Cremação
Os raios de fogo do corpo inerte
são fachos de luz a rodearem a angústia adormecida
de um céu sem acesso para a alma amputada
e sob pranto de sangue derramado sem fé
mendiga o perdão a ser julgado.
Onipresença
Quando a matéria inválida tombar
obediente à natureza cumprida
e imergir ao barro...
estórias de liberdade
serão tecidas sobre o ser
que não mais está cíclico ao meio...
livre é ser sem estar
e sido em sendo o verbo, ainda.
Fome
Ausência de iguarias
nos recipientes à mesa
do oferecimento aos desvalidos...
presença do vazio
nas vísceras do estômago
embrulhado pelo papel da sociedade...
Só existir
Desperto todos os dias já acordados em manhãs sem luz dentro e fora de mim...o vazio afótico do quarto me expulsa da ambiência sentida e amputada de ti...mendigando à saudade sigo morrendo na ausência testemunha sem nós...!
Despistar!
Solitário, almejo ser um enganador a fim de insistir, persistir e nunca desistir do desejo de enganar a dor...!
Safra à alma!
...sou semente...
Que linda alma tem o teu rosto / e eu a vejo na página dos teus olhos / a mirar e desejar versos numa folha em branco de papel exposto / à vista deles em ti e a mim...!
De vós para mim...
...quem me amar guardar-me-á na alma,...quem me gostarguardar-me-á na lembrança,...quem me odiarguardar-me-á no instinto...!... meu tempo eterno está nos poemas que vive e escrevi sob às cenas protagonistas do meu espetáculo humano.... e...
Pedaços de um eu algum Há no meu eu o pulsar de um desejoe no qual há, ainda, o quê, agora, almejo;que o fim do somatório da minha dornão interrompa os gritos do clamor; face a um pedaço ser bem emudecido em mim,e o meu outro resto é ouvido, mas ruim... A sinfonia que me invade desde o nadaé bem-vinda, ainda que quase desafinada;e eu a quero para sempre almejadaainda que pouco executada;face a um pedaço...