A semana que passou foi ilustrativa da triste situação de penúria que os caxienses estão vivendo nos últimos tempos. Em nenhum momento, como agora, se evidencia aquela triste expressão cunhada por seus filhos apaixonados: Caxias, cidade do já teve. E ficar de fora da programação do governo federal que instalou internet 5G nas 13 primeiras cidades maranhenses foi o atestado, a comprovação, de que nossa terra não é vista mais por sua importância no contexto da história maranhense.
Desculpas burocráticas do Ministério das Comunicações que, por sinal, até quando ainda se não sabe, é dirigido por um maranhense, caíram como água fria no imaginário popular gonçalvino, porque só mesmo um empedernido burocrata seria capaz de dizer aos nossos repórteres que a cidade só terá 5G lá pelo idos de 2027, conforme está programado. E nosso município, hoje com cerca de 180 mil habitantes, cedendo lugar para cidadezinhas menores que o nosso bairro Volta Redonda, um fato para lá de vergonhoso, como afirmaram durante a semana os vereadores Darlan Almeida (PL) e Catulé (Republicanos), na Câmara Municipal.
Para piorar as coisas, neste sábado, o governador Carlos Brandão (PSB) empossou todo o seu secretariado em concorrida solenidade em Imperatriz, mas não se viu nenhum caxiense em algum posto do primeiro escalão do governo, e apenas o ex-deputado estadual Adelmo Soares (PSB) figura numa secretaria adjunta da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), órgão que dirigiu com brilhantismo na gestão do ex-governador Flávio Dino (PSB). E Imperatriz, onde Carlos Brandão teve somente 33% dos votos, enquanto Caxias lhe deu 47% dos sufrágios válidos, foi distinguida com cargos no primeiro escalão e com uma grandiosa festa, isso apesar do então vice-governador ter convivido com o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) como se fossem irmãos, durante a campanha eleitoral caxiense de 2020, no intuito de roubar a cena do senador Weverton Rocha (PDT), como de fato aconteceu, graças ao prestígio de FG, tanto em Caxias, como em toda a região do entorno do município.
É bem verdade que, tão logo assumiu, o governador trouxe à cidade alguns bons investimentos. Instalou uma policlínica médica, colocou em funcionamento o Hospital de Traumatologia e Ortopedia, a mais especializada e aparelhada unidade do gênero no interior, e mudou a gestão do Hospital Macrorregional de Caxias. Mas depois disso, tudo parou em relação a Caxias. A saúde perdeu força ao ponto das unidades hospitalares ficarem sem medicamentos, a excelência do serviço do Hospital Macrorregional diminuiu, e os problemas, de toda ordem, só crescem no município.
A prefeitura, por exemplo, parece estar tão estrangulada que não consegue mais pagar aluguéis de prédios e vem sendo fustigada por ações de despejo movidas pelos proprietários locadores. Foi deprimente, nesta semana, assistir-se a forma humilhante de desocupação do prédio que ocupava a Secretaria Municipal de Sáude, na rua 1º de agosto. Por outro lado, a estação chuvosa chegou, mas não houve a prometida ajuda estadual para a recuperação das estradas vicinais que cortam o município e são muito importantes para os trabalhadores e produtores rurais.
E pensar que há cerca de oito anos os caxienses brilhavam no cenário estadual, tendo o deputado Humberto Coutinho à frente da Assembleia Legislativa do Maranhão. E ficamos nos perguntando: que mudança brusca foi essa que relegou Caxias ao abandono e nos ameaça jogar no ostracismo em que figuram os falidos da vida política?!!!
Alguns mais otimistas apostam que o cenário foi preparado e tem um propósito firme com as eleições de 2024. No entanto, é difícil acreditar que, enquanto as demandas crescem como rabo de cavalo no município, onde se assiste a degradações de toda ordem, como insegurança por ações da marginalidade nas ruas, trânsito de veículos caótico, ruas e avenidas deterioradas e necessitando de novo asfaltamento, dentre outras mazelas, tudo isso se resuma à execução de um plano estratégico com fins políticos, entendendo-se que, ao prestigiar, agora, políticos da cidade, o governador estaria distinguindo melhor alguns pretendentes à sucessão municipal, em detrimento de outros.
Não obstante, se é incerto ainda saber o que se passa nos bastidores políticos da cidade, ou melhor, o que está acontecendo mesmo de verdade, mais dúvidas são inseridas em nossas cabeças a partir do instante em que parlamentares da Câmara Municipal afirmam que não podem votar um novo código tributário para o município, tomando por base o atual plano diretor da cidade, que foi homologado em 2006. E esta lei é clara quando frisa que a sua perspectiva de validade é de 10 anos, estando, portanto, já defasada e a merecer as devidas correções, a exemplo do que já vem ocorrendo em muitos outros municípios brasileiros, inclusive no município de São Luís, a capital do estado.
Enfim, talvez seja mesmo essa lentidão que tomou conta da cidade, esse desrespeito a todas as normas que prevalecem nas cidades mais antenadas com a modernidade, o fator responsável por estarmos ficando para trás na vida maranhense e brasileira.
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