Os vereadores caxienses convivem perfeitamente afinados com o que acontece no cenário político nacional, especialmente com os ecos que emanam do Congresso Nacional, em Brasília. Aqui, como lá, o cenário é de uma briga entre gato e rato, embora a proporção de forças no legislativo municipal seja muito mais favorável aos chamados agentes governistas, porque a grande maioria dos 19 edis que compõem a bancada local está totalmente alinhada com o governo municipal. Mas, mesmo assim, os oposicionistas, cerca de quatro vereadores, costumam fustigar o bloco contrário, evidenciando situações que deixa a rapaziada sem muito poder de reação, como foi o caso da Operação Lei do Retorno, deflagrada pela Polícia Federal, na qual a liderança dos governistas e uma deputada estadual alinhada e beneficiada com muitos votos em Caxias ficaram expostos no bojo de um processo policial que avaliou uma apropriação de cerca de 50 milhões de reais oriundos de transferências para o fundo da educação básica (FUNDEB) a municípios da região do leste maranhense.
O escândalo, que segue em investigação e já revelou o envolvimento de muita gente, inclusive assessores que trabalhavam no núcleo duro do poder da Prefeitura de Caxias durante a última gestão, continua a produzir desdobramentos, embora siga tramitando em regime de sigilo até à sua elucidação final. É um resultado em tom de pesadelo que, não só, inicialmente, já produziu arrasto de bens, como dinheiro vivo, veículos e jóias, mas que pode evoluir para um quadro pior, como seria o caso de produzir prisões e cassação política, coisas certamente bem piores para quem está dentro do processo.
Contudo, conforme observamos acima, a turma governista, primeiro se fechou em mudismo ante a falta de explicações convincentes sobre o caso, para logo em seguida voltar a digladiar contra os adversários, sobretudo reverberando fatos inventados por seus apoiadores nas redes sociais. Nesta semana, por exemplo, eles receberam a notícia alvissareira de que o processo movido pelo candidato Paulo Marinho Jr. (PL), aquele que envolve o uso de inteligência artificial, pressupostamente utilizando a voz do pai do candidato como plataforma para desacreditar sua campanha na última eleição, caiu por terra, após o ministério público eleitoral entender que não haviam provas suficientemente claras para mantê-lo.
Mesmo abalado com a decisão, talvez por saber que a verdade não está recebendo o devido valor, PMJr. ainda tem outra ação que envolve abuso do poder político e econômico no resultado da última eleição. Afinal de contas, até os correligionários dos vencedores sabiam que até 15 dias antes do pleito o adversário folgava com uma margem de cerca de 13 mil votos que, em razão de manobras escusas, resultou numa vitória por mirrados 500 votos, um fato, com toda certeza, para lá de inusitado na política caxiense. Então, na cabeça de PMJr., se há certeza de que jamais seu grupo produziu algo que pudesse o prejudicar no processo eleitoral, nem mesmo duas decisões recentes do judiciário, exatamente afastando prefeitos interioranos por crimes eleitorais do mesmo tom, o deixam mais aliviado. Talvez por entender que essas coisas em municípios do porte de Caxias jamais acolhem jurisprudências de igual sentido - isso porque o jogo de interesses é muito grande e envolve muita gente graúda que não pode ser melindrada. E, aí, só levando a ação para o TSE, quando um eventual julgamento, por conta da fila cheia de processos, somente aconteceria no final desta gestão, tornando inócuo um resultado favorável.
Na segunda-feira que passou, a bancada da oposição reagiu. Primeiro, através do vereador Dr. Eugênio Freitas (AGIR), reivindicando o funcionamento dos consultórios dentários nas unidades básicas de saúde de Caxias, que a população internada na rede pública receba medicamentos em vez de comprá-los, e receba melhor abastecimento de água potável nos povoados do interior. Aproveitando o pequeno expediente, o vereador revelou ainda uma nova evidência que teria levado os federais a entenderem melhor a Operação Lei do Retorno, exatamente a partir dos cerca de 570 mil reais em espécie encontrados no ano de 2022 no interior de uma camionete, numa operação de rotina da Polícia Rodoviária Federal, cujo destino seria dois dos principais envolvidos citados no processo que corre no presente momento.
Outro oposicionista, Wesley Coutinho (PDT), chamou a atenção dos pares para o que está acontecendo no recém-criado Instituto Brasileiro de Arte, Ciência, Cultura e Literatura Ubirajara Fidalgo, voltado para fomentar a cultura e a educação. Segundo ele, chama a atenção que a diretora do órgão, que foi secretária na gestão do prefeito Fábio Gentil, pessoa que está sendo investigada pela polícia federal, tenha ganho o instituto – entidade que não se sabe se é garantida pelo governo municipal para tomar de conta -, fazendo jus mensalmente a um salário de professor no valor de 10 mil e 500 reais, enquanto a grande maioria dos professores municipais não ganha mais do que mil e oitocentos reais.
O parlamentar também indagou sobre a presença constante de um irmão do prefeito na pasta da educação, como se fora funcionário do órgão, situação que caracterizaria nepotismo na gestão. Ele revelou que a pessoa hora está na educação, hora está Comissão de Licitação, como se estivesse participando dos processos de fornecimento da prefeitura. Wesley Coutinho compartilhou no plenário a informação do sindicato dos professores de que há uma licitação em andamento no valor de 10 milhões e 400 mil reais, dos quais cinco milhões e 200 mil já foram contratados só para a aquisição de parquinhos infantis, coisa que ele vê como um absurdo, uma vez que, de acordo com o sindicato, cada parquinho custa, em média 8 mil reais, e, pela licitação acertada, daria para a prefeitura adquirir 650 parquinhos, quando se sabe que Caxias só tem um pouco mais de 200 escolas.
O vereador Catulé (PL), por sua vez, destacou o clima de insegurança vivenciado no país, principalmente no Rio de Janeiro, com as polícias enfrentando facções criminosas em confrontos que estão gerando muitas mortes. Esses fatos, no seu entendimento, com a graça de Deus não haverão de acontecer no município, como já estão acontecendo em Crato, Juazeiro, Barbalha, no Ceará, bem como em outras cidades do nordeste do porte de Caxias. Segundo ele, Caxias, que antes era um dos municípios mais pacíficos e ordeiros do nordeste, hoje assiste as pessoas sendo mortas nas ruas. Catulé evidenciou que não vê a responsabilidade da segurança municipal apenas sobre a tutela do governo estadual, mas também de um comando central, político, que tem que tomar as rédeas da situação no município, determinar prioridades, porque é quem tem a responsabilidade moral para controlar a situação. Emendas parlamentares ajudam no processo, mas é o comando político do município que estará à frente de todas as ações contra a criminalidade que é crescente em Caxias e tem que diminuir. Para o vereador, dando ideia da ousadia dos criminosos, hoje tem até bandido usando as melhores academias de ginástica com segurança na porta em Caxias.
Usando a tribuna, o vereador Daniel Barros (PRD) se posicionou a favor dos comerciantes e locadores de prédios que estão há muitos meses sem receber pagamento na prefeitura. Para o vereador, muitas pessoas estão vivendo uma odisseia na tentativa de receber seus contratos com o município; e tem pessoa de município distante que pensa até em acionar o ministério público para retomar eletrodomésticos, ar condicionado, para diminuir o prejuízo; as malharias que forneceram o fardamento escolar estão há oito meses sem pagamento, enquanto as licitações apadrinhadas recebem tudo rapidamente. Enquanto isso, segundo o vereador, o secretário adjunto da saúde cursa medicina em tempo integral em Codó, porque é amigo do rei.
Fazendo aparte no pronunciamento do colega, o vereador Catulé frisou que, ao dar preferência a compras realizadas fora do município em vez de prestigiar o comércio local, a prefeitura demonstra intenção de dar calote nos fornecedores. Na avaliação dele, quem está ganhando com isso é o próprio vereador Daniel, denunciando tais irregularidades em favor da confiança de pessoas de longe daqui., como é o caso do pequeno empresário de Itapecuru-mirim. E, no caso do cidadão que é secretário adjunto da saúde e que está fazendo o curso de medicina em Codó, que custa 12 mil reais por mês, colocou no ar a seguinte pergunta: “Vossa excelência invocou a física ao dizer ninguém pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. Eu, vou mais rasteiro. Qual é o tempo que esse cidadão tem para comandar os hospitais e os postos de saúde que estão na UTI? Sabemos também que existem outros estudantes cursando medicina cujos ganhos são muito menores do que a mensalidade desse curso. Qualquer investigação da polícia federal e da receita federal dá cadeia, porque no imposto de renda é possível comprovar a irregularidade. E aqui em Caxias está cheio disso. Ninguém vai mais para o Paraguai, para o Uruguai, e nem tenho nada contra isso, desde que o cidadão faça o curso com o dinheiro dele”, disse.
Os governistas também se posicionaram e louvaram o aniversário de 214 anos da CMC, celebrado no dia 31, mas levado a efeito por toda a semana anterior com eventos que chamaram a atenção e fizeram história em Caxias. O vereador Antônio Ximenes (PP) destacou os investimentos realizados pela prefeitura no povoado Cananéia, onde foi reestruturada a unidade escolar e a unidade básica de saúde, lembrando também que o povoado Buenos Aires, próximo àquela comunidade, também foi contemplado com uma nova ambulância, veículo que dará suporte a todas as pessoas doentes da região que necessitem de atendimento na sede do município, evitando despesas relacionadas a transporte que são muito caras ao segmento de baixa renda.
AX requereu melhorias na infraestrutura do bairro do Ipem, notadamente nas praças José Castro, situada diante do Estádio Duque de Caxias, e na do Ginásio de Esportes do Ipem, dois logradouros que considera como pontos de acesso turístico na cidade, face à rotina de visitantes de outros municípios nos dois locais. Para o vereador, essas praças, do jeito em que se encontram, oferecem uma péssima impressão sobre a administração da cidade. Já o vereador Sebastião Oliveira (PSB) demonstrou preocupação em relação ao armamento utilizado pela guarda municipal. No seu entendimento, quando o agente público porta uma arma, rotineiramente tem que se submeter a avaliação psicológica para poder conduzi-la, providência a ser garantida pelos órgãos de segurança do município.
Inicialmente, desejar aos leitores um próximo ano novo repleto de boas expectativas, porque ninguém é de ferro para aguentar tanto tempo ruim. Com esse pensamento em alta, frisar que 2026, a julgar pelos últimos acontecimentos políticos locais, será um período para lá de interessante, sobretudo para quem sabe gozar a vida.
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