Caxias-MA 07/07/2025 13:27

PUBLICIDADE

Responsive image

Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Será um milagre o finito de nós resistir ao infinito do tempo


Por: Edmilson Sanches|

Você sobreviverá ao túmulo? E o que o livro tem a ver com isso?

Uma é você te ruma história; outra, é a históra lhe ter

[...]

Como o sabem os médicos e biólogos --- mas não apenas eles ---, os seres humanos são finitos: nascem, vivem, morrem.

Somos os mais perfeitos (?) e complexos elementos da (ou na) Natureza,...

...somos os únicos com percepção de si mesmos,...

...somos os únicos organismos vivos que conferem sentido aos demais organismos vivos e às coisas materiais e imateriais que (n)os rodeiam e, entanto, somos seres de existência curta,...

...de escassa longevidade,...

...de pouco tempo de vida.

Enquanto isso, outros representantes do reino animal estão nadando de braçadas à frente dos humanos no oceano da vida. Há peixes -- carpas, por exemplo -- que vivem fácil mais de 220 anos.

Tubarões e lagostas sesquicentenários.

Tartarugas e baleias bicentenárias (e estas são mamíferos que nem nós...).

Ostras e moluscos de quatro séculos.

E nem se fale de certas águas-vivas (medusas), que, simplesmente, são imortais, voltam ciclicamente a ficar jovens após um tempo na maturidade, e assim vão vivendo... para sempre.

No reino vegetal, árvores de quatro milênios, como pínus, ciprestes e teixos.

E é de admirar a resistência, a duração dos pequenos, dos muuuuuuuuuuuuuuuito pequenos, os micróbios, que dominam no mínimo 80% da biomassa da Terra (os seres vivos, plantas incluídas) e vivem muito, e bote muito nisso.

Os micro-organismos são a prova de que tamanho não é documento.

Há bactérias que são quase eternas, podendo viver dezenas (há registros de centenas) de milhões de anos.

...Mas ninguém quer ser uma bactéria ultralongeva,...

...ou um fungo semieterno,...

...muito menos um vírus (i)mortal...

De qualquer maneira, fartos ou minguados em anos, os organismos vivos (ou pelo menos 99,9% deles) têm algo em comum:

...vão sumir,

...de-sa-pa-re-cer.

E cada infinitesimal molécula deles (e nossa) procurará ou formará outra estrutura.

A Ciência afirma: apenas 0,1% dos organismos terá a sorte de virar fóssil, e assim existir/resistir no tempo, embora nada assegure que o fóssil de um ser vivo ou de parte dele (animal, vegetal ou coisa e tal) seja encontrado.

Será um milagre o finito de nós resistir ao infinito do tempo. Sem fósseis, sem registros, é impossível a algo ou alguém existir na História -- pois História é a existência conhecida, contada.

* * *

O livro é o novo fóssil. Um fóssil de papel. Um fóssil que se dá a conhecer.

Livros são pequenas pirâmides de celulose e tinta que conservam o principal dos tesouros humanos: conhecimento, informações sobre a vida de algo ou alguém.

É neles, livros, que deixamos marcas, caracteres, figuras. Neles imprimimos, isto é, assumimos e revelamos a beleza e o desespero,...

...a alegria e a angústia,...

...o sentido, a sensação e o sentimento de sermos o que somos (gente) no desfrute de termos o que temos (vida).

Assim, cada livro vai-se mantendo como um seguro a mais contra o esquecimento, a perda, o sumiço, a extinção.

Rascunho de eternidade, um livro nos livra do pó. Faz-nos sobreviver ao túmulo.

Algumas pessoas permitem-se pequenos exercícios de posteridade. Seres comuns e iguais -- animais -- ante a Ciência, mas únicos e especiais -- sujeitos -- ante a História.

Seres singulares em sua pluralidade e plurais em sua singularidade.

Apesar disto, não importaria para a História o trabalho de cada um, a vida de cada um, se isto não fosse comunicado.

Pois uma coisa é você ter história; outra, é a História lhe ter.

Só há eternidade na História.

Entre outras coisas, um livro documenta histórias vividas e histórias de vidas ainda vívidas.

Evidentemente, um livro não documenta toda a história de cada ser -- não existem livros assim. Um livro com uma história de alguém é um resumo pessoal, lacônico, que apenas anuncia a pessoa, informa (o) que ela é, diz que está, comunica que chegou. Conta que existe. Conta um pouco de sua existência.

Não importa quanto tempo viva um ser: ele só será ser se se souber que ele é, ou foi. E um livro serve -- também -- para isso.

De alguma forma, ficção ou realidade, romântico ou técnico, todo livro é um livro de História.

Da pequena História de cada um na imensidão do Tempo que é de todos -- e do Tudo...


Comentários


Colunas anteriores

Poemas confessos

Poema à minha poesia  Um dia qualquer eu escreverei um  poema de amor com meiguice, ternura e carinho para ti…será ofertado aos teus brios causadores da minha emoção ou, talvez, íntima ilusão sem querer almejada,quero te ofertar a sensaçãoqual a imensidão do marou as fragrâncias das flores no sonhado jardim dos amantes...aí, então, tu entenderás o meu amor, mas não importa se isso...
Continuar lendo
Data:01/07/2025 10:19

Existência agônica

Há uma síndrome temporal em mim: meu passado abandonado se foi tão longe, meu presente apressado já não é constante e à brevidade aproxima-se o meu fim...!
Continuar lendo
Data:24/06/2025 21:07

Qual foi o primeiro livro publicado no Brasil?

Em meio à censura do Império, os grandes nomes da poesia e da literatura nacional recorriam à Europa para a publicação de suas obras, até que algo mudou. Até a Primeira Guerra Mundial, grande parte das obras escritas por brasileiros e comercializadas no Brasil era impressa na Europa, e nomes como Machado de Assis costumavam ser publicados pela editora francesa Livraria Garnier. O país tinha, no começo do século 20, poucas...
Continuar lendo
Data:17/06/2025 20:46

PUBLICIDADE

Responsive image
© Copyright 2007-2025 Noca -
O portal da credibilidade
Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google:
A Política de Privacidade e Termos de serviço são aplicados.
Criado por: Desenvolvido por:
Criado por: Desenvolvido por: