Doação de sangue é um assunto cada vez mais recorrente hoje em dia em Caxias, como de resto em todo o país, porque os problemas da rede hospitalar da cidade são os mesmos identificados em outras urbes brasileiras.
Ninguém tem dúvida de que há necessidade de estocar o precioso insumo para poder atender às demandas de saúde, que são cada vez maiores, em face do crescimento da população; e população grande também é sinônimo de amplitude nas demandas de tratamento de saúde, ocasionadas por problemas congênitos ou adquiridos, acidentes domésticos e, em maior escala, no momento, os acidentes automobilísticos, em função do exorbitante número de veículos que circula diariamente pelas vias do município.
Por conta de tal situação, os servidores do hemonúcleo de Caxias, apêndice do Hemomar estadual, sofrem para suprir os estoques de tipos de sangue da unidade, via de regra captados através de doações voluntárias. É que chegam determinadas épocas do ano em que a situação, como se diz, ameaça ficar muito crítica com a chegada de períodos festivos, a exemplo do carnaval que se avizinha, quando o povo se torna mais arisco, comete imprudências, e muita gente termina indo parar no hospital.
O problema é que a doação de sangue está mais ligada aos sentimentos dos doadores. Existem casos em que os doadores o fazem por necessidade do próprio organismo, mas o maior número de doações provém dos que são levados a participar espontaneamente das campanhas de arrecadação. Então, é imperativo, aos que organizam essas arrecadações, sensibilizar o maior número possível de eventuais doadores, e também contar com parcerias dispostas a participar da causa, a fim de que tais campanhas tenham êxito.
Se não resolveu o problema de todo, pelo menos foi expressivo o resultado da 2ª Campanha “E se fosse você?”, levada a efeito na sede da Câmara Municipal de Caxias (CMC), nos dias 17 e 18 de janeiro passados.
Nesses dois dias foram colhidas 95 bolsas de sangue para o Hemomar/Caxias junto a voluntários que acudiram à convocação dos vereadores da cidade, sob a liderança do novo presidente da entidade, o vereador Ricardo Rodrigues (PT), que iniciou a sua gestão pelos próximos dois anos, mesmo em período de recesso legislativo, dando sequência ao trabalho iniciado na gestão do saudoso vereador Teódulo Aragão, quando a casa do povo de Caxias abriu mais as suas portas para interagir e atender as demandas da população.
Todo mundo sabe que o ato de doar sangue preferencialmente acontece na sede do Hemomar/Caxias, localizado no bairro Campo de Belém, à avenida Walter Brito, nas proximidades da Maternidade Municipal Carmosina Coutinho. Então, se é assim, porque as doações não fluem naturalmente aos pedidos do órgão, que tem que arregaçar as mangas e cair em campo, atrás do previdente e indispensável abastecimento para suprir os hospitais caxienses?
Com certeza, alguma coisa desse trabalho de cooptação está deixando a desejar, até fugindo à atenção de quem opera na área, porque foi só a Câmara Municipal disponibilizar suas instalações, funcionários realizando atendimento e panfletagem, enfim, oferecendo comodidades, lanches, que os doadores e doadoras rapidamente apareceram.
Em vista disso, refletindo sobre o contexto, talvez seja a hora do poder público pensar em um local permanente de arrecadação de sangue no centro histórico de Caxias, inclusive aparelhado confortavelmente para melhor receber os voluntários. Afinal de contas, é mais do que justo que uma pessoa que doa seu sangue para outrem com amor, seja, no mínimo, muito bem tratada. E gestos, do gênero, costumam ampliar as empatias e as amizades.
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