Enigma editorial
O verso apodrece
qual verme habitante
nas vísceras da fome
e o poeta se faz pecado.
é pois,
a angústia indigesta
sob a ânsia de vômito
em pedaços do verbo
derramado ao papel.
Opção
Fui, sou e serei
o filho não pródigo
sem casa para retornar
e
sob um sol de brasas,
outros passos levam minha alma
- queimada e acasalada –
nos dias sem querer descanso
e na escuridão da noite,
como eu,
abandonada pela lua e estrelas
de um céu alheio.
Coração metafórico
Não músculo,
mas ferida séptica e inflamada
pelos esgotos da decepção
e cheios de alma consequente
da podridão a exalar
o odor mentiroso do sentimento foragido
- emigrante sem retorno –
a espirar aroma fúnebre da cal
sepultada em pedra, agora, permanente.
Instantes...
Há pouco tempo o sol e a lua se encontraram por minutos e, lamentavelmente, não se completaram em si próprios... pois, a natureza é a diversificada mãe dos astros...!
Abandono e solidão ...!
... teu silêncio e tua ausência invadem à minha alma e ao meu sentimento e se irmanam à leitura das páginas do teu livro. Sim, agora, sei os teus...
Oferta à vida
Haveria prata, ouro e diamantes,
se eu preferisse caminhar certo
pelos tortos e estabelecidos caminhos
pautados em tua ambiência.
mas,
vesti-me do nada
e rumei por veredas aziagas
do meu inferno existencial
a destruir ilações sobre nosso espaço.
Sentenciado
Inculpado, mas transformado num ser;
enfermo, desiludido e tão só…
sem horizonte a seguir e com inércia se alimentando de...
Perdão
Natureza e obra eternas,
unicidade ubíqua em
onipotência e onipresença,
— caí em tentações pecaminosas!
livrai-me de insidiosa luz do fogo.
mas não me deixeis nas trevas.
não sou digno de beber do vinho e comer do pão!
porém,
lavai-me as feridas com meu próprio sangue,
aliviai-me a dor para que sacie a minha própria fé,
e, então, salvai-me do que fui ao...