Caxias-MA 29/05/2025 05:37

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Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Poemas sob análises


Poemas de Wybson Carvalho e análises de Edmilson Sanches e Alberico Carneiro... 

Fome 

ausência de iguarias

nos recipientes à mesa

do oferecimento aos desvalidos…

presença do vazio

nas vísceras do estômago

embrulhado pelo papel da sociedade…

A fome é quando o nada dói. Um nada autorizado por autoridades e avalizado por uma sociedade apática, atípica, estrábica…

O eu lírico e espiritual do poeta prostra-se em oração, em “Perdão”. E a uma força superior, a “unicidade ubíqua em onipotência e onipresença” reza um novo pai-nosso: o homem reconhece-se pecador, teme as trevas e espera a salvação do que foi com a bênção do que será:

Perdão 

natureza e obra eternas,

unicidade ubíqua em onipotência e onipresença,

— caí em tentações pecaminosas!

livrai-me de insidiosa luz do fogo.

mas não me deixeis nas trevas.

não sou digno de beber do vinho e comer do pão!

porém,

lavai-me as feridas com meu próprio sangue,

aliviai-me a dor para que sacie a minha própria fé,

e, então, salvai-me do que fui ao abençoardes o que serei.

rogai-me, amém.

E o que dizem as linhas do desalinho em “Valsa do descompasso”? É o bêbado e seu andar trôpego, tropicando pelas ruas, entreolhado furtivamente por quem não pode sequer atirar a pedra primeira?

Valsa do descompasso 

quando meus passos estiverem bailando

de um lado para outro,

a personalidade dos indivíduos será  abalada

ao prosseguir nas vias estáticas

do comportamento social.

Em “Oferta à vida” volta o poeta às escolhas existenciais: O que, à certeza de um caminho rico (onde “haveria prata, ouro e diamantes”), o fez preferir rumar “por veredas aziagas” onde, em seu “inferno existencial” e em sua existência infernal, a riqueza do poeta é só o exercício do direito de escolher ainda que de vestes desnudo, vestindo-se “do nada”?

Oferta à vida 

haveria prata, ouro e diamantes,

se eu preferisse caminhar certo

pelos tortos e estabelecidos caminhos

pautados em tua ambiência.

mas,

vesti-me do nada

e rumei por veredas aziagas

do meu inferno existencial

a destruir ilações sobre nosso espaço.

Edmílson Sanches 
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O poeta Wybson Carvalho está marcado pela angústia da desumanização galopante que avassala a espécie humana, da qual todos fazemos parte e, infelizmente, todos somos responsáveis e/ou coniventes com as escavações de enormes fossos e crateras, nos lugares em que, antigamente, se dizia haver plantios de corações. Mas tal mito está tão remoto que já não é digno de credibilidade. Então, está passando ao nobiliário e linhagem das lendas.

Wybson está contaminado por esse trauma que o tornou refém dessa diabólica certeza: o ser humano é, como produto do meio, mau. Bom e bem são palavras distantes para relação e ilações com a expressão ser humano.

Assim, o poeta Wybson, tentando encontrar uma saída, uma esperança de salvação para a obra privilegiada da Criação, busca por todos os meios uma fresta para a passagem de algum raio de sol.
Na perseguição de uma linguagem poética madura para o assunto, o que plasma é um misto de existencialismo, filosofia (metafísica), espiritualidade,  niilismo, protesto social, lirismo.

O poeta sabe que a denúncia  terá algum eco, por isso insiste, já que para a poesia nada é impossível.
É a defesa de uma grande causa, lutar contra a indiferença dos que exercem o poder de mando, por quanto pensem que, segundo disse Aristóteles, se consideram tão acima da Lei, que se têm em conta de intocáveis. Ledo engano. A História é conselheira dessas vestais.

Eu me solidarizo à luta do poeta Wybson. Os artistas sempre foram como caniços ao vento, no Deserto.
Beethoven disse certa vez a Mozart que os pássaros, apesar de não serem pagos para cantar e mesmo que não os escutem, insistem e voltarão para seus gorjeios.

A sabedoria popular diz o que o poeta Wybson Carvalho insiste em dizer, numa metáfora ao pleonasmo, Água  mole em pedra dura, tanto bate, até que fura.

Conforme disse Nietzsche,

SEM ARTE,
MORRE-SE DE REALIDADE...

 Alberico Carneiro!


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