Não é do meu feitio desapontar ninguém, ainda mais, quando percebo que o outro falou algo que não teve a intenção de me magoar.
Nessa manhã, uma senhora, ao me ver em um comércio, veio toda sorridente ao meu encontro. Na conversa, revelou que muito me admirava, principalmente pelo jeito que me porto, o que segundo ela, lhe fazia lembrar o Clodovil.
(imaginem minha cara pálida, com um sorriso meia boca, ao escutar isso!)
Ela falou outras coisas mais, mas eu só conseguia lembrar do quanto Clodovil era esnobe, cheio de chiliques, fricotes, alter ego, de uma sinceridade ácida que revelava a mais pura deseducação e falta de empatia.
Uma alma frustrada que não aceitava sua condição sexual e dela se envergonhava. O tipo irônico do que se chama 'Gay de Direita', que além de depor contra o casamento gay, não acreditava existir amor entre iguais.
Eu não sei em qual nuance de Clodovil ela me viu comparado. E, do fundo de minh'alma espero que não seja nessas que todos nós sabemos.
De resto, era uma senhora, já aparentando seus 70, 75 anos. E, por sua meiguice e dadivoso carinho que me dirigiu, preferi não revelar à ela, que por mais talentoso que foi, em sua arte, Clodovil não me era, nem é parâmetro de ser humano a ser seguido.
Ela, sim, seria!
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