Nos primeiros anos dos anos 1970, a Rede Globo de rádio e televisão, a título de estimular as atividades no país que vivia o “milagre econômico brasileiro”, pelo menos na visão dos economistas tupiniquins, frequentemente usava na sua programação uma vinheta que encerrava a seguinte frase: “Março – É tempo de construir”.
A vinheta, obviamente, não se referia ao que os órgãos de segurança da época faziam contra os que eram rotulados como subversivos no território nacional, já que isso acontecia, como se diz popularmente, por baixo dos panos, mas ao estado de espírito que predominava no país, naquela época, e que era necessário e oportuno recomendar aos que sonhavam com um Brasil verdadeiramente grande, como espalhava o repórter Amaral Neto.
Esses momentos de júbilo, tendo à frente o ministro Antônio Delfim Neto, na economia, duraram pouco, no entanto, fazendo malograr o plano que os detentores do poder de então intentavam para o país. E a adaptação veio sob o fato histórico da crise mundial de combustíveis, em 1973, quando os árabes resolveram deixar de lado a idade média em que viviam e se apresentaram como os verdadeiros líderes da especulação financeira mundial, passando a construir a riqueza que detém até hoje, graças ao domínio da produção dos derivados de petróleo.
O mundo, na época, virou de cabeça para baixo, e todos os investidores, como se vivenciando um repeteco da crise econômica (crash) de 1929, tiveram logo que se adaptar e cair na realidade. Entretanto, diante da crise de desenvolvimento que se assiste em Caxias, a tal vinheta bem poderia ser aproveitada por nossos políticos, empresários, investidores, porque não dá mais para aguardarmos por tempos melhores que parecem que por aqui não chegam mais.
A última ideia que ganhou relevo e prosperou por certo tempo foi a transformação da cidade em polo universitário. O fenômeno, entretanto, já vai perdendo força, simplesmente porque nossa região não pode atender à demanda de jovens que vão se formando e procuram um lugar para exercer as profissões que erigiram a duras penas no contexto universitário. Quer dizer: nossos jovens estão deixando a cidade para trabalhar fora e, o que é pior, o mesmo está acontecendo também com nossos trabalhadores rurais, porque não há empreendimentos que os mantenham no município.
O resultado, mesmo que parcial do Censo de 2022, ainda que recheado de inconsistências, em razão do pouco caso que o governo federal anterior dispensou ao trabalho do IBGE, coloca Caxias com uma população muito a menor do que a expectativa de, no mínimo, 180 mil habitantes, projetada por especialistas mais sonhadores. Melhor mostruário de decréscimo não poderia haver, neste ano em que se comemora o bicentenário da independência do Brasil (1º de agosto) e o bicentenário do poeta Antônio Gonçalves Dias (10 de agosto)
É imperativo, então, que se deixe de lado a letargia que paira sobre o município, e se passe a sonhar pela construção de uma cidade mais plena de oportunidades para seus cidadãos e cidadãs.
Alertados para a situação exposta pelo censo, depois de participarem de uma audiência pública sobre o tema, no meio da semana que passou, a vereança local, liderada pelo vereador Ricardo Rodrigues (PT), presidente da Câmara Municipal, desembarcará, nesta segunda-feira, 13, em São Luís, para se associar a outros edis do estado em evento voltado para fortalecer o municipalismo no Maranhão.
Em seu périplo na Ilha do Amor, por certo, nossos vereadores colherão preciosos subsídios à revisão do Plano Diretor de Caxias, tomando por base o espírito que paira sobre os vereadores ludovicenses, ao votarem a matéria do novo Plano Diretor de São Luís, nesta segunda-feira, 13.
Reconstruir a cidade, oferecê-la a seus munícipes e investidores com um novo plano diretor, um novo código de posturas também, será o passo inicial decisivo de nossos parlamentares, para ajudar os esforços da gestão municipal, pois, infelizmente, chegamos a ponto sem volta que ninguém mais acredita que Caxias tenha jeito.
Veja-se, como exemplo, que a cidade está prestes a ganhar um shopping para os comerciantes informais; no entanto, ninguém faz fé que os vendedores ambulantes deixem os espaços que ora ocupam nas ruas, nas avenidas e nas praças de Caxias, e que as calçadas novamente sejam dispostas em condições de fazer fluir o trânsito de pedestres na cidade.
Ora, sem ao menos isso, como é que iremos ter a capacidade de atrair investidores para o município, já que ninguém gosta de vir para lugar desarrumado?!! Na verdade, chegou a hora de impactar a cidade, banir problemas que passaram a ser corriqueiros no imaginário popular.
Faz mal que as pessoas digam e propaguem que falta medicamento nas unidades públicas de saúde, espalhem que Caxias é insegura, porque está entregue às gangues bancadas pelos traficantes de drogas, que ganham as ruas, as praças, aterrorizando de todas as formas nossa população. São essas mazelas que precisamos desconstruir primeiro, para nossa cidade poder progredir e atrair os empreendimentos que tanto necessitamos.
PUBLICIDADE