Caxias-MA 27/12/2024 11:19

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Educação

UEMA: VIII Colóquio de Ciências Sociais é realizado no Campus Caxias

O tema foi “Resistência da nossa gente: construindo as Ciências Sociais no Maranhão”.

Por: Ascom/ UEMA | Data: 26/12/2024 18:15 - Atualizado em 26/12/2024 18:18
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Aconteceu, entre os dias 16 e 18 de dezembro, no auditório Leôncio Magno e em diversas salas do Campus Caxias da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), o VIII Colóquio de Ciências Sociais com o tema “Resistência da nossa gente: construindo as Ciências Sociais no Maranhão”.

“O Colóquio é a nossa cara, nossa identidade de curso, por isso é feito por acadêmicos e para acadêmicos. Para nós é importante ver esse movimento de resistência, e o curso precisa se consolidar nessa região, pois as escolas de Ensino Médio precisam desse profissional e de pesquisadores na área. Ver essa efervescência na produção de um evento nos deixa felizes, pois mostra que o curso está pulsando”, destacou a professora Cléia Maria, chefe do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais.

A conferência de abertura “Resistências da nossa gente: construindo as Ciências Sociais em Caxias” foi proferida pelo professor e produtor cultural Caio Cruz, que preside o Cefol – Centro de Folclore e Cultura Popular de Caxias. Ele relatou a trajetória do pai, Antônio Nascimento Cruz, fundador do Centro, que morreu em 2019. “O Cefol é formado por 4 grupos de cultura popular e 1 museu, Escola de samba Malucos por Samba; Bumba Boi Brilho da Princesa; Caixeiros de São Sebastião; Tambor de Crioula e Museu Folclórico Caxiense”. Ele deu prosseguimento, exibindo materiais dos grupos do Cefol, os eventos e momentos da vida do pai: “Meu papel nesses grupos é ensinar novos artistas, percussionistas. Após a morte de meu pai tive que dar continuidade ao trabalho dele. O Cefol estava em dificuldades. E angariar recursos para a cultura é difícil. A institucionalização do museu aconteceu em 2020. Para isso recebi ajuda de amigos e tive que usar o que adquiri nas Ciências Sociais para resolver um problema prático, sustentar um aparelho cultural. Uma grande preocupação nossa é mostrar o rosto de quem faz cultura”.

No dia seguinte, pela manhã, foram realizados os seguintes minicursos: “Contribuição de Lélia González para os estudos do Movimento Negro e das festas populares no Brasil”, ministrada pela Profa. Dra. Valdênia Menegon; “Movimentos Sociais nas resistências de nossa gente: construindo as Ciências Sociais no Maranhão”, com o Prof. Dr. Roldão Barbosa; “Tecendo os fios do artesanato intelectual das pesquisas em Ciências Sociais: elementos introdutórios”, com o Prof. Me. Weriquis. Também foram ministradas as oficinas: “Tranças”; “Ritmos Culturais” – com Caio Cruz e “Dança do Lili”.

No período da tarde ocorreu a Mesa de Diálogo online “Institucionalização das Ciências Sociais no Maranhão: trajetórias, construções e pesquisas”, com mediação da Profa. Dra. Elizete Santos. Participaram as professoras Andréia Garcia, Helciane Araújo e Elisa dos Anjos.

No dia 18, pela manhã, foram desenvolvidos GTs (Grupos de Trabalho), divididos em 3 eixos:
Eixo 1 – Identidades, desigualdades e diversidade cultural/política, ecologia e sustentabilidade;
Eixo 2 – Educação e formação nas Ciências Sociais;
Eixo 3 – Resistência e movimentos sociais; história e cultura maranhense

Na parte da tarde ocorreu a mesa redonda intitulada “Resistências da nossa gente: no campo, na cultura, na religião e na educação”, com Eulina Morais, Joana da Silva, Maria da Paz e Maria Divina.

“A luta não é só minha, é nossa para que se tenha pão na mesa. Meu pai era trabalhador rural, graças a Deus. Veio para a cidade para que as 4 filhas pudessem estudar. Aos 13 anos vi ele ser preso, acusado de ser subversivo comunista. Daí comecei a me informar para entender o motivo da prisão e de outras coisas. É no caminhar que a gente aprende. Em 1976 recebi um convite para entrar em uma pastoral. Nos anos 70 a 80 criamos associações, sindicatos, fomos para a rua”, narrou. “Eu sempre quis ficar com minha comunidade. É preciso que a informação chegue para todos. Ajudamos muitos a sair do analfabetismo, lutamos por educação e políticas públicas. Quando a prefeitura não fazia uma escola, falávamos com o promotor. Precisamos ter consciência que precisamos sonhar. Nesses 45 anos de engajamento enfrentei muitos desafios com outros companheiros”, enfatizou Eulina Morais, participante de movimentos sociais.

“Antes a Escolinha Tia Joana era só um galpão para guardar merenda, mas não era usado, dividimos o espaço. Recebemos a visita do bispo Dom Luís D’Andrea, que pediu um orçamento para saber do que precisávamos. Recebemos financiamento de outros países, como do Projeto Pão para o Mundo, da Alemanha”, disse Joana da Silva.

Maria da Paz, do Boi Encanto de Caxias, fez uso da palavra. “Nós, mulheres, temos inspirações. É preciso o trabalho de um contador para elaborar um portfólio, ser letrado, ter internet. Isso não existe na zona rural. A sociedade critica, não eleva. Se queremos uma sociedade diferente, sejamos diferentes”.

“Sou Filha de Santo. Sinto quando me olham com estranhamento por causa do turbante que uso. Uma Mãe de Santo tem mais facilidade para trabalhar com os filhos”. Segundo ela, as mulheres desempenham papel crucial na preservação e transmissão dos saberes ancestrais da umbanda. Na questão do sincretismo religioso, a umbanda integra deusas africanas, indígenas e católicas, representando a diversidade e força feminina. A valorização dessas entidades celebra a feminilidade em todas as suas manifestações. “Temos desafios para preservar as tradições. Combater o racismo, preservar a tradição e manter um diálogo inter-religioso”, complementou Maria Divina.

À noite houve uma atividade cultural na Rua das Sombrinhas, situada na praça em frente ao Campus. Houve apresentação de show de talentos com cantores, dançarinos e um desfile de beleza negra. A professora Elizete Santos fez uso da palavra: “A temática do evento fortalece as pesquisas. Isso ficou evidente na mesa formada pelas resistências, que chamou para o fortalecimento dos movimentos sociais, da cultura, educação e da religiosidade”, finalizou.

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