O ser e a poesia advindos de mim
Minha poesia veste-me com essência sabedora ao interior a mim
e emudecendo meu grito ensurdecedor à negação que há nela.
é a prisão na qual sou condenado e estou
a extrapolar-me liberto à ambiência alheia.
é a imensidão em sal oceânico e chão cáustico, solitariamente, desértico...
é a diversidade de todas minhas linguagens artísticas sem plateia alguma...
é a obra que, humildemente, ofereço à humanidade...
é o ser a querer-se compartilhado a quem me necessitar...
e meus versos?
- são partes extraídas de minha alma inteira a se mostrarem inibidas aos outros seres sem aceitação nenhuma!
o que é minha poesia?
é a somatória das imagens etárias - do passado encontrado no presente - escritas na negação imagética do futuro.
obriga-me, fielmente, a negá-la em mim tal qual confissão ausente.
Pedaços de um eu algum
Há no meu eu o pulsar de um desejo
e no qual há, ainda, o quê, agora, almejo;
que o fim do somatório da minha dor
não interrompa os gritos do clamor;
face a um pedaço ser bem emudecido em mim,
e o meu outro resto é ouvido, mas ruim...
A sinfonia que me invade desde o nada
é bem-vinda, ainda que quase desafinada;
e eu a quero para sempre almejada
ainda que pouco executada;
face a um pedaço inaudível ser ilusão,
e o meu outro resto não, mas real solidão...
E os versos que, agora, eu escrevo
que não sejam lidos e cantados com desvelo;
mas, como a unicidade do momento
de um poeta imerso em seu eterno tormento;
face a um pedaço ser calado em mim,
mas o meu outro resto é ensurdecedor e ruim!
Nenhuns de mim
Vejam, há muitos alguns no meu eu nenhum...
enterrados no oráculo atemporal ao nada
múltiplos sem resultados ao mais
mas, inseparáveis ao menos!
Míseros sobreviventes por ser ou estar...
em alma de sentimentos e corpo de carne, sangue e osso
à inexistente complexidade inevitável
e necessária de também existir
Então,
não encenas tuas porções...
pois, sem protagonista e ou coadjuvante
a cena da vida é o ato à morte
se nenhum vier de ti a alguém
outros te negaram a ninguém...
então,
baixa a cortina do palco ao teu espetáculo sem platéia!
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