Pedaços de um eu algum
Há no meu eu o pulsar de um desejo
e no qual há, ainda, o quê, agora, almejo;
que o fim do somatório da minha dor
não interrompa os gritos do clamor;
face a um pedaço ser bem emudecido em mim,
e o meu outro resto é ouvido, mas ruim...
A sinfonia que me invade desde o nada
é bem-vinda, ainda que quase desafinada;
e eu a quero para sempre almejada
ainda que pouco executada;
face a um pedaço inaudível ser ilusão,
e o meu outro resto não, mas real solidão...
E os versos que, agora, eu escrevo
que não sejam lidos e cantados com desvelo;
mas, como a unicidade do momento
de um poeta imerso em seu eterno tormento;
face a um pedaço ser calado em mim,
mas o meu outro resto é ensurdecedor e ruim!
Fome
ausência de iguarias
nos recipientes à mesa
do oferecimento aos desvalidos…
presença do vazio
nas vísceras do estômago
embrulhado pelo papel da sociedade…
A fome é quando o nada dói. Um nada autorizado por autoridades e avalizado por uma sociedade apática, atípica, estrábica…
O eu lírico e espiritual do poeta prostra-se em oração, em “Perdão”. E a uma...
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