Caxias-MA 02/05/2025 00:40

PUBLICIDADE

Responsive image

Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Gonçalves Dias: Deprecação


Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto

Com denso velâmen de penas gentis;

E jazem teus filhos clamando vingança

Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

 

Tupã, ó Deus grande! teu rosto descobre:

Bastante sofremos com tua vingança!

Já lágrimas tristes choraram teus filhos,

Teus filhos que choram tão grande mudança.

 

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe

Os homens que o raio manejam cruentos,

Que vivem sem pátria, que vagam sem tino

Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.

 

E a terra em que pisam, e os campos e os rios

Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus:

Por que lhes concedes tão alta pujança,

Se os raios de morte, que vibram, são teus?

 

Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto

Com denso velâmen de penas gentis;

E jazem teus filhos clamando vingança

Dos bens que lhes deste da perda infeliz.

 

Teus filhos valentes, temidos na guerra,

No albor da manhã quão fortes que os vi!

A morte pousava nas plumas da frecha,

No gume da maça, no arco tupi!

 

E hoje em que apenas a enchente do rio

Cem vezes hei visto crescer e baixar…

Já restam bem poucos dos teus, qu’inda possam

Dos seus, que já dormem, os ossos levar.

 

Teus filhos valentes causavam terror,

Teus filhos enchiam as bordas do mar,

As ondas coalhavam de estreitas igaras,

De frechas cobrindo os espaços do ar.

 

Já hoje não caçam nas matas frondosas

A corça ligeira, o trombudo coati…

A morte pousava nas plumas da frecha,

No gume da maça, no arco tupi!

 

O Piaga nos disse que breve seria,

A que nos infliges cruel punição;

E os teus inda vagam por serras, por vales,

Buscando um asilo por ínvio sertão!

 

Tupã, ó Deus grande! descobre o teu rosto:

Bastante sofremos com tua vingança!

Já lágrimas tristes choraram teus filhos,

Teus filhos que choram tão grande tardança.

 

Descobre o teu rosto, ressurjam os bravos,

Que eu vi combatendo no albor da manhã;

Conheçam-te os feros, confessem vencidos

Que és grande e te vingas, qu’és Deus, ó Tupã! 


Comentários


Colunas anteriores

Praça do Pantheon Literário Caxiense

A Praça Dias Carneiro, popularmente conhecida como Praça do Pantheon Literário Caxiense, foi construída no largo que ficava em frente a então Companhia de Fiação de Tecidos União Caxiense, e no qual funcionavam, ainda, a delegacia de policia civil, tribunal do júri e Câmara de Vereadores, na área central da cidade de Caxias; a Princesa do Sertão Maranhense. O espaço foi assim denominado em homenagem ao...
Continuar lendo
Data:29/04/2025 10:56

Eu em mim à essência da presença d'alma ao corpo

Quando nascivim fugido de outrose, então, aprisionei-me perpetuamente, em mim...jamais me cansareidesse meu lugar único e, encarecidamente,meu próprio ser espíritual busca-me, pois eu sou o seu lado de fora e ele, simultaneamente,o meu lado de dentro...um é o cárcere do outrosem fuga à liberdademas, é nossa vida a valerao estarmos sós em nós...e por todo o anoitecer bebo a saudade de alguém em doses...
Continuar lendo
Data:22/04/2025 08:46

Centro de Cultura Acadêmico José Sarney: um bem secular caxiense

No passado, a antiga Companhia da União Têxtil Caxiense e, no presente, o Centro de Cultura Acadêmico José Sarney.  São estas as fases cronológicas de um prédio localizado à aresta direita da Praça Dias Carneiro - Pantheon Caxiense -. Na realidade, uma construção fabril de origem inglesa com fachada em estilo neoclássico, planta quadrangular, com armação em estrutura metálica e estreita...
Continuar lendo
Data:16/04/2025 19:39

PUBLICIDADE

Responsive image
© Copyright 2007-2025 Noca -
O portal da credibilidade
Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google:
A Política de Privacidade e Termos de serviço são aplicados.
Criado por: Desenvolvido por:
Criado por: Desenvolvido por: