A história que sublinha a minha relação com a Olívia é iniciada a partir dos meus 12 anos, quando passei a integrar o Ministério de Música da Catedral, Coral por ela regido.
Logo, ao primeiro contato, sua doçura e amabilidade acessaram e reconfortaram o mais íntimo do meu ser. E, em meio àquele sentimento, assenti que tinha recebido um presente do Divino Deus.
Impossível não se sentir aconchegado por sua inata paz transmitida numa complexa e, ao mesmo, simples cadeia de palavras, olhares, abraços, gracejos e graças.
Sem que viesse a dar conta, em pouco tempo, já havíamos construído uma bonita relação e uma forte ligação.
E comecei a conhecer melhor, aquela menina que até o início de sua adolescência ia às missas dominicais, tendo aos braços e colo, bonecas de todos os tamanhos.
Como lhe era peculiar, Olívia adorava colocar apelidos carinhosos nas pessoas em que amava. Recebi dela a alcunha de 'Jhéssy'. Apelido que perspassou as paredes de nossa relação e foi aceito e vocativado por tantos outros queridos meus.
Muito mais que minha maestrina, encontrei nela uma amiga confidente e uma irmã dedicada que sempre dizia o quanto me amava e que, em tanto amor, sempre rezava a Deus por mim.
E, sei que fui pra ela muito mais do que um parceiro que omitia à sua família, todas as vezes que ela comia a macarronada mais calórica do mundo (risos).
Igual uma mãe que nunca esquece o filho ausente. Igual um pai que não fenece a esperança de ter de volta ao seu cuidado o filho pródigo. Ela nunca desistiu nem cansou de me reconvidar de volta às missas e ao próprio Coral da Catedral.
Durante a Pandemia, retornei ao Coral. Ol, estava muito feliz com isso e cuidou em me fazer sentir em casa, novamente.
Seu canto aveludado, seu toque harmônico na Cleide (Teclado) permaneciam ternos e adorativos.
E, sem nódoa alguma, esclareciam que era esse seu chamado, era esse dom por Santa Cecília lhe dado, que lhe fornecia ânimo, alegria e firmava sua fé em Deus.
Recentemente, contei a ela do Mar Vermelho que vinha atravessando, e ela, como se tivesse tudo bem consigo, tirou forças para mais uma vez me energizar e animar. E asseverou:
"-Conte comigo e minhas orações, Jhéssy! Você sabe o quanto te amo!"
Na última semana, pelo zap, como em um pedido de socorro, ela disse a mim que não estava bem, que vinha atravessando um outro tipo de Mar Vermelho.
Prometemos rezar um pelo o outro.
E sei que ela fez isso até o fim.
A singularidade de minha relação com ela, reflete naquilo que todos que tiveram a sorte de a conhecer, nela reconhecem:
Olívia era um ser de luz que veio ao mundo com a missão de iluminar vivências e com afabilidade direcionar estimados e queridos a caminhar nos caminhos da bondade e da caridade.
E é agora, em sua partida, que inconforta e mutila minh'alma, e de todos que a amavam, que se comprova que a Depressão não é falta de Deus.
Uma vez, que Deus sempre foi mais que presente, visto, reluzido e refletido, nessa menina que era os olhos do saudoso Dom Luís d'Ándrea. E, em seu carisma, se fez querida por toda a congregação católica de nossa Diocese.
Era sem dúvida uma alma boa, rara, que a todos amava, com todos brincava, alegrava e com estes, como mãe se preocupava.
Uma menina que, mesmo ao virar mulher, nunca abandonou a meiguice e o encanto com os animais.
Ela que construiu com sua irmã, a relação mais linda, profunda e profícua que já vi entre 'maninhas'.
Ol, que sobretudo viveu em favor dos outros, e, que dedicou sua vida e prazer para viver, cantar e divulgar o amor de Deus.
Obrigado por tudo minha amada Olívia!
Meu amor eterno e gratidão além vida terrena por tudo aquilo que você significou em minha vida.
Que o colo de Nossa Senhora te acolha e a leve, amorosamente, aos átrios de Deus.
E neste firmamento esteja certa que "se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes", iguais aos teus.
Ombros que levaram eu e tantos outros ao encontro do mais verdadeiro, genuíno, legítimo e incomparável amor: o Amor de Deus, de Nossa Senhora e Nosso Senhor!
Eu prometo nunca me deixar esquecer do que você me ensinou.
E muito obrigado por ter cumprido a mais linda e nobre missão de uma vida cristã: ter me levado pra mais perto de Deus.
Te amarei por todo sempre! Daí de cima, me olha!
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