Caxias-MA 23/11/2024 21:50

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Cortina aberta – começou o espetáculo


Nesse momento da política caxiense, cerca de 30 a 40 dias atrás, a aliança entre os grupos Gentil e Coutinho fora anunciada pela cidade e aos quatro ventos do território estadual, com direito a divulgação de fotos e de selfies distribuídos pelas redes sociais, marcando o acontecimento. 

Ainda assim, por causa das lembranças de episódios que assinalaram a saída do então vereador Fábio Gentil da base coutinhiana lá pelos idos de 2016, muita gente estava com o pé atrás para aceitar o fato, por acreditar que FG, hoje prefeito de Caxias, e dono de muito poder, jamais iria subdividi-lo exatamente com os vencidos das últimas duas eleições que ele ganhou no município.

De especulação em especulação o fato ganhou as praças, as ruas e os bares da cidade, com cada interlocutor fazendo uma previsão vista a seu modo como a mais plausível para o que estava acontecendo. 

Os mais empedernidos acreditavam que tudo não passava de uma jogada de marketing do próprio prefeito, que os coutinhos, que se achavam abalados dentro do município com o desaparecimento do seu líder, Dr. Humberto Coutinho, queriam se aproveitar, já que o pouso de Matões, onde Ferdinando Coutinho (PDT) se estabeleceu como prefeito por dois mandatos seguidos, já não poderia permanecer em suas mãos por força de lei, mesmo tendo ele elegido a primeira dama do município como deputada estadual. 

Em situação idêntica, Fábio Gentil (Republicanos), que de uma só tacada reelegeu a companheira Daniella (PSB), para a assembleia estadual, e a filha Amanda Gentil (PP), para a Câmara dos Deputados, também sentia o incômodo de não poder mais dar sequência ao controle do Paço de Caxias. 

A escolha da sua sucessão foi ficando difícil, inclusive após ter se afastado dos companheiros que o ajudaram nas duas últimas eleições que ele ganhara no município, como o ex-secretário de Estado de Turismo Catulé Júnior, e Paulo Marinho Júnior (PL), que preferiu deixar o cargo de vice-prefeito da cidade nas últimas eleições.

Cabeludo também perdera aliados importantes para pandemia, como próprio pai, o deputado Zé Gentil, seu conceituado irmão, verdadeiro faz de tudo, Talmir Franklin Rosa Neto, além de familiares como Sinésio Sousa e Teódulo Aragão, estes dois últimos colhidos por grave acidente automobilístico. Então, deve ter botado a cabeça para funcionar, no intervalo de um mergulho ou outro, lá no riacho do seu sítio no povoado Junco, optando que o melhor seria trazer os Coutinho novamente para perto de si, aparar as arestas que ficaram, vislumbrando a oportunidade de economizar recursos para a escolha de seu sucessor na próxima eleição, mas também frustrar qualquer possibilidade de pessoas decididas a lhe fazerem oposição em Caxias contarem com o apoio dos Coutinho.

Lógico que isso importaria em um preço. Nunca falou em reservar a vaga de vice-prefeito de Caxias para o aliado. Talvez uns cargos, para que eles se mantenham em atividade e sigam afastando o vereador Daniel Barros (PDT), que lhe faz oposição, do convívio político/familiar, após o mesmo ter entrado em rota de colisão com o novo líder declarado do clã, o prefeito Ferdinando Coutinho, uma coisa sobre a qual não se sabe ainda o porquê, já que DB é casado com sua filha, a ex-vereadora Thaís Coutinho, e lhe deu um neto.

Não obstante, o que ninguém mensurava era o fato de haver um grande mentor por trás de toda essa operação política na região de influência de Caxias. E isso ficou claro quando da última visita do governador Carlos Brandão (PSB) à cidade, para participar na sexta-feira (05) da sessão itinerante histórica da Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA), na Câmara Municipal; e, no outro dia, entregar obras do seu governo e também participar das inaugurações elencadas por Fábio Gentil, com destaque para o vistoso e portentoso Shopping da Gente Deputado Zé Gentil, hoje a maior atração do centro da Princesa do Sertão Maranhense, criada para dar abrigo aos vendedores ambulantes da terra de Gonçalves Dias.

Por ocasião da sessão solene na qual a presidente da ALEMA, deputada Iracema do Vale (PSB), a pedido das deputadas caxienses Daniella e Cláudia Coutinho, concedeu a Comenda Manoel Beckman, a maior honraria do legislativo estadual, ao deputado Humberto Coutinho (in memorian), ao deputado Zé Gentil (memorian), à ex-deputada Cleide Coutinho e ao próprio governador do estado, o que se assistiu em plenário foram manifestações que evocavam os laços da amizade política do passado.

O prefeito Fábio Gentil, por exemplo, chegou a dizer que, depois de seu pai, que lhe deu honra e caráter, Humberto Coutinho fora o seu grande mentor na vida política. Já o governador Carlos Brandão disse da sua satisfação de estar ali ao lado de pessoas que muito o ajudaram a chegar onde chegou e que gostaria que continuassem juntas, no bojo de um grande projeto político seu de fortalecer o Maranhão.

Se havia dúvida, ficou fácil entender porque a ALEMA trouxe sua sessão itinerante para Caxias nesse momento, quando deveria realizá-la em Bacabal, conforme estava programado, sequenciando a primeira edição que aconteceu em março, em Imperatriz. E a movimentação, claro, partiu da própria dirigente da Casa de Manoel Beckman, que não esconde a admiração pelo estilo do governador comandar o Maranhão, dando demonstrações de prestigiar o municipalismo que ela tanto admira e quer levar adiante em sua gestão.

Assim, em suma, o que tudo isso quer dizer, fora o fato do presidente da Câmara Municipal de Caxias (CMC), Ricardo Rodrigues (PT), ter se esforçado e conseguido receber com brilhantismo a ALEMA no reduzido espaço da CMC, é que a oposição dispersa de Caxias tem pela frente um conglomerado político muito forte como adversário. O argumento é pacífico em torno da ideia de que quem tem grupo político forte é quem ganha eleição, por possuir mais meios de convencimento junto ao eleitorado. Consequentemente, um grupo realmente forte, com o apoio até do PT caxiense, tem força para varrer para o lado quem estiver disposto a lhe enfrentar ou não concorde com ele. 

Lógico que os aproveitadores irão procurar espaços e tentarem trazer para a ribalta a antecipação das eleições. Sentindo esse tipo pressão no meio caxiense, o experiente vereador Catulé (Republicanos) lamentou que isso já esteja acontecendo com tanta antecedência, na última sessão legislativa da CMC. E se mostrou muito incomodado, pelo fato de ser da base do governo e apoiador de primeira hora da ascensão de Fábio Gentil ao poder, e mesmo assim já recebeu a visita de eventuais postulantes que querem disputar o próximo pleito, em suas bases eleitorais, que se apresentaram em nome do prefeito.

Mas é isso... O jogo que estava escondido foi revelado. A cortina do palco foi aberta, descerrada, e o espetáculo tem o seu início para a plateia. Simples, assim... 

E que o leitor, a leitora, me perdoem pelo lapso de não comparecer ao espaço na semana passada, por causa de uma virose já controlada.

Protestos

No meio da semana, tarde/noite de quarta-feira (10), professores fizeram protestos contra o executivo e o legislativo, por conta dos precatórios que  esperam há 15 anos e que começarão a receber ano que vem (40%) e nos próximos dois anos (30% + 30%), de conformidade ao que já está legalmente pactuado entre a União, por meio do governo federal, e a Prefeitura de Caxias. A turma está descontente, porque desconfia que seus precatórios possam ser usados para outra finalidade que não sejam suas próprias contas bancárias.

Muita grana, mais de 191 milhões de reais, aos quais, segundo a Agência Câmara de Notícias, terão direito a receber os profissionais do magistério da educação básica que estavam no cargo, com vínculo estatutário, celetista ou temporário, durante o período em que ocorreram os repasses a menos do Fundef (1997-2006), Fundeb (2007-2020) e Fundeb permanente (a partir de 2021); e os aposentados que comprovarem efetivo exercício nas redes públicas escolares nesses períodos, ainda que não tenham mais vínculo direto com a administração pública, e os herdeiros, em caso de falecimento dos profissionais.

E os vereadores oposicionistas, hein! Querem por querem melar a inauguração do Shopping da Gente, denunciando a todo o momento que o prédio não tem condições de funcionar. Calma, pessoal! Em construção nova, sempre há algo para ser checado, revisto ou substituído, antes que possa efetivamente entrar em atividade. É assim como com os grandes navios: primeiro eles são entregues novos em folha pelos estaleiros, mas depois têm que passar por um período de pré-comissionamento até possam depois singrar os mares com segurança. Agora, querer manter os ambulantes do jeito que estão, não dá! Caxias e todos os caxienses merecem desfrutar do seu centro comercial revitalizado. Isso demonstrará que há empenho para a cidade progredir e, com certeza, atrairá mais investimentos para o município.


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