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"Quem madrugou, madrugou! Quem não madrugou, não madruga mais!"
É praticamente impossível ter morado no Cangalheiro, nas três últimas décadas, e não ter lido o parágrafo anterior, com a lembrança mental da voz do saudoso Paulo Magro, que, a cada raiar de sol, ditava isso na sua 'Voz do Mangueirão'.
Nascida em consequência dos tempos áureos do Clube do Mangueirão, em uma fase em que o rádio começava a se popularizar e o acesso a Televisão ainda era elitizado, essa voz comunitária possibilitou aos cangalheirenses um acesso gratuito a informação. E, como Seu Paulo frisava: "nascida com o propósito de falar de um, tudo".
Não demorou muito, a 'Voz do Mangueirão' se firmou como um baluarte tradicional do Cangalheiro. E uma das graças, no tempo de Seu Paulo, era acordar ao som do canto do galo, reproduzido nessa Voz, ou ficar atento, tal qual o som do plantão da Globo, quando a gente escutava o instrumental de 'Nossa Senhora' de Roberto Carlos, prenunciando as notas de falecimento.
Ao nos deixar em 2016, aos 81 anos, Seu Paulo Magro nos deixou também 36 anos de um trabalho valoroso e amoroso que fizera em favor da comunicação. Além de ter, de sua forma, conquistado espaço nas memórias afetivas dos moradores desse bairro. Feito que seu filho Denilson aceitou herdar e levar a diante.
E, sei que não estou só, no desejo de que essa Voz não emudeça, nem perca seu espaço. Pois, é natural daquilo que tem valor de tradição, perpassar gerações, não por ser negócio, mas, por ter alcançado respaldo na cultura, além de morada no coração de quem a escuta.
Viva a 'Voz do Mangueirão!'
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