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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Bastidores sob tensão


Não sei se os expectadores que costumam frequentar o plenário da Câmara Municipal, nas sessões de segunda e quarta-feira, perceberam que o clima entre os parlamentares está meio ácido, mesmo após a estrondosa vitória da base governista na eleição passada, que elegeu governador, senador, deputada federal e deputada estadual. O natural, depois de uma performance dessas, era se ver tapinha nas costas e discursos elogiosos entre a vereança, todo mundo atento às eventuais benesses que devem chegar a Caxias, mais amiúde, com toda certeza, no próximo ano. Mas, não, não é esse espírito que domina as relações nos bastidores políticos da CMC.

Embora seja propalado aos quatro ventos que não é hora de se falar em eleição, porque a moçada ainda está descansando da última refrega eleitoral no município, o que se percebe subliminarmente é que a edilidade já está de olho no pleito de 2024, e dando início à costura de acordos que visam à reeleição dos mandatos da maioria e mais focados ainda na próxima sucessão municipal, uma vez que o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) não poderá mais renovar o seu mandato para sentar na poltrona do paço municipal da Panteon.

Pelas manifestações que estão começando tímidas, pelo menos dois nomes da atual bancada de vereadores já disseram que estarão no páreo: o presidente da Casa, vereador Teódulo Aragão (PP), e o vereador Ricardo Rodrigues (PT), este último bastante entusiasmado pelo fato de ter marchado na linha de frente da campanha do PT caxiense que concorreu para eleger Luís Inácio Lula da Silva ao seu terceiro mandato de presidente da República.

Teódulo certamente espera que o primo abençoe a sua candidatura, por ser seu aliado incondicional e por reconhecer que o alcaide foi decisivo em ajudá-lo  a estrar à frente do legislativo municipal, onde dirige uma legislatura que valoriza a interatividade entre os pares e mais ainda com o público, abrindo as portas do poder a todo tipo de manifestação que entende como benéfica para a cidade. Já Ricardo Rodrigues, correndo por fora, também espera uma ajuda do prefeito, com quem esteve na batalha de votos para Amanda Gentil e Daniella, mas acredita-se que tem mais esperança em carregar nas mãos o estandarte do seu partido, uma vez que os dois turnos da eleição presidencial no município foram vencidos com mais de 70% dos votos válidos.

Contudo, que ninguém fique enganado se surgirem na seara política caxiense outros nomes de peso à próxima sucessão. Comedido e pesando bem as palavras, o vereador Catulé (Republicanos), sentindo como andam os humores nos bastidores que não são conhecidos pelo público, destacou na última sessão da semana que os eventuais postulantes e outros interessados devem ficar antenados para os movimentos que a política maranhense irá protagonizar a partir do mês de fevereiro do próximo ano.

Para bom entendedor, o que o parlamentar decano da CMC quis dizer, com a sua experiência de mais de três décadas de mandatos no legislativo municipal, foi que fevereiro será o mês da definição de quadros do novo governo do governador Carlos Brandão (PSB), quando, evidentemente, muita gente eleita para a assembleia estadual poderá integrar cargos do primeiro escalão da administração, cedendo vagas para os suplentes na Casa de Manoel Beckman. E nessa reorganização, com certeza, haverá lugar para Catulé Júnior (PSB), que é o primeiro suplente da sua agremiação partidária e certamente estaria habilitado também a entrar com força na sucessão de Caxias.

No mais, se sentindo desprestigiados, alguns quadros da base governista deram lugar a reclamações contra a gestão municipal, talvez sentindo que FG esteja abalado por seu nome aparecer nos canais da Operação Arconte da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União. O prefeito, no entanto, não se mostra incomodado, acredita que o envolvimento da prefeitura no caso será esclarecido numa análise mais acurada dos meandros em que aconteceram certas licitações na época em que a pandemia esteve mais grave no município, e voltou a tocar obras na cidade.

Por outro lado, a pressão que alguns estão exercendo para haver mudança no secretariado do prefeito, a partir de Ana Lúcia Ximenes, na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, também é um reflexo dessa operação para emparedar o chefe do executivo. Ora, Ana do X, dentre as assessoras, foi quem mais vestiu a camisa em apoio à liderança do chefe nas últimas eleições e, por conta disso, desperta um pouco de inveja pelo trabalho que faz na pasta em que atua, até porque é bastante conhecido o seu jeito de agregar correligionários e eleitores.

Estaria ela nos planos futuros de Fábio Gentil?!! É uma pergunta pertinente, porque fora disso não há razão para defenestrá-la da gestão. Afinal de contas, o que se sabe é que não há secretário algum discriminando vereadores ou lideranças políticas. Eles simplesmente cumprem ordens, até mesmo porque não têm em mãos a chave do cofre para atender as reivindicações da comunidade.

Na última sessão legislativa, porém, uma luz emergiu do nevoeiro que se espalha sobre o assunto, e brotou das palavras do líder do governo na CMC, vereador Charles James (Solidariedade), recomendando os pares a estreitarem mais o diálogo com o prefeito Fábio Gentil, pois só assim terão as suas demandas resolvidas.


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