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Uma fotografia e muitas histórias


Tirar uma foto hoje é tão banal que as pessoas registram até o alimento que está prestes a ingerir para logo em seguida, jogar nas redes sociais. Momentos de diversão, no trabalho, viagens ou objetos pessoais expostos para que todos vejam sua vida na internet. Parece que as fotos hoje em dia são para os outros verem e não para guardarmos como um momento especial. No meu tempo de garoto, só adultos tinham maquina fotográfica, pois era caro ter de revelar um filme para poder conferir o resultado. Cada filme tinha capacidade de tirar 20 ou 30 fotos, mas muitas ‘queimavam’, ou seja, a foto dava algum erro, como desfocar ou simplesmente sair tudo branco ou preto. Esperávamos ansiosos para ver o resultado da revelação fotográfica e riamos com cada imagem, relembrando bons momentos vividos. Guardávamos os negativos para caso perdesse alguma foto, fosse possível fazer uma cópia.

Tempos atrás enquanto estava na Academia de Letras, o Manoel, funcionário da casa e que também é amante da história, chegou com um punhado de fotografias velhas e negativos, pois ele sabia que eu adoro fotos antigas de Caxias. Me relatou que certa vez andando pelas ruas, passou de frente a ‘Delfinlândia’, residência abandonada de José Delfino. Ele se deparou com uma serie de papeis e objetos jogados quase que no meio da rua, inclusive um grande e pesado cofre, tudo pertencente à família daquele importante comerciante. A casa foi abandonada e depois serviu para uma família que invadiu o imóvel e depois, removidos pela assistência social, foi ocupada por usuários de drogas. Foi assim que esse material foi parar na sarjeta e entre os entulhos, fotografias.

Muitas delas eram registros pessoais de José Delfino, esposa, filhos e netos. Esse coronel nascido em Pedreiras e residindo em Caxias desde jovem, montou um império comercial que só foi superado anos depois pelo seu irmão, Alderico Silva. Naquela época por volta de 1930 a 50, uma máquina fotográfica era um objeto de luxo, tão caro que um rádio (lembrando que na época ainda não existia TV disponíveis). E em seu belo palacete existiam várias fotos. Uma dela me chamou atenção, porem estava em negativo. Mas dava para ver momentos felizes de uma época quase de inocência em Caxias, onde crianças brincavam alegremente de bicicleta no meio da rua.

Negativo resgatado

Tirei uma foto do negativo e por meio de programas específicos, consegui chegar a imagem original, como se fosse a fotografia revelada. A rua é a Aarão Reis e o imóvel ao lado é a residência do então Governador do Maranhão, Eugenio Barros. Assim, essa foto é um importante registro também histórico pois traz a imagem original de como era a fachada da casa desse importante político maranhense, hoje já bem diferente.

Imagem restaurada por computação gráfica

Como a cidade era bela! Dá para ver a alegria contagiante das jovens, possivelmente as netas de José Delfino, passeando pelas ruas quando isso ainda era possível. Não sei se essa foto chegou a ser revelada pela família. Mas se um dia foi, imagino o carinho com que eles guardaram esse momento. E pensar que décadas depois tudo estava no lixo, abandonado. Mas graças ao Manoel, agora conseguimos guardar essa foto para os arquivos históricos de Caxias.


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