Antes de iniciar, peço desculpas aos leitores e leitoras pelo lapso de haver faltado com minhas costumeiras colunas semanais, aqui no espaço do Portal NOCA. Como todo mortal, também fui alcançado por um traiçoeiro estresse. Também pudera, ninguém aguenta ficar no batente da imprensa por mais de 40 anos, como é o meu caso, sem sofrer consequências. A profissão exige muito da mente e está sempre em contínua mudança.
Se por um lado isso é bom, porque quem escreve lida sempre com fatos novos, por outro, o jornalista se envolve tanto com as notícias que chega a ter medo até de tirar férias para não ser furado, se esquecendo que não é uma máquina, mas feito de carne, osso e líquidos. Portanto, sentindo na pele o problema, optei por merecidas férias e diminuir mesmo o ritmo de trabalho.
Pois bem, voltando às lides da comunicação, há 15 dias acompanhei um familiar a Teresina (PI) para realizar exames médicos de urgência que resultaram em cirurgia imediata, realizada com sucesso no complexo hospitalar Med Imagem. Era manhã de domingo e a paciente, tão logo adentrou na unidade de emergência localizada no centro da capital piauiense, logo foi atendida por um dos três médicos que estavam de plantão na companhia do pessoal de enfermagem.
Como sentia fortes dores abdominais acompanhadas por períodos de febre baixa, o médico logo a encaminhou para o serviço de exames de imagens e, assim, três horas depois, após o anúncio do diagnóstico, ela passou a ser preparada para uma videolaparoscopia marcada para as 20 horas e, hora e meia depois, já estava confortavelmente acomodada em apartamento de recuperação, onde ficaria até por volta do meio dia do dia seguinte, quando a trouxemos para casa, a fim de seguir o protocolo de medicação recomendado. Uma semana depois retornou para retirar os pontos da cirurgia e do médico obteve a informação de que o seu atendimento foi um sucesso.
Diante do quadro, fico a me perguntar o que seria da paciente se fosse atendida aqui em Caxias, levando em conta que a cidade, pelo menos no papel e em aporte de recursos, está preparada para fazer esse tipo de atendimento, inclusive nas unidades públicas de saúde que possui, a exemplo da UPA 24 Horas do Pirajá, do Hospital Geral do Município Gentil Filho (HGM) e do Hospital Macrorregional Dr. Everaldo Ferreira de Aragão.
Quando coloco as três unidades de saúde citadas no centro da questão é que começamos a perceber o calvário que tal pessoa teria que passar, porque, no caso dela, primeiro teria sido levada para UPA, que é a unidade de emergência, de onde seria encaminhada, conforme o caso, ou para o Hospital Geral ou para o Macrorregional, uma vez que o sistema funciona em regime de regulação.
Ora, conforme denúncias que emergem todos os dias da população, disseminadas principalmente pelas redes sociais, na UPA, assim como no HGM, os equipamentos de exames não são confiáveis porque a toda hora quebram por falta de manutenção. A pessoa doente chega nesses locais e passa horas a fio sem receber qualquer atendimento, porque médicos e enfermeiros não arriscam fazer nada, em razão da falta até de insumos básicos e mesmo remédios para atenuar dores. E se não tiver algum pistolão para desembaraçar as coisas, o jeito é esperar indefinidamente ou chegar até a morrer devido à gravidade de sua enfermidade.
A afirmação parece dura, mas é a isso que o caxiense comum está sujeito, muito embora todos os dias seja bombardeado com propagandas anunciando boas novas na área da saúde que nunca se concretizam. Lembro do caso de um amigo que deu entrada na UPA sentindo dores nas costas e lá foi diagnosticado com problema na coluna vertebral. Esteve em um sábado, quando recebeu analgésicos que iriam acabar com as dores, retornou no dia seguinte porque as dores não passavam, até que na segunda-feira familiares o levaram para Teresina, onde, para sua surpresa, o médico lhe disse que já houvera sofrido nove infartos. Não morreu porque a providência divina o protegeu e porque foi assistido uma semana depois com uma cirurgia que lhe implantou pontes de revascularização do coração, realizada em hospital conveniado com o SUS, tudo de forma gratuita.
E pensar que ambos os casos poderiam ter sido facilmente resolvidos em Caxias, caso o sistema municipal estivesse organizado e não sujeito à burocracia política que se assenhorou da administração municipal, porque a grande verdade que deve ser dita é que o governo municipal não governa para a cidade, mas para um projeto de poder que beneficia a si próprio e aos amigos e só prejudica a grande maioria da população, tamanhos os descasos que são vistos pelos quatro cantos do perímetro urbano e também na zona rural.
Penso que a primeira preocupação do futuro governante de Caxias seja a de constituir uma força tarefa para melhorar efetivamente a área da saúde do município. Não basta apenas construir ou recuperar unidades de saúde, é imperativo que elas funcionem a contento, como observei recentemente em Teresina, onde as coisas funcionam do mesmo jeito tanto nos hospitais públicos quanto nos particulares. Na cidade verde parece existir uma espécie de pacto nesse sentido, porque o pessoal da saúde vestiu mesmo a camisa e acredita que integra um dos melhores centros médicos do Brasil.
Assim, por que aqui também não sucede o mesmo? Afinal, estamos apenas há 70 quilômetros de distância! Muito fácil, portanto, de preparar uma equipe, a exemplo das que trabalham para os teresinenses, cujo ponto de partida é a valorização do profissionalismo na área médica. No dia em que estive no hospital da Med Imagem, observei como era cumprida à risca a escala dos médicos e da enfermagem. Em nenhum momento faltou profissional em seu setor, pronto para atender os pacientes que chegavam a todo instante.
A saúde pública de Caxias tem que inovar, sair do lugar comum que permeia a grande maioria da estrutura do SUS, ora pautada em enormes filas de atendimento para consultas e exames cuja marcação chega a se estender por meses. Por falta de vontade dos governantes, interesses de terceiros, o fato é que o sistema público de saúde brasileiro, tão elogiado mundo afora, está perdendo a confiança da população simplesmente porque não trabalha com profissionalismo, e profissionalismo é servidor no horário de plantão e aparelhagem médica funcionando.
Hélio Queiroz
Na sexta-feira, no entanto, queremos deixar registrado que os caxienses sepultaram uma das suas maiores expressões empresariais e políticas dos últimos tempos, o senhor Hélio de Sousa Queiroz, que tinha 85 anos e faleceu no dia anterior (21), em Teresina (PI), em decorrência de uma queda que sofreu em sua residência em Caxias.
Nascido em Parnarama (MA), em 3 de junho de 1938, Hélio Queiroz iniciou sua vida empresarial em Caxias, onde estabeleceu negócios de destaque, como a Cavepel (Volkswagen) e a Cerâmica Queiroz, formando o Grupo Empresarial Hélio Queiroz. Ao longo dos anos, o grupo se expandiu e diversificou, abrangendo setores como postos de gasolina, revenda de gás, construção, venda de veículos e cerâmica, atividades que estão em pleno funcionamento, empregando muitos caxienses.
Seu Hélio, que apesar de abastado era uma pessoa simples e prezava a sua família e seus muitos amigos, teve também passagem marcante na política caxiense, sendo prefeito de Caxias, no ano de 1985. Ele ingressou na política em 1982, quando aceitou o convite para ser vice-prefeito na chapa liderada por José Castro. Após o falecimento de Castro, em 1985, ele assumiu a prefeitura. Durante seu mandato, deu continuidade à administração de José Castro, realizando várias melhorias na cidade, incluindo calçamento de ruas, abrindo avenidas, aterrando logradouros que eram invadidos pelas águas, construindo escolas e estradas vicinais.
Dentre as reformas mais importantes que empreendeu no município, destacaram-se a ativação do Centro de Cultura Acadêmico José Sarney, no prédio imponente da antiga fábrica de tecidos Manufatora, e fez do Mercado Central a sede da Prefeitura Municipal de Caxias. Nossos sentimentos e condolências à sua esposa, D. Rita, e a todos os demais familiares.
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