Muita gente se surpreendeu com a ascensão do jovem vereador Ricardo Rodrigues (PT) ao comando da Câmara Municipal de Caxias (CMC), para dirigir o poder no biênio 2023/2024, ou seja, a partir de janeiro do próximo ano. Como não houve articulação visível na casa nesses últimos dias de dezembro do ano em curso, a argumentação que ganhou mais peso foi a de que seu nome ao posto mais alto da chapa única que concorreu e foi aprovada por unanimidade à próxima mesa diretora teve orientação direta do prefeito Fábio Gentil (Republicanos). E o prefeito não agiu à toa, mandou recado a apoiadores inconformados, muito menos demonstrou preferência pessoal para a escolha. Ele simplesmente agiu como se deve agir no campo político, sobretudo quando há controle efetivo de todas as ações.
Ora, em primeiro lugar, FG deve ter a confiança de RR para o cargo, já que o conhece mais amiúde desde que assumiu o primeiro mandato e lhe reservou lugar de adjunto na Secretaria Municipal de Governo, o ajudou a se eleger vereador nas eleições de 2020 e, por fim, chancelou-o como líder da bancada do governo, função que desempenhou na CMC por quase dois anos até se licenciar para poder agir com mais desenvoltura nas campanhas de suas pupilas: a companheira deputada estadual Daniella (PSB), e a filha Amanda Gentil (PP), ambas vitoriosas. A primeira, reconduzida à Assembleia Legislativa Estadual, em São Luís, e a segunda, eleita para a Câmara dos Deputados, em Brasília.
Por outro lado, há que levar-se em consideração que os tempos políticos também mudaram no país, após a vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) para um terceiro mandato na Presidência da República. Embora fazendo parte do bloco de partidos que deram sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), na última campanha o prefeito de Caxias trabalhou para reeleger o governador Carlos Brandão (PSB) e para eleger o ex-governador Flávio Dino (PSB) a senador da República, claramente esperançoso de que os dois, principalmente Flávio Dino, possam abrir mais as portas do futuro governo federal para Caxias, facilitando no atendimento das muitas demandas que a cidade reclama na área infraestrutural e de saneamento.
A opção política do vereador Ricardo Rodrigues, por sinal, caiu como luva às apreensões de Fábio Gentil, já que assim poderá desembarcar em Brasília, a partir de janeiro, na companhia de um petista legítimo, chancelado inclusive pelo atual vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), que aprovou com entusiasmo a indicação, e certamente sob os olhares complacentes de Brandão e Dino, satisfeitos com a maturidade política demonstrada pelo prefeito de Caxias.
É preciso entender que o terreno da política muito se assemelha a um campo de batalha, onde, para o soldado e seus comandantes, o que importa é sobreviver para que a luta siga em frente até à vitória final. Evidente que quem está numa situação dessas sofre muito com as adversidades, pois há casos de eventuais perdas dolorosas de parentes e de amigos. Contudo, não adianta ficar chorando, remoendo lembranças, claro, que são muito caras, pois a vida tem que continuar.
Com esse entendimento, fica bem estabelecido o posicionamento do alcaide de Caxias no episódio. Mas uma incógnita resta sem oferecer uma solução definitiva: o Partido dos Trabalhadores de Caxias vai ter candidato próprio à sucessão municipal de 2024, ou apoiará o desejo de FG de lançar o sobrinho Gentil Neto para o seu lugar?!!! Talvez haja uma amarração que ainda não se tem conhecimento, porque em política tudo é possível. Mas, que será uma tentação para o PT no poder querer ganhar também o governo do município, isso também tem grandes possibilidades.
Como em um jogo de cartas onde os naipes e sequências lhe são favoráveis, Cabeludo acredita que tudo caminhará no rumo certo. E todo bom jogador sabe que, às vezes, tem que arriscar, ou mesmo blefar, para vencer. Enfim, sabe que a madeira da árvore corre o mesmo risco que o fio do machado.
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