Meus avós deram a minha mãe e seus irmãos, a típica criação nordestina de direita: rígida ao extremo; regada à 'Nãos' constantes, e olhares fulminantes que os extremessiam de medo.
Um exemplo de tanta ignorância era obrigar - como algozes- os filhos à terem de comer tudo que estivesse no prato, mesmo que não apetecesse ao paladar deles e claro, o estômago não aceitasse. Diziam que "filho de pobre tinha que comer de tudo!". Em razão disso, não era incomum ver crianças passarem mal à mesa. Outro exemplo de subjugação, era os pais tolherem o direito das crianças conversarem diante à adultos.
A criação nordestina de direita, é claro mais opressiva às filhas mulheres do que aos filhos homens. Mulheres são vistas como leite, onde qualquer pingo, mancha. Homens são criados como gados soltos. Praticamente, podem tudo o fazer. São aliás, incentivados à fazer de tudo, e bem precocemente.
Uma vez tendo muitos filhos, muito pouca era a paciência dos pais de criação nordestina de direita, pois à qualquer mínima tranquinagem, a taca "comia".
Mesmo tendo recebido tal criação, minha mãe preferiu me dar outra: baseada no diálogo, na livre expressão, na paciência de esperar meu paladar e intestino estarem preparados ou não, para receberem alimentos mais fortes. Quando preciso foi, me pôs em castigos, seja do cantinho do pensamento, ou sendo retirado de ter prazer em alguma coisa que gostava. Nunca me violentou, nem bem menos me fizera vergonha em público. Sempre incentivou meu direito de fala. Ela assim, me deu uma criação nordestina de esquerda. Pergunta para quem me conhece de fato, se me tornei um tresloucado ou um marginal?
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