Dois acontecimentos no correr desta semana que se finda chamaram a atenção por suas peculiaridades distintas, mostrando-nos com exatidão o nível do comportamento das pessoas. O fato em torno dos dois foi a comemoração do dia 7 de setembro, mais um aniversário da independência nacional, na terça-feira, aqui em Caxias, e em Brasília (DF).
Naquela mesma manhã, diante do prédio da prefeitura, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), acompanhado do presidente da Câmara Municipal, vereador Teódulo Aragão (PP), da maioria dos parlamentares do legislativo, da secretária de Educação do Município, Ana Célia Damasceno, e grande número de secretários municipais, assessores e a população em geral, participaram de um ato cívico singelo, mas criativo, que fugiu um pouco das características marcadas pelos tradicionais desfiles escolares e dos efetivos de segurança da cidade, por causa dos protocolos contra a pandemia do covid-19, mas nem por isso menos representativo para louvar a data.
Enquanto isso, na capital federal, no mesmo horário, uma multidão se concentrava na Esplanada dos Ministérios, não para homenagear a data histórica, como tem ocorrido há quase 200 anos em nosso país, mas para protestar, evocando a independência, contra a corte suprema do poder judiciário, o Supremo Tribunal Federal, pedindo a degola de seus membros vitalícios, os guardiões da Constituição Federal, só porque interesses pessoais foram contrariados em razão de figurarem em processos que correm por infringência a artigos do código penal.
Em Caxias, os expectadores foram brindados com uma bela homenagem aos trabalhadores da saúde, especialmente os que se dedicam a enfrentar a pandemia, extensiva também em vídeo aos professores, professoras e outras pessoas que perderam a vida para a covid-19. O caráter formal da cerimônia, com a audição do hino nacional e hasteamento de bandeiras por autoridades, foi quebrado com a apresentação de um corpo de balé estudantil, com as belas vozes dos cantores e cantoras da terra, e com o desfile da guarda municipal.
Souberam também, através do pronunciamento do prefeito , que a gestão segue com o objetivo de, em primeiro lugar, estar atenta para salvar vidas, mas para ouvir também que o município, aplicando mais de 162 mil doses, foi o que mais vacinou contra a covid-19 no interior do Maranhão, imunizou mais de 75 mil pessoas contra a gripe, tem o menor índice de óbitos entre as cidades com mais de cem mil habitantes (403 até hoje), e que as internações na rede de saúde estão em franco declínio (apenas 11, nesta data), o que demonstra o sucesso do planejamento que foi adotado contra a pandemia em solo caxiense.
As palavras do prefeito Fábio, eivadas de emoção, porque ele próprio chegou a ser alcançado pelo coronavírus e se recuperou, mas perdeu o pai, o deputado Zé Gentil, e o irmão Talmir, secretário de Finanças, que lhe eram muito caros, tanto na vida familiar quanto na política, bem como diversos amigos, para a enfermidade, revelaram também uma personalidade que não chegou a ser vencida pelas fatalidades, mas que está muito mais fortalecida agora, por entender que suas perdas o levaram a crer que o seu destino, como desejavam seus entes queridos, era continuar lutando pelo desenvolvimento da cidade e de sua gente.
O mandatário municipal observou para a plateia, os microfones e as câmeras que a diminuição dos casos da pandemia já o credenciam a retomar as obras de infraestrutura que o município por inteiro demanda e que foram foram suspensas em razão da crise sanitária que alcançou a nossa Princesa do Sertão Maranhense. Anunciou também que Caxias é a primeira cidade maranhense a implantar o Programa Prouni Municipal, favorecendo bolsas de estudos gratuitas em universidades particulares a estudantes de escolas públicas. E, por fim, revelou que as aulas presenciais nas escolas do município, graças à vacinação que já alcançou mestres, servidores e estudantes com mais de 12 anos de idade, serão retomadas a partir do início do próximo mês de outubro, apoiadas pelo serviço de transporte e de merenda escolar que estiveram também inativos desde o começo da crise.
Ao elencar as ações que já estão em andamento, bem como projetar investimentos para o futuro próximo, o prefeito caxiense falou diretamente tudo o que a nossa sociedade queria ouvir, já que está em jogo, no momento, a retomada da economia da cidade, fator preponderante ao desenvolvimento das pessoas e da geração de empregos que foram perdidos.
Entrementes, nos ares do planalto central, em vez das pessoas auscultarem discursos auspiciosos ao progresso de suas vidas, o que se ouvia eram gritos e palavras de ordem para quebrar a cláusula pétrea da Constituição, que são os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tese do filósofo francês Montesquieu adotada nas melhores democracias do mundo, com o objetivo de impedir que o poder de uma nação ficasse sustentado nas mãos de uma única pessoa ou instituição.
Depreende-se, da situação, que a multidão em Brasília não estava preocupada com as necessidades comuns do dia a dia que assola a grande maioria do povo brasileiro. Estava à procura de uma irrealidade e tendo pesadelos com coisas que não existem no país. Afinal de contas, nenhuma nação civilizada sobrevive fora do império da lei. Além do que, para o brasileiro, agora, o que importa é debelar a pandemia para nossa economia reflorescer, e afastar dos lares a carestia e a inflação, fantasmas antigos de triste memória, que estão crescendo exponencialmente no território nacional. O grande poder do país deveria se espelhar em nosso mandatário municipal, e se preocupar mais com o sofrimento de milhões de brasileiros que estão desempregados e até passando fome.
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