Tua história
Teu tempo, um lixo:
espetáculo mudo à vil face do falecimento
caído à lama e no palco da putrefação.
teu mentiroso corpo, em carne,
apodrecendo imerso na cova sem paladar.
Enigma editorial
O verso apodrece
qual verme habitante
nas vísceras da fome
e o poeta se faz pecado.
É pois,
A angústia indigesta
sob a ânsia do vomito
em pedaços do verbo
derramado ao papel.
Opção
Fui, sou e serei
o filho não pródigo
sem casa para retornar.
Sob um sol de brasas,
outros passos levam minha alma
- queimada e acasalada –
nos dias sem querer descanso
e na escuridão da noite,
como eu,
abandonada pela lua e estrelas
de um céu alheio.
Coração metafórico
Não músculo,
mas ferida séptica e inflamada
pelos esgotos da decepção
e cheios de alma consequente
da podridão a exalar
o odor mentiroso do sentimento foragido
- emigrante sem retorno –
a espirar aroma fúnebre da cal
sepultada em pedra, agora, permanente.
Partida
Homem:
você seja forte chegou o momento
enfrenta a morte faz seu pagamento
devendo na vida e credor do perdão
deixa na partida seu corpo para o chão
Vai para muito além, eu irei também.
Calada a matéria no lar sepultura
em respeito à santa criatura
grita o espírito aos pés do senhor
pergunta esse grito ao santo criador
Se direito tem de clamar amém!
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