Eu em mim à essência da presença da alma no corpo
Quando nasci
vim fugido de outros
e, então, aprisionei-me
perpetuamente, em mim...
jamais me cansarei
desse meu lugar único
e, encarecidamente,
meu próprio ser espiritual busca-me, pois eu sou o seu lado de fora e ele, simultaneamente,
o meu lado de dentro...
um é o cárcere do outro
sem fuga à liberdade
mas, é nossa vida a valer
ao estarmos sós em nós...
e por todo o anoitecer
bebo a saudade de alguém
em doses de amargura
e, ao amanhecer,
vomito um sentimento
que me fora negado
para brindar a ressaca
de decepção em mim...
Pedaços de um Eu algum
Há no meu eu o pulsar de um desejo
e no qual há, ainda, o quê, agora, almejo;
que o fim do somatório da minha dor
não interrompa os gritos do clamor;
face a um pedaço ser bem emudecido em mim,
e o meu outro resto é ouvido, mas ruim...
A sinfonia que me invade desde o nada
é bem-vinda, ainda que quase desafinada;
e eu a quero para sempre almejada
ainda que pouco executada;
face a um pedaço inaudível ser ilusão,
e o meu outro resto não, mas real solidão...
E os versos que, agora, eu escrevo
que não sejam lidos e cantados com desvelo;
pois, como a unicidade do momento
de um poeta imerso em seu eterno tormento;
face a um pedaço ser calado em mim,
mas o meu outro resto é ensurdecedor e ruim!
O Eu e a poesia advindos de mim
Minha poesia veste-me com essência sabedora ao interior a mim
e emudece meu grito ensurdecedor à negação que há nela.
é a prisão na qual sou condenado e estou a extrapolar-me liberto à ambiência alheia.
é a imensidão em sal oceânico e chão cáustico, solitariamente, desértico…
é a diversidade de todas minhas linguagens artísticas sem plateia alguma…
é a obra que, humildemente, ofereço à humanidade…
é o ser a querer-se compartilhado a quem me necessitar…
e meus versos
são partes extraídas de minha alma inteira a se mostrarem inibidas aos outros seres sem aceitação nenhuma!
o que é minha poesia?
é a somatória das imagens etárias do passado encontrado no presente,
são escritas na negação imagética do futuro.
obrigando-me, fielmente, a negá-la em mim tal qual confissão ausente.
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