Quem defende a tese de que o povo é burro, e que por isso deve ser enganado, com certeza comete um grande equívoco de interpretação, sobretudo nos dias de hoje que o mundo está totalmente dominado pela internet e, por consequência, pelo alcance das redes sociais, que chegam às pessoas por meio de um PC, de um notebook e mais ainda pelos smartphones, item obrigatório que as pessoas portam diariamente. Assim, nunca a comunicação esteve tão atuante como nesse começo de século 21, e não é mais possível construir-se enganos, simplesmente porque todo mundo sabe das coisas, tem entendimento de tudo, em tempo real. Até a mentira, que tem o péssimo hábito de se alastrar entre os incautos, vai perdendo força com o correr dos dias, frente ao enorme volume de informações que logo se aproximam contra ela para desmistificar situações.
Olhando-se a vida por esse ângulo, vê-se como se mantém à tona a sabedoria do povo, mesmo com todo avanço tecnológico que presenciamos. Nunca estiveram tão em volga os adágios populares do tipo “a voz do povo é a voz de Deus”, ou “onde há fumaça, há fogo”, para ilustrar certos comportamentos cotidianos, como é o caso do que está acontecendo no quadro da política caxiense, que ano que vem será palco de mais uma importantíssima eleição municipal, uma vez que os caxienses poderão decidir se será mantido o modelo que atualmente comanda a cidade, ou substituí-lo, por entender que a configuração já esgotou todas as possibilidades no sentido de impulsionar para frente o município.
Em que pese o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) vir tentando emplacar sua sucessão na pessoa do seu sobrinho Gentil Neto, secretário de Infraestrutura do município, a sensação que se tem é a de que a sua escolha não agrada muito os diversos segmentos da população caxiense. Em verdade, não há nada contra o caráter do rapaz, mas pesa muito o fato da sua inexperiência com o trato político, o que leva as pessoas a suporem que, chegando à Prefeitura de Caxias, ele não passe de uma marionete nas mãos do tio, já que será este quem de fato continuará a governar a cidade.
Talvez pressentindo o perigo de perder as eleições, o alcaide deixa que protagonistas do seu grupo político também se lancem à ribalta procurando ganhar espaço e apoios também na sucessão municipal. Dois casos flagrantes são a desenvoltura da secretária do Gabinete do Prefeito Lycia Waquim, que ostensivamente já faz campanha política, e as articulações do Presidente da Câmara, Ricardo Rodrigues (PT), costurando alianças até no cenário estadual. Lycia, aproveitando-se do fato da mãe chefiar o Gabinete do Governador Carlos Brandão (PSB), cola a sua imagem como a mais preferida do chefe do governo estadual. Ricardo, por pertencer ao mesmo partido do vice-governador Felipe Camarão (PT), e confiante que ele sucederá a Brandão, prepara um pulo de gato para elevar a sua nascente vida política, já que aos íntimos não esconde que não tem a menor pretensão de renovar seu mandato na CMC, mas sim sentar na cadeira do Paço da Pantheon.
FG, que não pode constitucionalmente seguir o exemplo do russo Vladimir Putin, que está há mais de duas décadas no poder, procura subterfúgios para manter-se no controle do poder caxiense, mesmo que isso acarrete enormes prejuízos para o povo sofrido da terra. Esse povo sofrido que destronou o poder da família Coutinho, cerca de sete anos atrás, e assiste agora vê-la novamente cooptada para continuar influindo na vida do município. Será que esses atores acreditam mesmo que irão continuar enganando o povo caxiense, que ninguém está vendo como enriquecem vergonhosamente às expensas do dinheiro público, enquanto a população pouco usufrui dos recursos que mensalmente chegam para ela?
O poder tem a capacidade de tornar as pessoas que estão sob o seu guarda-chuva insensíveis aos reclames populares, a ignorarem que a cidade não está bem, que a saúde pública não funciona a contento, que a insegurança passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, que os serviços públicos se arrastam ou não funcionam, que não há expectativas também da economia melhorar no município, gerando empregos e mais oportunidades de trabalho.
Ainda assim, o ponto de vista assumido é o de que tudo deve continuar como está, já que estamos nos dando muito bem. Entretanto, as conversas das ruas sinalizam o contrário, e estão consolidadas nas redes sociais e nos blogs que não seguem a cartilha oficial, uma vez que denúncias e mais denúncias se amontoam todos os dias, evidenciando escândalos de todo o tipo. Os empresários, os comerciantes, os locatários, os autônomos do comércio informal, que o digam. Enfim, a voz do povo é a voz de Deus, e será o povo que decidirá se as coisas continuarão do mesmo jeito ou irão mudar radicalmente.
De resto, aplaudir a iniciativa do vereador Catulé (Republicanos) em homenagear na Câmara Municipal, na segunda-feira (09), o cidadão caxiense Rodrigo Otávio Bayma Pereira, membro da Academia Caxiense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que chegou aos 95 anos de idade e ainda é o mais lúcido arquivo vivo da história caxiense desde a década de 1940. Foi muito bom saber que há pessoas que valorizam quem realmente tem valor na cidade. Mestre Rodrigo Bayma foi reverenciado em vida pelo seu legado duradouro e 95 anos de sabedoria e uma vida dedicada a Caxias.
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