“ARTHUR TINHA MAIS OBRAS A INAUGURAR, MAIS LIVROS A ESCREVER, MAIS LUGARES PARA VISITAR, MAIS AMIGOS PARA REVER...”

Irmãs e Irmãos em Cristo:

Nem todas as pessoas aqui se conhecem, mas todos conhecemos uma pessoa -- ARTHUR ALMADA LIMA FILHO.

Portanto, o Arthur, seja o Arthur desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão; o Arthur juiz de Direito, magistrado, promotor público, advogado; o Arthur professor, educador, reitor; o Arthur criador de escolas, de academias, do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias; o Arthur jornalista, gestor público e administrador na iniciativa privada; o Arthur pesquisador, historiador, escritor; sobretudo o Arthur pai de família, o Arthur gente, Arthur conterrâneo (de Caxias), Arthur colega (de Academias – Academia Caxiense de Letras, Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão – ASLEAMA, Academia Maranhense de Letras Jurídicas, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Instituto Histórico e Geográfico de Caxias...), Arthur companheiro (de Rotary Club), Arthur parceiro (de ideias e ideais) e o Arthur amigo (de sempre) -- esse Arthur Almada múltiplo e vário e ao mesmo tempo singular e único, é esse Arthur que, neste instante, aqui e agora, está presente em história e memória no coração e mente de cada um de nós.

Sua vida de 92 anos e 10 dias não se destaca porque foi longa -- mas, sim, porque foi frutífera, amiga, porque foi inteiramente, toda ela, voltada para o outro, seja no processo como advogado, seja na defesa de uma causa como promotor, seja na sentença como magistrado; seja educando, como professor, seja preservando história e patrimônio, como escritor e administrador.

Esse é o Arthur Almada Lima Filho, que, como se fosse um cambo ou uma fieira, nos trespassa e nos une a todos nós em saudade e gratidão pelos tempos ou momentos de convivência e interação, maiores ou menores, que ele teve ou manteve com cada um de nós. A memória de Arthur nos trouxe e nos reuniu aqui.

Irmãs e Irmãos em Cristo:

Esta fervorosa missa não é apenas para lembrar que Arthur morreu há sete dias. Com esta missa estamos também lembrando que ele mudou de vida, que ele renasceu para a Vida Eterna. Arthur Almada não era só um homem só; era também um nome, coletivo -- da família, sobretudo, do pai, que o legou para o filho. Nome é tudo. É o que é mesmo quando deixamos de ser. É o que permanece mesmo quando deixamos de permanecer. O escritor e estadista alemão Goethe escreveu que o  nome de uma pessoa não é uma capa, mas uma pele: a capa se põe e se tira, se amarrota e se rasga; mas, a pele, ela se ajusta ao homem e passa a ser ele, e o que nela de inconforme ou agressivo se fizer, a ela, pele, se ferirá. E nome é para ser respeitado -- não ferido.

Para Arthur Almada, é quase certo que a saúde do nome era, e é, tão ou mais importante que a salubridade do corpo. E ele cuidava bem dos dois... Afinal, como pesquisador diligente e gestor competente, ele tinha um mister a desempenhar e mistérios a decifrar. Arthur tinha mais obras a inaugurar, mais livros a escrever, mais lugares para visitar, mais amigos para rever... Arthur tinha mais conversas para conversar, mais breves graças para contar, mais livros para ler, mais versos para declamar...

Arthur tinha mais Francês para falar, mais Latim para citar, mais Português para bem cuidar, mais lições para dar... Arthur tinha mais o Belo para apreciar, o Tempo para aprender, tinha mais que realizar, tinha mais -- muito mais -- para viver... Arthur, pelo visto, ainda tinha muito que fazer -- e, se não tivesse, iria procurar... pois depois, muito depois, teria a Eternidade inteira para descansar...

E esse descanso veio há sete dias, perto das 5 horas da manhã de 27 de outubro. Ainda recebeu pessoas em seu leito no hospital, porque, afinal, a hospitalização do Arthur não adoeceu a hospitalidade dele...

Irmãos e Irmãs em Cristo:

Sabemos que o ser humano não ganha a salvação pelas obras, nem pelo conhecimento, mesmo pelo dízimo, sequer por sua bondade e compreensão. Sabemos, como está na Palavra de Deus, que a salvação vem pela Graça. Graça de Deus. Graça que só “Arthur, pelo visto, ainda tinha muito que fazer -- e, se não tivesse, iria procurar... pois depois, muito depois, teria a Eternidade inteira para descansar...” a Ele, Deus, cabe conceder, e compreender. Sabemos, como nos antecipa o Eclesiastes, que nós seres humanos, humanos e humildes, não temos domínio sobre o espírito, muito menos temos poder sobre o dia da morte. Não podemos perceber toda a obra de Deus, e, por mais que a procuremos, não a encontraremos; por mais que afirmemos que a conhecemos, jamais a compreenderemos.

Mesmo assim, em nossa pequenez ante os desígnios e grandeza divinos, mesmo assim, Deus, Te pedimos, porque Tua própria Palavra, em Mateus e Lucas, recomenda e estimula: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vosá. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á”. E é assim, Senhor Nosso Deus, que humildemente Te pedimos não por nós, mas pelo nosso irmão e amigo Arthur Almada Lima Filho, para que, por Tua infinita Graça, ele seja recebido em Teu Reino, lhe seja concedida a remissão dos pecados e permitido o usufruto do descanso eterno. E para os familiares de Arthur, compreensão, fé e força nestes dias de dor, luto... e saudade.

Fica em paz, Arthur. Encontraste nos Céus, verdadeiramente, a tua morada. Pois Caxias, pelo imenso amor que a ela tu devotavas e pelo grande ardor com que a ela defendias, Caxias era para ti mais que CASA -- era uma CAUSA...

Que o Nosso Pai que está nos Céus acolha a alma do nosso irmão Arthur e, se não for pedir demais, tenha piedade de nós que ainda estamos escapando neste lado de cá da Vida... Amém.

(EDMILSON SANCHES)