Laura Rosa, nascida em São Luis do Maranhão, no dia 1º de outubro de 1884. Por amor à língua portuguesa e às letras, formou-se em Normalista do Magistério, e, como professora, veio para o sertão, ainda, na segunda década do século passado com a finalidade de lecionar na antiga Escola Normal de Caxias.
Em sua terra natal, durante sua escolaridade, escreveu inúmeros poemas e participava, ativamente, da vida literária estudantil ludovicense, vindo a ser cognominada de “Violeta do Campo”; pseudônimo com o qual assinava seus poemas.
Na princesa do Sertão Maranhense, a poetisa, Laura Rosa, foi hóspede durante muitas décadas da valorosa professora caxiense, Filomena Machado Teixeira, e, com a qual, foi das primeiras incentivadoras da criação da Academia Caxiense de Letras, e, na qual, é patrona da Cadeira que pertenceu a Adailton Medeiros e que deverá ser ocupada, brevemente, pela professora e escritora Joseane Maia, membro da Casa de Coelho Neto.
Antes de sua partida para uma dimensão de além-vida, a poetisa realizava em procedimento espontâneo, quase que diariamente ao receber visitas, verdadeiros saraus poéticos na companhia de escritores e poetas caxienses, dentre os quais: Cid Teixeira de Abreu, Déo Silva, João Vicente Leitão, Abreu Sobrinho, Vitor Gonçalves Neto, Jota Cardoso e, ainda, os estudantes ginasiais àquela época: Edmilson Sanches e Wybson Carvalho, bem como outros jovens poetas da cidade, quando em adolescência, se intrometiam entre ela e eles para aprender a ouvir e passar a gostar de poesias. Laura Rosa se encantou, em Caxias, na data de 14 de novembro de 1976, aos 82 anos de vida dedicados ao magistério e às letras. Laura Rosa, foi a primeira mulher maranhense a ter acento a uma Cadeira na Academia Maranhense de Letras.
Eis, alguns trechos do discurso de posse da poetisa Laura Rosa, proferido no dia 17.04.1943, no Salão Nobre da Casa de Antônio Lobo (AML).
No discurso, destaco um ponto que parece comum na posse de membros homens e/ou mulheres, à referência a algum amigo mais próximo, o qual parece ser responsável pela indicação do membro para ocupar à vacância da Academia.
“Manda a justiça que vos diga, em primeiro lugar, que me trouxeram para esta casa de sábios ilustres as mãos amigas de Corrêa de Araújo e Nascimento de Moraes com a benevolência de seus pares. Trouxeram-me, porque, de mim mesma, nunca imaginei suficientes os meus versos, para merecimento de tão honrosas credenciais”.
A humildade com que a escritora se apresenta frente aos seus atuais confrades prolonga-se por algumas frases reforçando a valorização dos membros mais antigos e, ao mesmo tempo, sutilmente reconhecendo o valor de suas poesias.
“Eis-me, portanto, aqui, Senhores, a primeira mulher que aqui entra, porque assim o quiseram os homens ilustrados desta agremiação, guardiãs fiéis de nossas tradições literárias”.
Esqueleto da folha
Vede, senhor, apodreceu na lama
Eu a vi há muito tempo entre a folhagem
Antes do vento lhe agitar a rama
E do regato, sacudi-la à margem.
De vigente e de vede tinha fama
Da folha mais famosa da ramagem
Desceu nas águas e resta da viagem
O labirinto capilar da tinta.
Ninguém pode fazer igual verdade
Nem filigrama mais perfeito e lindo
Nem presente melhor pode ser dado.
Guardai Senhor, guardai este esqueleto
Todo cuidado! É uma folha ainda
Onde escrevo de leve este soneto.
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