Caxias-MA 21/08/2025 11:22

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

O preço da política


A semana transcorreu em meio a um forte abalo na classe política de Caxias. Se na noite de terça-feira (06) o clima foi festivo na Câmara Municipal, devido à festa da entrega do título de cidadania caxiense ao vereador Antonione dos Santos Silva (PV), o popular Torneirinho, que é natural de Imperatriz, na quarta-feira (07), à altura das 6 horas da manhã, o presidente do legislativo de Caxias, vereador Teódulo Aragão (PP), e o assessor da prefeitura, Sinésio Aquino, marido da vereadora Cynthia Lucena, perderam a vida em acidente automobilístico na estrada federal para Teresina. 

Além de deixarem os familiares, amigos e correligionários na orfandade, os dois desfalcam também a equipe do prefeito Fábio Gentil, já que ambos eram muito próximos do alcaide municipal, inclusive por laços de parentesco. Sinésio era o homem que todo dia fazia questão de acordar o prefeito, e quase sempre, juntamente com Teódulo, eram os primeiros a conversarem com ele, quando se encontrava em casa ou no sítio da família. 

Ambos herdaram a convivência de participar da política local pela influência do saudoso deputado Zé Gentil, que muito os incentivou e transformou TA no edil mais votado em Caxias, situação que o levou a ser escolhido presidente da CMC, e, Sinésio, elegendo a esposa na mesma eleição municipal de 2020. Os dois se encontravam no ápice da vida. TA, com 44 anos, e Sinésio, com 50 anos. E seus objetivos já estavam claramente definidos: Teódulo já estava lançado e em campanha antecipada à sucessão municipal de 2024; e Sinésio, de compromisso assumido com Fábio Gentil para acompanhar a jovem deputada federal Amanda Gentil, em Brasília, a partir de 2023.

É lamentável constatar-se a grande conta que a política às vezes cobra de quem dela faz parte, principalmente quando o sonho maior é realizar alguma coisa e deixar um legado para a posterioridade, como idealizava Teódulo Aragão, que, aos amigos, costumava confidenciar que não queria viver da politica, mas fazer dela um meio para melhorar a vida dos outros.

Logo que assumiu o comando da CMC, a sua primeira meta foi tentar construir uma nova sede para o poder, por entender que a casa precisava realizar um concurso público, mas não tinha espaço para acomodar o funcionalismo parlamentar e administativo. Não conseguiu, porque a sua gestão transcorreu em meio à pandemia do covid-19 e os recursos estiveram escassos. Mas, mesmo assim, saiu de cena deixando o legislativo caxiense com ar renovado, onde a palavra de ordem passou a ser abrir o poder para povo. 

Nesses quase últimos dois anos, todos os meses a CMC esteve mergulhada em atividades voltadas ao público em geral, além do trabalho normal da edilidade. Todos os meses as campanhas nacionais de temas voltados para a saúde das pessoas, ou acerca de direitos humanos ou sociais, passaram a ter relevo no órgão. Exames para controle de diabetes, consultas de vista, coletas de sangue, idem, fazendo parte das atividades comuns e normais dentro do parlamento. E, assim, os portadores de deficiência de locomação ganharam um elevador privado para acessar o auditório da casa, enquanto o Portal da Cidadania passou a resolver, cinco dias por semana, problemas afetos à documentação das pessoas.

Nessa vivência frenética, a última ação dos dois, Teódulo e Sinésio, era fazer uma viagem rápida, a tempo de retornarem para a audiência pública que a Procuradoria da Mulher da CMC realizaria a partir das 9 da manhã, sobre o tema Feminicídio e Violências contra as Mulheres no Município de Caxias. A pressa, no entanto, de forma traiçoeira, os retirou do nosso convívio, deixando-nos dor e algumas incertezas quanto ao futuro. 

De modo inesperado, a política invariavelmente apresenta uma conta de preço relevante a quem convive com ela. A cidade, com certeza, sente o luto da perda dos dois, agravado pela eliminação da Seleção Brasileira de Futebol, nos pênaltis do jogo contra a Croácia. Mas isso, no entanto, é a vida, que segue para os sobreviventes.


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