Poema é um texto literário escrito em versos, que são distribuídos em estrofes. Esses versos podem ser regulares, brancos ou livres. Se for composto por versos regulares, esse texto poderá apresentar diversos tipos de rimas. Também pode ser narrativo, dramático ou lírico.
Com uma vida constante e consistentemente ligada à Cultura, à Comunicação, à Literatura — e, nesta, à Poesia –, Wybson Carvalho é referência quando a dúvida ou o assunto é Poesia e História caxienses. Foi presidente da Academia Caxiense de Letras, onde rotineiramente dá palestras para estudantes e outros públicos. Integrou os conselhos municipal e estadual da Cultura e nesse mister tornou-se dedicado participante de eventos da área em diversos pontos do País, tendo formado e firmado relacionamento com um rol de ricos nomes regionais, estaduais e nacionais da Cultura, das Letras, da Música e outros segmentos artísticos.
Mais velho dos quatro filhos (duas mulheres, dois homens) de Dona Teresinha e Seu Francisco, Wybson estreou há trinta e quatro anos em livro, Neófitos da Terra (1987), que reuniu diversos nomes da jeunesse dorée caxiense, inclusive o outro irmão, Naldson Luiz Pereira Carvalho, advogado, também poeta e acadêmico.
O “neófito” Wybson daquele primeiro livro sete anos depois deu corpo à sua primeira obra solo, Eu Algum, de 1994. Assim, livro a livro, foi enfeixando seus poemas e se foi tornando o “veterano” autor, que agora, num esforço de Hércules, chega, literária e literalmente, à sua dúzia de trabalhos — não contadas as antologias, inclusive nacionais, de que participou, além de presença em espaços da Internet (sites, blogs, páginas…). Para chegar aos seus doze trabalhos, Wybson, também herculeamente, teve de matar leões em Nemeia, limpar estrebarias do argonauta Áugias, rei de Élida, e pegar — pelos chifres ou pelas presas – touros em Creta e javalis no Erimanto… (15)
O eu lírico / autorreferencialidade – A poesia de Wybson Carvalho, mais que um ato de criação, parece um exercício de duplicação ou extensão do poeta, que, como ser matriz, tem na Poesia uma filial de si mesmo. Com “Pedaços de um eu algum”, ele abre o livro, se anuncia… e adverte:
Pedaços de um eu algum
há no meu eu o pulsar de um desejo e no qual há, ainda, o que, agora, almejo: que o fim do somatório da minha dor não interrompa os gritos do clamor, face a um pedaço ser bem emudecido em mim, e o meu outro resto é ouvido, mas ruim…
a sinfonia que me invade desde o nada é bem-vinda, ainda que quase desafinada; e eu a quero para sempre almejada, ainda que pouco executada;
face a um pedaço inaudível ser ilusão e o meu outro resto, não, mas real solidão…
e os versos que, agora, eu escrevo que não sejam lidos e cantados com desvelo; mas como a unicidade do momento de um poeta imerso em seu eterno tormento, face a um pedaço ser calado em mim, mas o meu outro resto é ensurdecedor e ruim!
Canção ao exílio
Em minha terra havia palmeiras e o canto dos sabiás.
nela, exalava o perfume dos jardins urbanos.
dela, ouvia-se a linguagem singela do cotidiano.
com a minha cidade crescia a romântica dos poetas…
A inimizade humana passava por sobre ela
em eólica turbulência rumo às outras plagas,
para derramar-se noutros cenários de ganância existencial.
À minha terra, na infância, ouviam-se sinfonias sabianas
nas manhãs iniciais de um futuro já desenhado ao abandono.
e, agora, quais árvores darão abrigo a outros pássaros canoros
para entoarem um canto de saudade?
Cachos de flores
(ode a Caxias)
Quem amou, verdadeiramente, te chamou de princesa
e quando quiseram arrancar de ti o sumo nobre...
não aceitou beber o cálice com teu sangue
Quem ama, fielmente, te chama de lírica poesia
e quando querem declamar de ti o poema nativo...
atenta para ouvir os versos brancos do teu véu
Quem nunca amará, em verdade,
te trairá sob cunho promíscuo...
e quando quiserem usufruir de ti
a beleza em ônus mercenário...
ofertará a plebe de teu reino
e te deixará órfã de viva natureza…
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