Eles distribuem santinhos pelas casas, balançam bandeirolas pelas praças.
Caminham em passeatas.
Passeiam em motociatas e carreatas.
Funcionam como recheio atrativo nos comícios e visitações de seus candidatos/contratantes.
São Joãos e Joanas desempregados.
São Marias e Josés sem lugar no mercado.
Carlos e Carolinas que, resvalando em um subemprego, pegam essa renda extra.
Um povo que sabe que o Sol nem sempre brilha, mas, quase sempre arde.
E faz do corpo uma cachoeira de suor.
Um povo que sabe da secura e da sede.
Sabe o que é o calor de um ônibus lotado.
Sabe o que é o desassossego de viajar em Pau-de-Arara ou no ajuntamento de uma carroceria de caminhão.
Uma gente que compassa passos nos mais diversos lugares. E, que não em exceção, são olhados de revesgueio por populares.
E que aqui, ali, sofrem assédio moral de seus coordenadores.
Esse povo é gente!
Esse povo é humano!
Por isso, é bom que se lembre que não merecem serem alvo de olhares de superioridade travestida de piedade.
Esse povo trabalha.
É uma oportunidade agarrada.
E se todo trabalho é digno, eles merecem, ao menos, o nosso respeito a sua prática de dignidade.
Até porque eles estão bandeirinhas.
E, embora isso não seja motivo de vergonha, esse trampo, não os definem, nem mortificam suas metas, objetivos e a concretização individual de seus sonhos.
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