Em cenários diferentes apresentados pelos vereadores Magno Magalhães (PL), Antônio Ximenes (PRB) e Darlan Almeida (PL), durante a semana na Câmara Municipal, o tema educação suscitou sobremaneira a argumentação dos prezados edis na Casa do Povo de Caxias. E as visões, óbvio, não poderiam ser iguais, porque partiram de pontos de vista pessoais sobre o assunto, os quais não podem aqui ser entendidos como verdade absoluta a respeito da matéria, porque levam em consideração o que é oferecido atualmente nas escolas públicas do município.

Para Darlan, a cidade vive hoje um momento invejável, porque o prefeito Fábio Gentil (PRB) conseguiu empreender a reforma de cerca de 50 escolas, na zona urbana e nos povoados, através das quais o alunado e os professores já não convivem mais com unidades construídas em taipa, aquelas que ficaram conhecidas como escolas João de Barro, que de prosaico mesmo só tinham o exemplo do laborioso passarinho que constrói seu ninho com a matéria-prima. Entende o vereador que foi um grande avanço para o município dotar suas unidades escolares hoje com todo tipo de modernidade, inclusive  computadores e salas de aula climatizadas, um luxo, se compararmos a situação dos estudantes daqui em décadas passadas, quando nem merenda escolar e ventilador tinham em sala de aula.

Ocorre que a questão educativa vai mais além do que isso, pois de nada adianta você apresentar uma mulher com uma encadernação vistosa feita para iletrados, um enfeite, como diz o compositor Chico Buarque de Holanda em uma de suas músicas, se dela sairem alunos só mais ou menos preparados, como parece que está ocorrendo quando se vislumbra o Ideb do município; e o Ideb é obtido com aquela avaliação feita através da aplicação de uma prova com os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, e da taxa de rendimento escolar da instituição avaliada, levando em consideraçõ as aprovações e as evasões.

Tomando, por exemplo, o ano de 2019 e os últimos cinco anos anteriores, levando em conta que a gestão de Caxias despendeu uma média de R$ 4.107,06 por aluno, ao custo total de R$ 144.286.510,62, o resultado médio do Ideb foi de 4.8 para os anos iniciais e 3.8 para os anos finais. Parece muito, e temos que levar em conta também o fator Covid 19 que atrapalhou a educação evidentemente, mas na vizinha cidade de Timon o índice de desenvolvimento saltou de 5.7 e atingiu a marca de 6.1 nos anos iniciais, e saiu de 5.1 para 5.3 nos anos finais, ficando mais uma vez acima da metra projetada pelo MEC, que estabeleceu para aquele município a média de 5.6 para os anos iniciais e 4.8 para os anos finais, meta superada ainda no ano de 2019.

Ah! Mas Timon está assim porque sofre influência de Teresina, a capital do Piauí, que há muito tempo já é reconhecida como um grande centro de excelência em educação na região Nordeste!…, vão dizer os que se sentem incomodados com a realidade; enquanto o fato é que em Caxias não se está fazendo o dever de casa, pois sequer se procura copiar o que é feito em Timon, que fica a 70 quilômetros daqui. Então, é ou não é situação para causar chateação entre os que realmente amam Caxias?!?

O vereador Magno Magalhães, que também é médico e professor da UEMA, advoga que Caxias precisa ir mais longe do que está sendo feito em Timon. Procurar os exemplos do estado do Ceará, que hoje tem a melhor educação pública do país. Conforme apregoa, do Ceará saem normalmente alunos para ganharem, no mínimo, a metade das vagas das melhores universidades do Brasil, como é o caso do Instituto tecnológico da Aeronáutica (ITA), do Instituto Militar de Engenharia (IME), ou mesmo da Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. 

O parlamentar cita a cidade de Sobral (CE) como modelo de educação pública hoje, onde  seu Ideb conquistou a nota 8,0 na avaliação dos anos iniciais (1º ao 5º ano) no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021, entre todos os municípios do Brasil com mais de 50 mil habitantes, ficando em primeiro lugar no ranking. Nos anos finais (6º ao 9º), o município também se destacou. Alcançou a nota 6,6 entre os municípios com mais de 60 mil habitantes, novamente na liderança.

Não obstante, dados divulgados pelo Ministério da Educação mostram a realidade de mais de 5 mil redes públicas municipais de ensino. “O tamanho de uma rede de ensino é proporcional ao seu nível de complexidade e das questões a serem resolvidas e acompanhadas. Quando analisamos o resultado do Ideb levando em consideração este quesito, identificamos Sobral na primeira colocação ao lado de municípios do sudeste e do sul do país com renda per capta superior à de Sobral e maior capacidade de investimentos”, explicou o secretário da Educação de Sobral, Herbert Lima.

Mas não é somente isso, porque a maior nota do Ideb 2021 (9.1) foi da Escola de ensino Fundamental Joaquim José Monteiro, na cidade de Cruz, no norte do Ceará; seguida pelo Centro de Educação Infantil e Fundamental (FEIF) Edval Araújo da Silva, que obteve 8.9 no índice. E, mais, considerando os anos finais, 70 das 100 melhores escolas do Brasil são do Ceará, razão porque o vereador Magno acredita que o município tem urgentemente que instituir um centro permanente de reciclagem para seus professores, que é o meio que julga mais apropriado para se recuperar a educação caxiense.

Quem teve a oportunidade de estudar fora do município, sabe muito bem como foram as dificuldades que tiveram pela frente, principalmente a partir de falta de base de estudos. O estudante saía daqui com o fundamental completo e, quando ia fazer o segundo grau fora, invariavelmente se sentia perturbado para acompanhar aulas sobre temas que jamais tinha visto anteriormente. E, aí, imagine as noites passadas em claro, tentando acompanhar as matérias do dia seguinte. Um sufoco!

Mais pragmático, o vereador Ximenes só vê uma solução mais rápida no momento para esse tipo de situação que enfrenta o estudante caxiense, principalmente egresso de escolas públicas, que é a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia criar um programa municipal de cursos preparatórios para exames vestibulares, inclusive através do ENEM, e também a aprovação em concursos públicos. O parlamentar foi mais além, nesse sentido, e aprovou um projeto de lei na Câmara exatamente com o objetivo de propiciar aos jovens, ou à população de baixa renda, melhores condições para enfrentarem um vestibular, o ENEM, ou um concurso público, com boas chances de classificação. 

Como se vê, há muito mais ainda por se fazer em Caxias. E a educação, com toda a certeza, tem que ser o ponto inicial do redesenvolvimento de um município que hoje, ao que parece, só acalanta lembranças de um passado que um dia foi grandioso. Mas, é isso aí, precisamos ir em frente, ter coragem, e ser muito mais resilientes. Afinal, o Ideb espelha a nossa realidade.