Caxias-MA 12/05/2024 16:08

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Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Gonçalves Dias: Sempre Ela


Eu amo a doce virgem pensativa,

Em cujo rosto a palidez se pinta,

Como nos céus a matutina estrela!

A dor lhe há desbotado a cor das faces,

E o sorriso que lhe roça os lábios

Murcha ledo sorrir nos lábios doutrem.

 

Tem um timbre de voz que n´alma ecoa,

Tem expressões d´angélica doçura,

E a mente do que as ouve, se perfuma

De amor profundo e de piedade santa,

E exala eflúvios dum odor suave

De aloés, de mirra ou de mais grato incenso.

 

E nessas horas, quando a mente aflita,

De dor oculta remordida, anseia

Desabrochar-se em confidência amiga,

"Neste mundo o que sou? — triste clamava;

"Pérsica envolta em pó, entre ruínas,

"Erma e sozinha a resolver-me em pranto!

 

"Flor desbotada em hástea já roída,

"De cujo tronco as outras amarelas

"Já rojam sobre o pó, já murchas pendem!

"É sentir e sofrer a minha vida!"

Merencória dizia, erguendo os olhos

Aos céus dum claro azul, que lhes sorriam.

 

Nada o mudo alcion por sobre os mares,

E próximo a seu fim desata o canto;

A rosa do Sarão lá se despenha

Nas águas do Jordão: e como a rosa,

Como o cisne, do mar entre os perfumes,

Aos sons duma Harpa interna ela morria!

 

E como o partor que avista a linda rosa

Nas águas da corrente, e como o nauta

Que vê, que escuta o cisne ir-se embalado

Sobre as águas do mar, cantando a morte;

Eu também a segui — a rosa, o cisne,

Que lá se foi sumir por clima estranho.

 

E depois que os meus olhos a perderam,

Como se perde a estrela em céus infindos,

Errei por sobre as ondas do oceano,

Sentei-me à sombra das florestas virgens,

Procurando apagar a imagem dela,

Que tão inteira me ficara n´alma!

 

Embalde aos céus erguendo os olhos turvos

Meu astro procurei entre os mais astros,

Qu´outrora amiga sina me fadara!

Com brilho embaciado e lua incerta

Nos ares se perdeu antes do ocaso,

Deixando-me sem norte em mar d' angústias...!


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