Muito interessante o clima da política dentro do legislativo caxiense. E o mais incrível é assistir-se apenas dois vereadores de oposição ao governo dando o maior trabalho para uma bancada de 17 membros que lhe dá sustentação. Em todas as sessões, após os pronunciamentos dos vereadores Daniel Barros (PDT) e Luís Lacerda (PCdoB), os situacionistas se revezam defendendo a gestão municipal das acusações.
Algumas defesas protagonizadas pelos vereadores Mário Assunção (Republicanos) e Professor Chiquinho (Republicas) sempre primam pelo embasamento técnico das colocações. Outras vão pelo caminho da jocosidade, como o fato do vereador Júnior Barros (PMN) recomendar na última quarta-feira,15, que Lacerda passe a usar mais óleo de piqui em sua dieta, um fruto farto nas chapadas da terra que é muito valorizado como comestível e estimulante das funções cerebrais, no sentido do colega refrescar sua memória aos tempos em que defendia com unhas e dentes a gestão do ex-prefeito Léo Coutinho, mesmo diante do fracasso da administração da Maternidade Carmosina Coutinho, responsabilizada pela morte precoce de centenas de bebês.
Olhando as coisas sob o prisma do leitor, o problema talvez não seja a forma como os oposicionistas apresentam certos vacilos da administração municipal, mas sim a concretude dos mesmos, principalmente quando se apoiam em demandas das áreas de infraestrutura e saúde, haja vista que é inegável que muita coisa está deixando a desejar nesse sentido em nosso município, e é a própria população que reclama da falta de remédios, que o atendimento é muito precário nos hospitais públicos, agora, inclusive, no Hospital Macrorregional de Caxias, e que muitas ruas da cidade estão esburacadas e estradas vicinais vão ficando intrafegáveis com a chegada da estação das chuvas; situações, convenhamos, muito difíceis de ser amenizadas somente com palavras.
Os oposicionistas trouxeram para a última sessão, além de fatos requentados da saúde pública, a questão do retardamento do início das aulas nas escolas municipais. Enquanto defendiam que as escolas do município já deveriam ter aberto o ano letivo bem antes do carnaval, os governistas demonstraram em plenário que a secretária municipal de Educação Ana Célia Damasceno estava certa em determinar a reabertura das aulas só a partir de 27 de fevereiro, para haver tempo de ser concluído o trabalho de reforma em mais 50 escolas do município, que está em curso. Mário Assunção ressaltou que, à essa altura dos acontecimentos, mais importante para o município é o alunado municipal cumprir, em 2023, os 200 dias do período letivo anual.
Talvez pressionados por suas bases eleitorais, os dois parlamentares da oposição, apoiados pelo vereador Catulé (Republicanos), deram entrada em um projeto de lei para obrigar a Prefeitura de Caxias a doar fardamento e material escolar aos alunos da sua rede de ensino. A demanda, em que pese ser muito bem recebida pela população, conforme lembrou o vereador Professor Chiquinho, não terá condições de ser atendida imediatamente, porque não foi prevista na lei orçamentaria aprovada no final do ano passado. O parlamentar enfatizou que houve essa falha na LO simplesmente porque ninguém especificou uma emenda para tal fim. Contudo, deixou claro que ainda há uma possibilidade de algo nesse sentido ser feito até o final de março, por conta de uma lacuna de receita orçamentária que ainda está sendo negociada na esfera federal. Mário Assunção reforçou a argumentação do colega, explicando que a verba do FUNDEB não pode ser desviada de finalidade e que cerca de 70% da mesma é para o pagamento dos salários dos funcionários da educação de Caxias.
Dos temas tratados na última sessão, apenas a denúncia de inoperância da rede de câmeras públicas de vigilância da cidade ficou sem resposta. Mas, como vem dizendo o vereador Catulé, desde as primeiras sessões legislativas do ano, já está dando gosto participar de reuniões que protagonizam debates interessantes, em favor do município e da comunidade caxiense, sob a direção do jovem presidente da CMC, vereador Ricardo Rodrigues (PT), que tem deixado a palavra correr solta dentro do plenário da Casa.
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