Bar
Literalmente,
um pasto abundante de iguarias
servidas às almas, nele, famintas
em vulnerável alegria da embriaguez
e sob espetáculo do teatro possível;
cenas protagonizadas por atores da fantasia,
necessária.
Baile de carnaval
Abrem-se em liberdade as portas da vergonha
e as máscaras da verdade servem como fronhas
escondendo os rostos no dantesco bacanal
a maquiar os desgostos da fuga irreal
Um réu ao cálice de fel
Os pecados que são imputados ao homem
são cores afóticas
como o olhar demoníaco nas trevas...
porém,
ele mira a vida seca caída num esgoto de água turva.
então,
em seu suicídio inundado,
a alma será perdoada pela resistência à ira infernal.
Traição recíproca
Se o afã insidiou
e não somos um só ser
eu não sou você
e você não é eu
então,
traí a mim mesmo
ao ser traído por ti
e, sem nós dois,
o que resta
é a ausência do que não fomos presente
no que queríamos ser.
Amputação
O que tiram de mim
não farta a lacuna da ganância ao alheio:
se diminuam o pão e limitam o vinho
à minha mesa de refeição,
enfraquecida fica a matéria.
mas,
o osso coberto por carne magra
embranquece o sangue
e a claridade da cor
reflete a luz da fé, ainda, em vida.
então,
o que me faltar putrefará o bastante
daqueles que, ao tomarem, adoecem de mim.
Insídia
Errarás, ao agires à razão do que pensas
e a incerteza daquilo que eu sonhei.
então, julgarei abandono o que nunca foi realidade
e só terei lembranças do que nem existiu
Carnaval
Abundância de carne animal
repartida aos participantes do teatro infernal;
eis,
a iguaria vadia da fantasia...
mistura de utopia e alegria:
homens e máscaras em memorial
e
sob marchas em euforia no bacanal.
Quarta-feira de cinzas
Há homens derramados nas passarelas
e rostos de alegria apanhadas nas sarjetas
pelos foliões da última noite...
momentaneamente, um período dantesco se apaga
para tudo retornar à luz anual
da próxima edição do evento popular.
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