Tão longe e dentro de mim
Estás tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto…
estás longe em distância…
esta distância que me consome…
esta distância que não me deixa sentir-te, tocar-te, acariciar-te…
esta distância que impede a transmissão de emoções…
esta distância que passa a ser negra, devido ao que não deixa realizar…
mas estás perto em sentimento…
o sentimento que está no meu coração e continua firme...
o sentimento que acredita que a distância não é um obstáculo, e por isso te mantém aqui bem perto de mim...
o que eu quero é que este sentimento seja sempre mais forte que a distância e que não se deixe vencer...
e se não existisse esta tal distância, com certeza existiriam outros obstáculos para o sentimento...
que tenham sempre muita força para manter vivo o sentimento...!
Companheiras/os
As ilusões certamente se colidem
e os erros idem:
convicto, num tempo ausente, estarei.
Quem sabe as ilusões existem
e o que houve é constante
sem, agora, querer terminar.
Eis que, aos enganos permanentes,
meu espírito à minha companhia
não se juntará em tempo algum.
Cova de barro
Ó banguela boca de feroz gula à carne dos mortos a nutrir-se de ti própria...
“do barro advém o homem e ao barro ele retornará!”
Dedução à igualdade
Aprendi de mim e do mundo o quê?
eu; para mundo sou poeta sujo...
e o mundo em mim; um poema imundo!
Náufragos a céu aberto
Dias e noites se foram esvaídos nessa lâmina d’água turva
será de claridade o existir à emersão de um novo amanhecer?
Ligamento
Nada à unidade emudecida...
atento e múltiplo é o grito de todos...
com o clamor multiplicado
à necessidade da fé.
Expulsão materna
Fui extraído do ventre sofrido
sob rubro sangue à vida...
pensei ser um arco íris
o meu nascer na essência
da luz ao meu tempo
com início, meio e fim literário.
pois ser poeta é transfigurar-se em negro grafite
e encher as páginas de letras
em poemas à minha existência!
Ruptura
Nascer, viver e morrer:
nicho e cadeia existencial do ser
tal qual passageiro da agônica temporal!
Herança
Materialmente, eu deixarei o nada
resultado de minha não ambição
pelo abastado triunfo das posses...
mas,
estarei, ainda, entre a todas e todos
pois,
presente é o ser sem estar e sido estado físico
em sendo o verbo-poema, ainda!
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