No sábado 15 de julho comemorou-se o Dia do Homem, e a data foi um momento de reflexão e conscientização sobre a saúde masculina, situação frequentemente ignorada por falta de orientação e até por puro preconceito mesmo, já que existe muito cabra que acha inconveniente para sua masculinidade frequentar regularmente o consultório médico.
Pois bem, um dos tabus masculinos é o exame de próstata, glândula que deve ser avaliada por um especialista em todo homem com mais de 40 anos de idade. E quem é homem sabe que problema nessa área pode afetar seu relacionamento sexual e até levá-lo à morte, se for caso de câncer espalhado para outras partes do organismo.
Contudo, como Deus é infinitamente bom, a despeito das loucuras que a humanidade continua cometendo contra si mesma todos os dias, ele ungiu um grupo de médicos do Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), que passaram a realizar a cirurgia de próstata com método menos invasivo e que preserva a função sexual do paciente.
O procedimento, chamado de “urolift”, chegou há quatro meses no Brasil, segundo informou o urologista Sandro Faria. Esse especialista destacou os benefícios da cirurgia que pode levar apenas 20 minutos, e a novidade foi celebrada em meio ao contexto do Dia do Homem, como forma de incentivar o público masculino a realizar exames e tratamentos que costumam ser deixados de lado e são essenciais para a qualidade de vida.
A título de esclarecimento, o médico, que também é coordenador do programa de cirurgia robótica dos hospitais Vera Cruz e Albert Einstein, listou as vantagens e desvantagens do procedimento.
Para ele, tudo começa pela palavra medo. “Porque o medo não é da doença, o medo às vezes é da repercussão do tratamento, né? Então muitos ficavam sem se tratar de forma adequada”, afirma. E lembra que, de acordo com o Ministério de Saúde, o aumento da próstata é uma condição comum associada ao envelhecimento e atinge quase 70% dos homens com mais de 70 anos, sendo que os primeiros sintomas podem surgir a partir dos 40 anos. Segundo o urologista, tratamentos convencionais podem afetar a qualidade de vida do paciente e, com isso, muitos optam por adiar consultas e tratamentos.
Faria explica que a próstata é uma glândula pequena localizada abaixo da bexiga e envolve a uretra. Conforme ela aumenta, o homem passa a apresentar problemas urinários e, se não houver tratamento adequado, irá acarretar complicações na bexiga e rins.
Diz, ainda, que os procedimentos convencionais removem parte do tecido desta glândula, com objetivo de desobstruir o canal urinário e os sintomas do aumento. Porém, lembra que há elevada chance de provocar infertilidade, pois a glândula que nutre os espermatozóides pode parar de exercer a função. Além disso, pode implicar eventualmente em redução da ereção.
O urologista destaca que o novo método não retira tecido, mas remodela o canal urinário por meio de uma ampliação. Ele comparou a técnica ao procedimento para desobstrução de artérias entupidas, uma vez que em ambos os casos o efeito mecânico é a expansão do espaço. "A gente remodela de dentro para fora e amplia o canal, o raciocínio é exatamente esse", explica Faria
O médico observa, no entanto, que embora o procedimento esteja disponível há quatro meses no Brasil, ele começou a ser feito em 2010 na Austrália, depois foi levado aos Estados Unidos em 2013 e, aos poucos, tem sido aplicado em novos locais ao mesmo tempo em que novos trabalhos científicos têm sido desenvolvidos. No seu entendimento, é um método de livre acesso, ou seja, qualquer urologista no Brasil, com treinamento e qualificação necessária, pode oferecer aos pacientes.
Faria destacou que, por não haver remoção de tecido, o urolift significa uma intervenção menor no paciente e que permite a liberação dele entre três a quatro horas após o procedimento. A recuperação também é rápida.
"O paciente não tem uma intervenção cirúrgica em si, então ele vai para casa no mesmo dia e no outro dia ele tem a vida dele normal, pode fazer atividade física, pode trabalhar, pode dirigir, só a atividade sexual que a gente pede para esperar uma semana porque ela envolve contração da área remodelada", explicou.
A desvantagem, em contrapartida, é que o paciente pode precisar de outra intervenção no período de cinco a oito anos, segundo o médico, justamente por não haver retirada de tecido. "Como se ele precisasse de um outro stent [...] Todo método tem vantagem e desvantagem", ponderou.
Outro problema é que o procedimento ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e não há cobertura por operadoras de planos de saúde. O valor da cirurgia não foi confirmado.
Para o urologista, o tratamento pode ter mais apelo para pacientes mais jovens, na faixa dos 40 a 50 anos, que possuem indicação de tratamento cirúrgico para a próstata.
"Eu não acho que ele é um procedimento para todo mundo. Eu não vejo muito benefício de usar um método que é novo, que vai ter um resultado funcional parecido com o método tradicional, se a sexualidade não é importante para aquele paciente de 75 anos", avalia o especialista.
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