Valsa do descompasso
Quando meus passos estiverem bailando
de um lado para outro,
a personalidade dos indivíduos será abalada
ao prosseguir nas vias estáticas
do comportamento social.
Oferta à vida
Haveria prata, ouro e diamantes,
se eu preferisse caminhar certo
pelos tortos e estabelecidos caminhos
pautados em tua ambiência.
mas,
vesti-me do nada
e rumei por veredas aziagas
do meu inferno existencial
a destruir ilações sobre nosso espaço.
Partes de mim
Divido em faces, traduzo o meu afã
governado pela virtude tabulada.
quisera, unanimemente, existir
para recompor o meu íntimo.
Ele e nós
Pai, Filho e Espírito Santo:
esta tríplice ubiquidade além comunhão, em vida.
Homem, povo e terra:
esse nicho disperso aquém ambiência, à unanimidade.
Ávido à solidão
Continuamente estranho encontro-me só.
desprovido de muitos naturalizo-me unânime.
obedecendo à vontade presente,
recordo-me sempre ausente de mim.
Beco urbano
Meus pés molharam-se nas lágrimas da sarjeta
- via aonde os homens passaram exibindo verdades.
meus olhos cegaram-se na rigidez da vergonha
- virtude onde os indivíduos negaram exaltando mentiras.
Refeição da carne
Não cabe ao homem o pão,
não cessa à vontade a sede,
embora,
o trigo e o vinho
dividam o espaço, também,
habitado por vermes.
O último adeus
Nas asas do tempo já cumprido
irei num voo rasante
até a parede da eternidade incerta
para descobrir o que nem fui.
Eu algum
Tudo o que sou está morto num desejo inanimado e sem vontade horizontal.
..., e
tudo o que serei estará contido em forma transparente ao lado avesso do invisível.
Último poema
Não há mais página em branco,
para o preto grafite
desenhar o esboço da alma.
a ponta do lápis quebrou
no livro fechado e envelhecido
à história sem ser escrita.
então, ao homem
a arte lhe fora negada
sem ter sido amiga de sua vida.
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