Insônia
Por toda noite
insiro-me no que restou do dia
para fugir acordado do pesadelo.
baldado,
amanheço a extrapolar meus extremos
a fim de estar sem limites
e prosseguir na existência
de mais uma aurora.
É hora da morte
À mão aberta
está o m do teu nome.
ele, em queda, esvai-se por entre os dedos
e derrama a final agonia pálida.
vem, covarde espelho do mistério
leva-me para o nada
de onde eu não deveria ter vindo.
O após
Amanhã, quando as demoradas horas
concluírem mais um dia,
a noite, urgentemente, irá propor
um sol errante que se apagará
antes da manhã rompida
e as nuvens escuras e intrometidas
virão separar um céu derramado em trevas
por sobre eu embrulhado num manto cinza
e sob a tempestade de um hoje
sem querer, novamente, acontecer.
Enterro inundado
Quando a infalível morte vier
e secar o líquido que correu
nos canais da minha natureza física,
quero, em último desejo, que meu féretro
aconteça em plácido percurso
sob um assassino vendaval e uma feroz trovoada:
- será o bravo tempo baldando-se
em um choro pavoroso
e sobre uma enxurrada correndo
nas sarjetas do percurso à cova:
- será o tempo em solução às lágrimas
derramadas pela vida que me fora apagada.
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