Caxias-MA 23/11/2024 21:47

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Catulé começou a abrir a Caixa de Pandora


O fato mais interessante da seara política de Caxias, nesta semana que se finda foi, sem dúvida, o aguardado primeiro pronunciamento do vereador Catulé (Republicanos), desde que ele anunciou que estava deixando a base política do prefeito Fábio Gentil (Republicanos) para se integrar à pré candidatura do seu filho, Catulé Júnior (PSB), à vaga de prefeito de Caxias nas eleições de 2024. 

Se alguém ainda tinha dúvida de que a situação fosse mesmo acontecer, isso porque em política tudo é possível, já que negociações e acertos podem facilmente mudar o curso dos acontecimentos, a fala do decano do parlamento caxiense finalmente aconteceu na sessão ordinária da CMC, na noite da última segunda-feira (05), e o tom do pronunciamento não deixou também mais nenhuma dúvida de que a atual gestão municipal terá sua entranhas reveladas da forma mais vasta possível.

Assomando a tribuna, Catulé iniciou reportando o momento histórico do ano de 2016, quando ele, juntamente com os vereadores Fábio Gentil, Benvinda Almeida e Taniery Cantalice, lograram enfrentar e vencer o grupo Coutinho então comandado pelo prefeito Léo Coutinho, segundo seus próprias palavras, para estancar a corrupção desenfreada no serviço público de Caxias. Disse que, na época, ele fez uma aliança que parecia impossível, após passar 28 anos sem trocar um bom dia, um oba, com o ex-prefeito Paulo Marinho. 

“Criamos um grupo para combater outro grupo, porque a cidade clamava por políticas públicas e cobrava desta casa (CMC), para que ela estancasse a corrupção desenfreada e a leniência no serviço público da nossa cidade. Foi obrigado nós fazermos uma aliança que seria impossível, provando, assim, que os deveres com a cidade, nosso povo e nossa gente, falavam e vão continuar falando, mais alto ainda. E este grupo foi vitorioso quando ninguém acreditava. Nós tínhamos o governador do Estado. Nós tínhamos o todo poderoso presidente da Assembleia Legislativa. Nós tínhamos o prefeito da cidade. Nós tínhamos 18 vereadores, todos a favor, todos dentro daquele grupo, e, como suplente, o presidente desta casa, hoje. Vencemos a eleição e vencemos aquele grupo”, enfatizou.

Prosseguindo, o parlamentar deixou claro que o grupo político que foi combatido e vencido, no caso, a família Coutinho, trouxe para o cenário politíco de Caxias um contexto no qual não se sabe ainda se foram os Coutinho que migraram para dentro da prefeitura, ou foi o grupo atual no poder que migrou para o grupo que foi vencido em 2016. 

Bastante cáustico, ele argumentou: “Daí porque eu digo que a montanha pariu um rato, porque eu nunca vi, eu nunca conheci na história política da minha vida e desta casa, quando aqui cheguei em 1988, um elemento, um cão raivoso, mais frio que este que está instalado no Palácio da Cidade. Um homem frio que faz política em cima do caixão dos mortos e até dos seus parentes”, disparou no plenário.

O vereador continuou, afirmando que o município foi mercantilizado, e se tornou mercantil dentro de um processo em que as posições mais importantes foram divididas, para a situação tentar continuar no poder. Conforme suas palavras, não importando a que preço, não importando se traiu os bons ou bobos da cidade. 

À essa altura, ressaltou: “E nesta semana, numa ação raivosa e desesperada, o prefeito foi na zona rural e demitiu todos os funcionários ligados ao vereador Catulé. Isso nós já esperávamos, isso nós já contávamos, e tudo isso porque ele queria que nós assumíssemos uma condição que nunca assumimos na nossa história política, a subserviência, e que meu filho se submetesse a ser vice de um mamulengo que não sabe o que é política, e que Deus salve ele depois dessa eleição, porque os escândalos são um atrás do outro”.

Na sua avaliação, aqueles que não seguem a cartilha do prefeito são perseguidos e ameaçados, e a estratégia usada, no seu entender, foi a mais manjada possível, pois mercantilizou os seus seguidores, os seus cargos na gestão, e inclusive chamando os colegas da CMC para irem procurar os seus  apoiadores. Deu ciência que o lema da ação era a seguinte frase: é Catulé ou o prefeito Fábio Gentil, caso contrário, está demitido”. E emendou: “Se dissesse que eu estaria chateado por isso, de forma nenhuma, porque já vi isso por três vezes, mas não vi, não participei nem assisti dessa forma que está sendo usado, da forma que estão fazendo, da forma que pensam se perpetuar no poder, da forma que querem impor ao Município de Caxias. Mas Deus é grande, e o povo desta cidade sabe reagir na hora precisa”.

Catulé sublinhou que havia comentado com um colega da casa, na semana, que o prefeito teria abordado o coordenador Joel, da Regularização Fundiária, para o mesmo cometer desatino e transferir um terreno do município já em nome do seu sobrinho, que é candidato, para o nome de um suposto laranja dele. E revelou que o coordenador dissera ao prefeito que só com a anuência do sobrinho que é candidato. 

“Imaginem que ele já faz isso com o sobrinho que é candidato, imagine com terceiros, e, não obstante a tudo isso, o colega contou para o prefeito e ele mandou três jagunços à casa do coordenador Joel, para ameaçá-lo, porque que eu disse a um colega desta casa que o coordenador jamais sairia da Regularização Fundiária sem uma farta documentação, e se essa casa não sabe, fique sabendo, que o secretário de Infraestrutura tem 52 procurações feitas nos cartórios de Teresina, abocanhando assim, desta forma, terrenos do município de Caxias”, denunciou. 

Dando vazão a seus sentimentos, Catulé informou que estava preparado para responder e informar o que defensável for na justiça, tudo o que estava dizendo naquele instante. “Estou preparado inclusive para as intempéries que virão, porque sei que no primeiro momento o prefeito reuniu com esta casa, no Morro do Alecrim, para induzir os colegas contra a minha pessoa. Felizmente, nenhum dos colegas se avantajou para tal imoralidade. Mas sei que o prefeito vai andar, vai caminhar, oferecendo vantagem e insuflando esta casa contra este vereador. Mas eu já vivi, pela terceira vez, essa circunstância”, ponderou.

Em tom de alerta aos navegantes de plantão e a interessados, lembrou que não tem problema algum em se defender dos ataques que vierem contra a sua pessoa, salientando: “o prefeito já faz uma campanha desordenada no nosso município e, provavelmente, esteja dia e noite injetando veneno nesta casa, para que os colegas venham, não defendê-lo, mas atingir o vereador Catulé. Não teremos problema algum. Agora, quem é do mar não enjoa e chuva fininha é garoa. Quem tiver a bunda suja, que procure papel higiênico, porque eu tenho sido instigado a fazer a política que o povo da nossa cidade quer”.

E, a título de denúncia gravíssima, entregou: “nós estamos assistindo a maior aberração de todos os tempos na educação, e eu não defendo o prefeito por causa disso, onde a secretária de educação tem uma folha de pagamentos paralela, e, nesta casa, pelo menos cinco vereadores sabem, que esta folha paralela é de efetivos e concursados que já morreram, e de pessoas que entregaram o currículo naquela secretaria. E vou dar um exemplo: há seis dias atrás, uma cidadã foi abrir uma conta no banco Santander, de São Paulo, e, quando chegou lá, foi informada que ela já tinha uma conta, porque era funcionária do município. A pessoa ficou como louca e lembrou que tinha deixado documentos na secretaria de educação. Veio para cá, fez uma confusão, foi arrastada e levaram ela para a secretaria de educação”. 

Para o novo oposicionista, a secretária de educação usa uma prática constante e é costumeira e vezeira de fazer isso. “Quem não sabe nessa casa é porque não quer ver. Mas é uma folha, e aqui, quando os senhores vereadores se queixavam que seus pleitos não eram aceitos e que o prefeito dizia que tinha que cortar na carne, e quantos vezes os senhores ouviram isso; que a folha da educação era maior, porque a secretária tem uma folha, essa secretária paga até padre, seis mil contos na conta, sem prestar serviço. E esta secretária, que é sacristã da Igreja de São Benedito, esta secretária que não tinha uma moto, e hoje tem casa boa, carro, salário de 11 mil e duzentos, que descontando dá nove mil e duzentos. Esse povo não se iluda, prestará conta, e antes de prestar conta com Deus, vai prestar conta com a justiça dos homens. Quando terminar o poder, vai expor os amigos, vai expor os advogados da instituição, e a pessoa ficar como louca no meio da rua, se penitenciando, olhando para cima, dizendo que viu a Apolo 11”, fustigou.

Os oradores que o seguiram depois, todos da base do governo, não fizeram contraposição alguma às suas colocações, exceto quando colocaram a palavra traição no contexto do debate, como a dizerem que a prática é um fato normal da política, principalmente por parte de quem é detentor do poder e acha que, por ver a atualidade agora com uma visão diferente, não deve partilhá-lo com mais ninguém.

É…, vai ser interessante daqui para frente as sessões da nossa câmara municipal, porque, pelo menos da parte do vereador Catulé, segundo ele mesmo destacou na primeira sessão de junho, a toda reunião parlamentar, daqui para frente, será exposta uma situação de gravidade da gestão municipal embasada em provas. Como se vê, o parlamentar está mesmo disposto a reeditar suas antigas lutas e a abrir a Caixa de Pandora do município. Na mitologia grega, a tal caixa era onde os deuses do Olimpo colocavam todas as desgraças do mundo.


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