A Polícia Civil informou, nessa terça-feira (22), que Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, suspeita de envenenar um ovo de Páscoa no município de Imperatriz, deve responder por duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio e falsidade ideológica após a morte da adolescente Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, ocorrida nessa terça-feira (22), em complicações relacionadas ao consumo do chocolate. Evelyn é a segunda vítima do suposto envenenamento: o irmão dela, Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos, morreu na madrugada da última quinta-feira (17), depois de ingerir o ovo e passar mal. A mãe deles, Mirian Lira, permanece internada, com estado de saúde considerado estável.
Em entrevista à TV Mirante, a delegada Alana Lima deu detalhes sobre as investigações do caso. De acordo com Alana, diversos elementos foram coletados pela Polícia Civil, apontando a ação criminosa de Jordélia Pereira, que está presa na Unidade Prisional Feminina de Pedrinhas, em São Luís.
"Durante o andamento das investigações, especialmente após a apreensão das imagens das câmeras de segurança, conseguimos reconstituir o trajeto que a investigada fez desde sua chegada à cidade até o momento em que comprou o ovo de Páscoa. Essa imagem foi amplamente divulgada na mídia. Também temos registros do momento em que ela estava no hotel e as passagens que foram apreendidas com ela. Todos esses detalhes são fundamentais para a investigação. Eu costumo dizer que a investigação é como uma coxa de retalhos, e esta, em particular, é muito bem costurada, pois foram colhidos muitos elementos que vinculam a suspeita à prática desse crime", afirma a delegada.
Morte da 2ª vítima
Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, morreu nesta terça-feira (22), após seis dias internada no Hospital Municipal de Imperatriz, devido a um choque vascular, associado com a falência de vários órgãos. "Infelizmente o quadro clínico apresentou grave e rápida deterioração, sem resposta ao tratamento", diz a nota publicada pelo HMI.
O velório de Evelyn Fernanda teve início na noite desta terça-feira, na Igreja Assembleia de Deus Mensageiro da Paz, em Imperatriz. O enterro está previsto para acontecer na quarta-feira (23), sem horário definido.
A mãe das crianças, Mirian Lira, continua internada no Hospital Municipal de Imperatriz, após ficar vários dias entubada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela passou mal ao ser informada da morte do filho mais novo, Luís Fernando, que foi a primeira vítima do suposto envenenamento do ovo de Páscoa.
Em boletim médico divulgado nesta terça-feira (22), o Hospital Municipal de Imperatriz indica que o quadro de saúde de Mirian Lira é estável e que ela apresenta "boa resposta ao tratamento". A expectativa é de alta nas próximas 72 horas.
Suspeita foi presa
Jordélia Pereira é ex do atual companheiro de Mirian Lira e a principal suspeita de envenenar o ovo de Páscoa. A Polícia Civil do Maranhão afirma que Jordélia cometeu o crime por ciúme e vingança, já que estava inconformada com o fim do casamento.
Em depoimento na delegacia, Jordélia Pereira confessou ter comprado o chocolate, mas negou ter colocado veneno. A Polícia Civil destaca que há indícios suficientes de que ela seria autora do crime.
Após ser presa em Santa Inês, Jordélia Pereira foi transferida, no último domingo (20), para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís (UPFEM), onde deve permanecer durante as investigações. No momento da prisão, os policiais apreenderam duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas e um bilhete de ônibus com a suspeita.
"Os indícios levam a crer que o crime foi motivado por vingança, por ciúme, tendo em vista que o ex-marido da autora é o atual companheiro ou atual namorado da vítima, que foi envenenada juntamente com seus dois filhos", disse o secretário de segurança do Maranhão, Maurício Martins.
Análises de imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de familiares e pessoas ligadas às vítimas ajudaram a polícia a resolver o quebra-cabeça e chegar até a suspeita. As amostras dos ovos de Páscoa foram enviadas ao Instituto de Criminalística para confirmação do envenenamento, e o resultado do laudo deve sair em até 10 dias. Também foi solicitada análise de sangue das vítimas e dos materiais apreendidos com a suspeita.
Crime foi premeditado, aponta polícia
Jordélia Pereira viajou de Santa Inês para Imperatriz em um ônibus interestadual durante a madrugada de quarta-feira (16). Durante a tarde, a suspeita comprou o ovo de Páscoa em uma loja de Imperatriz usando óculos e peruca preta, em imagem que foi registrada por câmeras de segurança. À noite, Jordélia pediu a um motoboy entregar o chocolate para Mirian Lira, Evelyn Fernanda e Luís Fernando.
Durante a sua estadia em Imperatriz, Jordélia Pereira se passou por uma mulher trans e fez a reserva em um hotel com o nome falso de Gabrielle Barcelli, apresentando crachás falsos. Para não mostrar um documento de identificação no hotel, Jordélia alegou que estava passando por um processo de regularização como mulher trans.
Na madrugada de quinta-feira (17), Jordélia Pereira pegou outro ônibus para voltar a Santa Inês, mas foi interceptada e presa pelos policiais assim que desceu do ônibus ao chegar no município. O delegado Ederson Martins, da Polícia Civil, afirma que todos os indícios do caso levam a crer que o crime foi premeditado com detalhes e com antecedência.
Ovo de Páscoa
Mirian Lira e os filhos receberam o ovo de Páscoa de um motoboy na noite de quarta-feira (16), como se fosse um presente. Com o chocolate, havia um bilhete com a mensagem: "Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa". Os três comeram o chocolate.
Após receber o ovo, Mirian Lira recebeu uma ligação de uma mulher não identificada, que perguntando sobre a entrega do chocolate na residência da família. Ela atendeu a ligação e perguntou quem falava ao telefone, mas a mulher não respondeu.
Luís Fernando, filho de Mirian, foi o primeiro a passar mal, sendo levado ao Hospital Municipal de Imperatriz pelo pai dele, ex-marido de Mirian. A criança chegou a ser entubada, mas não resistiu e morreu horas após ter sido internada.
Mirian Lira, por sua vez, começou a apresentar sintomas de envenenamento logo após Luís Fernando ter sido entubado. Após ficar com as mãos roxas e sentir dificuldade de respirar, a mulher foi internada na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz. Em seguida, Evelyn Fernanda também deu entrada no hospital com os mesmos sintomas.
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