Vez em quando, os homens de mente sã põem-se à imaginação utópica e chegam a realizar viagens sem bagagem material em busca de dádivas possíveis.
Pois bem. Há algum tempo, sentado a uma mesa na confraria do Cantarelle, após ter deglutido várias doses do vinho da cana de açúcar, lembrei-me de dois vultos caxienses que, segundo os próprios, foram homenageados, ainda em vida, pela arte da música e da poesia. Trata-se dos saudosos: José Compasso, o Zé Pretinho, e, José Rodrigues de Sousa, o Zé mer..., aquela coisa.
Ambos, por inúmeras vezes, quando freqüentadores assíduos daquela confraria, teimavam em dizer que o músico Jorge Bem e o poeta Carlos Drumond haviam feito a música “A Banda do Zé Pretinho” e a poesia “José”, homenageando-os, respectivamente.
Peguemos, pois, carona na condução dessa viagem e chagaremos à enorme coincidência do comportamento humano de nossos vultos com os trabalhos dos valorosos artistas: o Zé Pretinho possuiu uma banda de música, à base de percussão, corda e sopro, que tocava muito nas festas da zona rural do município de Caxias e, lá, era sempre bem-chegado sendo, ainda, ótimo músico da Lira Municipal e o Zé aquela coisa, esteve, durante algum tempo, sozinho, sem mulher e com problemas no pulmão e, ainda, protestava à impossibilidade de cuspir ao chão, mas com maestria era ótimo dançarino e dançava a Valsa Vianense nos salões das memoráveis e antigas Casas Noturnas da cidade: Boite Madri, Casa Amarela e Bagdá.
A única verdade é que, na vida, os singelos homens de parca posse material, mas milionários de espírito alegre em viver, são pretensiosos protagonistas no teatro quase possível da vida e arte. E, assim, ratificam como protagonistas de personagens vivas e afixadas na memória popular de seus conterrâneos, que a “ARTE É AMIGA DA VIDA”, na dimensão terráquea.
Ambos, tanto o Zé Pretinho e o Zé aquela coisa, foram homenageados num jogo histórico, realizado num 1º de agosto, feriado municipal em homenagem à Adesão de Caxias à Independência do Brasil, entre as agremiações do River; o galo carijó piauiense e o América; que houvera sido campeão local da temporada de 1968 e fora enfaixado com honras pelo campeão piauiense daquele ano.
Convém enfatizarmos, portanto, algo que ocorrera naquela data em tal espetáculo de arte na modalidade esportiva do futebol: a equipe de uma emissora de Rádio, de Teresina – Piauí viera com objetivos de transmitir o espetáculo de arte na modalidade esportiva do futebol.
Pois, bem! Quando o narrador da emissora visitante fez o anúncio solicitante ao reporte de campo... – “senhoras e senhores ouvinte da Pioneira, vamos saber a escalação da equipe americana caxiense campeã da presente temporada, aqui, no futebol da Princesa do Sertão, e, neste momento, pedimos ao nosso companheiro posicionado na orla do gramado de jogo que nos informe a escalação da onzena titular americana!” e o reporte de campo prontamente anunciou... “- eis a escalação da equipe local: Onça, Doceiro, Mussuraca, Gereba e Sargassa, Tonca, Feixe de Talo, Zé Merda, Cascoré, Peixeiro e Grilo... e a suplência à disposição do técnico americano, o Gordo Bofão: - Catita, Lua, Alumínio, Veloz, Preá, Mambira e Piolho...” Detalhe: tanto o narrador quanto o comentarista e, ainda, o próprio repórter de pista, caíram numa gargalhada desenfreada e terminaram vertendo água e defecando dejetos alimentarem pós-digestão; de tanto gargalharem, desenfreadamente, face às alcunhas dos jogadores caxienses... O jogo não foi transmitido e só os torcedores presentes ao antigo estádio Duque de Caxias testemunharam o espetáculo futebolístico interestadual.
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