Caxias-MA 02/05/2025 13:51

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Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Gonçalves Dias: Olhos verdes


Eles verdes são:

E têm por usança

Na côr esperança,

E nas obras não.

CAMÕES, Rimas

 

São uns olhos verdes, verdes,

Uns olhos de verde-mar,

Quando o tempo vai bonança;

Uns olhos cor de esperança,

Uns olhos por que morri;

 Que ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

 Depois que os vi!

 

Como duas esmeraldas,

Iguais na forma e na cor,

Têm luz mais branda e mais forte,

Diz uma – vida, outra – morte;

Uma – loucura, outra – amor.

 Mas ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

 Depois que os vi!

 

São verdes da cor do prado,

Exprimem qualquer paixão,

Tão facilmente se inflamam,

Tão meigamente derramam

Fogo e luz no coração;

 Mas ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

 Depois que os vi!

 

São uns olhos verdes, verdes,

Que podem também brilhar;

Não são de um verde embaçado,

Mas verdes da cor do prado,

Mas verdes da cor do mar.

 Mas ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!

 

Como se lê num espelho,

Pude ler nos olhos seus!

Os olhos mostram a alma,

Que as ondas postas em calma

Também refletem os céus;

 Mas ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

 Depois que os vi!

 

Dizei vós, ó meus amigos,

Se vos perguntam por mi,

Que eu vivo só da lembrança

De uns olhos cor de esperança,

De uns olhos verdes que vi!

 Que ai de mi!

Nem já sei qual fiquei sendo

 Depois que os vi!

 

Dizei vós: “Triste do bardo!

Deixou-se de amor finar!

Viu uns olhos verdes, verdes,

Uns olhos da cor do mar:

Eram verdes sem esp’rança,

Davam amor sem amar!”

Dizei-o vós, meus amigos,

 Que ai de mi!

Não pertenço mais à vida

 Depois que os vi!


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