Fome
ausência de iguarias
nos recipientes à mesa
do oferecimento aos desvalidos…
presença do vazio
nas vísceras do estômago
embrulhado pelo papel da sociedade…
A fome é quando o nada dói. Um nada autorizado por autoridades e avalizado por uma sociedade apática, atípica, estrábica…
O eu lírico e espiritual do poeta prostra-se em oração, em “Perdão”. E a uma força superior, a “unicidade ubíqua em onipotência e onipresença” reza um novo pai-nosso: o homem reconhece-se pecador, teme as trevas e espera a salvação do que foi com a bênção do que será:
Perdão
natureza e obra eternas,
unicidade ubíqua em onipotência e onipresença,
— caí em tentações pecaminosas!
livrai-me de insidiosa luz do fogo.
mas não me deixeis nas trevas.
não sou digno de beber do vinho e comer do pão!
porém,
lavai-me as feridas com meu próprio sangue,
aliviai-me a dor para que sacie a minha própria fé,
e, então, salvai-me do que fui ao abençoardes o que serei.
rogai-me, amém.
E o que dizem as linhas do desalinho em “Valsa do descompasso”? É o bêbado e seu andar trôpego, tropicando pelas ruas, entreolhado furtivamente por quem não pode sequer atirar a pedra primeira?
Valsa do descompasso
quando meus passos estiverem bailando
de um lado para outro,
a personalidade dos indivíduos será abalada
ao prosseguir nas vias estáticas
do comportamento social.
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