instituição de ensino, dois jovens, que não eram estudantes e mais se pareciam com os modelos que vemos todos os dias perambulando pelo centro de Caxias, um correndo atrás do outro, protagonizaram cena lamentável diante de todos que passavam pelo local. O que corria atrás do outro, demonstrando sanha assassina, fazia juras de morte ao seu antagonista.
Não sei o resultado da contenda, que deve ter tido um final menos trágico, porque não houve qualquer repercussão na mídia, mas o fato nos revela a dimensão do nível de violência que prevalece praticamente em todos os cantos do mundo onde há prevalecência de desigualdade social e econômica. Nesses lugares há grande incidência roubos, assaltos, latrocínios, crimes de encomenda e grande força dos carteis que vendem drogas, se aproveitando da ingenuidade e desesperança das pessoas.
Na Escandinávia, no Canadá, onde a desigualdade social e econômica é bastante reduzida, pouco se ouve falar de fatos dessa natureza, e suas polícias são consideradas as melhores do planeta. Primeiro, porque ganham muito bem, depois, porque a própria educação da sociedade ajuda a equilibrar as tensões. Então, a primeira lição que tiramos como reflexão é a de que a grande maioria dos problemas sociais do Brasil decorrem da falta de controle adequado a esses dois quesitos.
Pessoas descontroladas, doentes, sempre haverão de existir, mas se a vida se tornar menos amarga para os segmentos menos privilegiados da nossa sociedade, não há dúvida que os caxienses, os brasileiros, apreciariam mais a vida, valorizariam mais a existência, em vez de se lançarem aos delitos criminosos, uso de substâncias alucinantes viciantes e a uma vida meio que hedonista para fugir das dificuldades cotidianas, no afã de que o prazer pessoal possa suprir os problemas reais do dia a dia.
Entretanto, a violência entre os seres humanos não se resume apenas a esses dois fatores. Se olharmos para a história humana, sobretudo a partir do momento que o homem, evoluindo, passou a usar mais o intelecto, lá nas escrituras sagradas, na Bíblia, por exemplo, a partir do antigo testamento, temos exemplificação clara do que a violência significa para o homem, e que tudo começou com Caim ceifando a vida de Abel, seu irmão. Parece que foi desse ponto que o homem entendeu que, para conseguir o que quiser, se for o caso, pode até matar seu semelhante. Talvez tenha sido por isso que o Altíssimo, em sua sapiência, bondade e misericórdia, nos presenteou com uma pessoa iluminada que nasceu na terra e viveu na antiga Judéia, para nos dizer que o mais importante na vida é amar-nos uns aos outros, e que assim procedendo não haveria espaço para qualquer tipo de desigualdade e preconceitos, e que, liberta de tais amarras, a humanidade caminharia para uma vida de amplo progresso e desenvolvimento, inclusive espiritual, condição evolutiva que nos faz diferentes dos outros animais que convivem conosco.
Embora sua lição tenha ficado e vem perdurando ao longo de mais de dois séculos, ele mesmo pagou com a vida, de maneira mais infame, por ter ousado a nos levar para um caminho melhor, porque a grande verdade é que a cobiça, a ganância, a ambição, continuam falando mais forte em muitos pontos do planeta. Aqui, no Brasil, o crime organizado atordoa as autoridades, e um novo cangaço está estabelecido atemorizando todos os dias nossa população. Os ardis usados para tal fim são os mais criativos, como, por exemplo, até roubar armas pesadas do arsenal do Exército Brasileiro.
Por outro lado, a guerra da Rússia contra a vizinha Ucrânia, dois países de ascendência eslava, que já se estende por mais de um ano, destruindo cidades e milhares de vidas, demonstra eloquentemente isso. E o mesmo acontece agora na Palestina, antiga Judéia, onde israelenses e palestinos das facções políticas guerreiras Hamas, Hezbolah e Irmandadade Islâmica, estão em um digládio de morte, no qual as baixas fatais, incluindo civis, já chegavam hoje, após 14 dias de luta aberta em solo de Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia, a mais de 5 mil pessoas, com expressivo número de civis, número que tende a crescer porque não há espaço ainda para qualquer entendimento.
As coisas por lá bem que poderiam ser mais simples. Quando da criação do Estado de Israel, no fim da década de 1940 (1948), os judeus, após breve conflito armado contra os árabes, que chamaram de guerra da independência, concordaram tacitamente em dividir o espaço do território da Palestina e a conviver com a população predominantemente árabe da região. Alguns palestinos aceitaram, mas a maioria, não. Então sobreveio a guerra dos seis dias, em 1967, na qual Israel combateu o Egito, a Síria e a Jordânia no mês de junho. Em seis dias, Israel avançou e conquistou vários territórios. Depois veio a guerra no Dia do Yom Kippur, dia sagrado dos judeus, quando os israelitas foram surpreendidos em 1973, e, agora, o que já dura 14 dias e deve se estender sabe-se lá até quando.
O fato é que Israel já se envolveu em pelo menos quatro guerras contra os árabes nos tempos modernos. O conflito entre israelenses e palestinos na região não é de agora. No entanto, considerando apenas o conflito de abril e maio de 2021, tudo começou com ações de despejo de famílias palestinas no bairro de Sheikh Jarrah, que fica em Jerusalém Oriental, com uso da força da polícia de Israel. No entanto, para dar uma ideia das pressões exercidas contra o povo hebreu, durante a sua longa história, Jerusalém foi destruída pelo menos duas vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes e capturada e recapturada outras 44 vezes. No ano 72, depois de Cristo, os romanos, que dominavam a Judeia, para resolver as insurreições dos judeus que não aceitavam o jugo do império de César, promoveram a diáspora dos judeus, retirando-os à força da área e espalhando-os pelo mundo.
Contudo, após a segunda guerra mundial, sobretudo em função do holocausto da raça perpetrado pelos nazistas alemães, onde cerca de 6 milhões de judeus perderam a vida em campos de concentração e trabalhos forçados, os judeus sobreviventes da Europa migraram em massa para a região e criaram o Estado de Israel, o qual, conforme dito acima, é um estado judeu criado em 1948 na antiga região da Palestina, no Oriente Médio. A ocupação da área, entretanto, foi feita de forma gradual, a partir do primeiro encontro sionista (movimento internacional judeu), em 1897. O norte dos judeus sempre foi se estabelecer no lugar onde foi erguido o grande templo do Rei Salomão, em homenagem a Deus, hoje em ruínas na cidade de Jerusalém, que dele restou apenas uma grande edificação de pedra conhecida como muro das lamentações, que é sagrada para o povo israelita.
Portanto, no intuito de arrefecer os ânimos de quem se mostra simpático a judeus ou a árabes, é imperativo lembrar, através da Bíblia, que os judeus são descendentes de Isaque, filho da promessa de Deus a Abraão. Os judeus são monoteístas, creem em um único Deus (Javé ou Jeová). Também é o povo escolhido por Deus para que, deles, nascesse o Salvador Jesus Cristo. Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão, mas seguidores do profeta Maomé, que nasceu no século V depois de Cristo, pregando em vida também a existência de um único Deus e que por isso foi perseguido por destruir tempos politeístas do Santuário de Caaba, em Meca. Caaba é uma construção reverenciada pelos muçulmanos e considerada pelos devotos do Islã um lugar mais sagrado do mundo.
Expostos esses fatos, é que se depreende o porquê de o criador ter enviado seu filho, Jesus Cristo, à Terra, para exortar o fortalecimento da virtude do amor entre os homens, a fim de que possam sobreviver e progredir. No Oriente Médio, onde muitos lugares integram a chamada Terra Santa, as três maiores religiões do mundo estão concentradas numa só cidade, que é Jerusalém, e há espaço para judeus, árabes e cristãos conviverem fraternalmente, numa demonstração de que tudo é possível, se houver boa vontade.
O problema está em nossas mãos e temos as ferramentas para resolvê-lo, enfim, dissolver o que começou com a descendência do profeta Abraão, que, sem sombra de dúvidas, foi o ponto de partida para a violência pandêmica que ainda vivenciamos na atualidade. Enquanto a ideia não se estabelecer, melhor que as pessoas de entendimento fortaleçam seus corações, evitem conflitos, porque nosso mundo certamente está sob influências negativas que não querem que ele progrida no contexto do universo em que todos vivemos. Basta citar o caso do nosso querido Brasil: descoberto há cinco séculos, mesmo diante do conhecimento adquirido com os sucessos e os fracassos da humanidade, aqui temos a impressão de que o gosto maior vai no sentido de apreciar o que é reprovável em todos os sentidos, seja nas profissões, na política, na música, no estilo de vida. Então, é ou não é coisa negativa influenciando nossa população?!!
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