O sabadão prometia, já que teríamos um dia de sol e 17° graus à tarde. Pela manhã a temperatura oscilaria entre 10° e 12° graus, era o que já estava fazendo no momento em que eu levantei, vi isso no meu Handy (celular em alemão) às 9h30. Embora com sono, eu tinha ido dormir às 2h da madrugada depois de ver o belíssimo filme Estrada Sem Lei (Netflix) com Kevin Costner e Woody Harrelson, levantei para ir ao banheiro e saí dali às pressas para dar uma volta, curtir o sol e o dia de folga.
Meti a cara na rua onde eu moro ouvindo Coldplay acústico no headphone e segui em direção ao centro da cidade, que fica distante apenas 15 minutos a pé, para ver o começo do movimento das ruas comerciais. Cruzei por lojas já abertas e turistas posando pra fotos no Lago Alster e no Europa Passage, um centro comercial no pulmão da cidade de Hamburgo, e foi ali perto, em frente da Prefeitura, que me deixei ficar por meia hora curtindo o sol.
Quando cheguei em casa a minha mulher me chamou pra acompanhá-la na feira, coisa que evito, que reluto em fazer, pois não tenho paciência para ficar em filas, mas acabei cedendo, pois eu queria que ela comprasse maçã, e não qualquer maçã, eu queria que ela comprasse a do tipo golden, Golden Apfel (não confundir com Golden Shower, isto é com o Bolsonaro!). Na feira, que acontece apenas às quartas e sábados, compramos 3 quilos de maçãs, que eu trouxe numa sacola pendurada no meu braço direito. No braço esquerdo a minha mulher pendurou uma outra sacola com carne, verduras, legumes e queijos. Para me transformar numa "árvore de natal“ passamos no supermercado e
dali eu saí fazendo malabarismo com mais uma sacola cheia de mantimentos para, segundo ela, passarmos o fim de semana.
Às 2h da tarde saímos, eu e minha esposa, quando o sol estava dourado e nos convidava para irmos a qualquer lugar, seja a um parque, seja para uma caminhada, seja a um café, ou quaquer lugar onde o Rei Sol estivesse. Mas não, fomos para um centro de treinamento de atletas olímpicos, mais exatamente onde treinam os jogadores de vôlei de praia.
Pois foi dali que saíram Kira Walkenhorst e Laura Ludwig, medalha de ouro nas olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. Na final elas venceram as brasileiras Ágatha e Bárbara Seixas, deixando-nos com lágrimas nos olhos de tristeza e com o fantasma dos 7x1 a nos perseguir.
"Desculpe, mas eu realmente me senti um pouco no 7 a 1. Mas acho que o jogo de futebol foi pior. O 7 a 1 foi muito pior", disse Laura Ludwig alguns dias antes ao derrotar as também brasileiras Larissa Maestrine e Talita Rocha na semi-final. Laura, que diz amar o Brasil, fala português fluente, pois aprendeu quando namorava o jogador de vôlei de praia brasileiro Pedro Solberg.
Embora estar ali não me trouxesse boas lembranças eu me senti tranquilo apesar dos olhares que me dirigiam as pessoas por eu estar usando um boné estampado com o nome Brasil. Cheguei a notar alguns com um sorriso no cantinho da boca. Mas eu não estava ali pra condená-los por suas garotas terem sido melhor que nossas garotas na praia, eu estava ali pra ver onde eles as preparavam, o que eles tinham como estrutura para oferecer aos atletas de vôlei de praia. Confesso que gostei muito! E ali vi que o governo alemão e o governo da cidade/estado Hamburgo também apostam nos seu atletas, eles os preparam para ganhar medalhas de ouro.
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