Caxias-MA 23/11/2024 23:37

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Melhor fazermos o dever de casa


A sociedade humana ainda não entendeu que é preciso fazer o dever de casa, aquela tarefa de estudante, para poder progredir na história, ou melhor, na vida. Nos últimos meses, por exemplo, muitos países, e o Brasil no meio, estão enfrentando cataclismos sem precedentes inclusive com muitas perdas de vida. 

Nos Estados Unidos e no Canadá, por esses dias, a temperatura chegou à escala de mais de 40 graus negativos; na Turquia e na vizinha Síria, além das temperaturas muitos baixas, terremotos que chegaram a aproximadamente 8 pontos na escala Richter (o máximo é 10), destruíram cidades inteiras na fronteira dos dois países, deixando um saldo de mais de 40 mil mortos.

Em nosso país, em repetição a tragédias anunciadas em Brumadinho (MG) e Petrópolis (RJ), por exemplo, uma enxurrada, que mais pareceu um tsunami, fruto de uma absurda chuva torrencial de mais de 850 milímetros, destruiu grande parte da cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, legando enorme prejuízo material, e um saldo, hoje, de  54 vítimas fatais, número que não cessa de crescer à medida que as equipes de resgate agem na região atingida à procura de pessoas desaparecidas. Nunca houve relato de coisa parecida na história nacional. 

Exposta a situação, é preciso pôr a cabeça para pensar, para entender-se o por quê de tantas adversidades estarem acontecendo.

Óbvio que muita gente mais versada na ciência pura vai dizer que esses e outros fenômenos negativos são obra do acaso. Olhando somente para os próprios umbigos, e pisando no solo da Terra, ou vagando pelos oceanos, rios ou lagos, mesmo vislumbrando o céu azul ou plúmbeo, o homem vai assimilando tudo isso como uma coisa natural no contexto da vida de um planeta que já tem mais quatro bilhões de anos de existência; entretanto, salvo à chegada inesperada de um asteroide que modificou um pouco o cenário terrestre, tudo o mais que tem acontecido decorre atualmente da ação da presença do homem no planeta.

Quem já foi tocado a ver o cenário pelo prisma da espiritualidade, no entanto, mesmo apoiado nos conhecimentos científicos, entende que a vida é algo muito além da morte, ou melhor, que ela não cessa nunca, simplesmente porque tudo que morre inevitavelmente sempre se transforma. Nosso próprio corpo, dentro da sepultura, ao se decompor, vai integrar a vida mineral, para servir a outros estágios da vida que não são vistos por nossos olhos. E, assim, o ciclo da vida vai se renovando contínua e perpetuamente.

Atualmente os cientistas sabem que a morte de uma estrela irá corresponder ao surgimento de outras também acompanhadas de planetas, dentro de um processo evolutivo que só se amplia cada vez mais. As galáxias, que se movimentam da mesma forma que os sistemas planetários em torno de uma estrela como o nosso Sol, se não desaparecem como entidades únicas, chocam-se com outras para transformarem-se em novos titãs na ordem universal.

Não obstante, esse é o sentido da vida física, mas, e a vida espiritual, que nos foi legada a entender pelo Criador de tudo que é visto e que não é visto, após muitos séculos de profecias anunciadas que se materializaram com a presença de Jesus Cristo entre nós?!!! Sim, porque foi depois da propagação da mensagem evangelizadora do mestre JC que a humanidade vem tentando conviver civilizadamente. Tomando consciência do que os pesquisadores nos informam acerca do que acontecia há cerca de dois mil anos, já nos é possível vislumbrar o modelo de sociedade que imperava no grande e majestoso império romano, e o cenário não era em nada melhor do que o que vivenciamos hoje, muito pelo contrário!

O mais incrível em tudo isso é que parte da humanidade descrente na espiritualidade, e consequentemente na vida eterna, não entende que as mortes que estão se sucedendo são, na verdade, um estímulo aos que ficam a modificarem para melhor o modo de vida no planeta. Não se trata de um castigo celestial, se é possível utilizarmos o termo, mas um empurrão para deixarmos de lado certos modelos que impedem a evolução humana no plano da existência; e isso é crível porque já desfrutamos de tecnologia suficiente para vivermos, por conseguinte, sem o uso venenoso dos derivados do petróleo que assolam todos os dias o planeta, ocasionando os malefícios através dos quais estamos sendo vítimas.

Como resultado dessa crise climática, chove muito em lugares onde chovia menos, e estiagens se prolongam onde chuva nunca foi problema. A Itália presencia, talvez, a maior seca da sua história, enquanto o Rio Grande Sul, estado modelo de produtividade em nosso país, está vivenciando um estado de calamidade pública em mais de 320 municípios, em decorrência da prolongada falta de chuvas. Daí, é de se imaginar o prejuízo que tais fenômenos acarretarão para a economia do mundo, e mesmo a brasileira, porque, se chove muito em um lugar e pouco em outro, o resultado disso sempre será prejudicial para todos, já que ninguém pode sobreviver sem alimentar-se e beber água potável. 

Então, cenários decorrentes de fenômenos climáticos pedem a atenção da humanidade no sentido de pensar-se rapidamente em substituir os modelos de obtenção de energia poluidores por meios que nos ofereçam energia limpa e sustentável; enquanto os terremotos sugerem que é imperativo modificar o modo de pensar, olhar as demandas das maiores parcelas da sociedade, em questões relativas ao mínimo de  três refeições diárias a todas as famílias, além de cidades com mais saneamento, que preserva a saúde e o meio ambiente, e moradias decentes aos mais diversificados extratos da população.

A Turquia, décadas atrás, já fora atingida por terremotos que ceifaram a vida de 15 mil pessoas. Depois disso, nada foi feito, e, agora, está aí o resultado da falta de diligência, através da leniência de descuidar da configuração técnica dos prédios que precisariam estar adaptados para a ocorrência de eventuais sismos, levando-os a desmoronarem como castelos de cartas e soterrando bens e vidas nos últimos eventos deste mês de fevereiro que se finda.

Por outro lado, só para dar uma ideia do número de pontos sujeitos a sofrerem inundações e a deslizamentos de terra, hoje, no Brasil, são mais de 40 mil regiões, envolvendo nada menos do que cerca de 10 milhões de pessoas. Quer dizer, se os governos federal, dos estados e dos municípios,  atentarem logo para a situação, muito em breve será possível pôr em prática um plano preventivo para evitar-se que tragédias do gênero continuem a ser presentes na vida do povo brasileiro.

Outro fator a ser levado em conta para mudar a situação será o homem se impor sobre o egoísmo, essa virtude negativa que insiste em se sobrepor sobre tudo que  diga respeito à presença do homem nesta vida. E, dessa forma, configurado em todos os campos de atividades e profissões, estabelecido em um gradiente que abrange da economia aos segmentos sociais.

Assim, se nosso planeta está sobrecarregado de emissões de carbono, por isso temos o espectro climático fora de controle; sem distribuição mais equânime da riqueza, os trabalhadores ficam desempregados, as famílias se esfacelam, e os filhos, abandonados à própria sorte, não pedem mais o concurso da escola, mas o apoio do nefasto mundo das drogas e da criminalidade, que se apresenta como meio de sobrevida mais lucrativo e de fácil acesso. Por falta de condições para morar, famílias se instalam em locais nitidamente perigosos e insalubres; e ninguém leva em conta essas premissas, procurar as soluções mais viáveis e seguras,  mesmo dispondo dos meios tecnológicos que o Criador já colocou ao nosso alcance para vivermos melhor.

Deus, em sua infinita misericórdia e bondade, no entanto, não se esquece dos filhos inteligentes que criou e, como bom pai, vai nos mostrando que temos a obrigação de fazer o dever de casa, seja pela própria vontade ou pela dor.


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